ELETRORREDUÇÃO, EM MEIO APRÓTICO, DE NAFTOQUINONAS 2-METIL- E 2,3-DIMETIL-SUBSTITUÍDAS. INFLUÊNCIA DO GRUPO SUBSTITUINTE. CORRELAÇÃO COM ATIVIDADES ANTI-CANCERÍGENAS.


Fabiane C. de Abreu (PG)1,2, Adriana Carla de O. Lopes (IC)1, Nivaldo A. Soares (PQ)1, Antônio V. Pinto (PQ)3, Marília O. F. Goulart (PQ)1


1Departamento de Química, CCEN, UFAL, Maceió-AL, 57072-970, 2Departamento de Química Fundamental, UFPE, Recife, Pernambuco,

3Núcleo de Pesquisas de Produtos Naturais, UFRJ, Rio de Janeiro-RJ

e-mail: mofg@Qui.ufal.br; fca@Qui.ufal.br

palavras-chave: quinonas, câncer, comportamento eletroquímico

INTRODUÇÃO

O conceito de biorredução originando agentes alquilantes de biomoléculas, principalmente macromoléculas, é freqüentemente utilizado em química medicinal. Em relação ao ADN, agentes alquilantes bifuncionais podem originar ligações cruzadas intra- e inter-fitas e inter-hélices. Propriedades estruturais bem definidas e potenciais redox em faixa adequada são necessários, visando a obtenção de intermediários eletrofílicos reativos.

No presente trabalho, quinze derivados da 2,3-dimetil-1,4-naftoquinona, substituídos em uma ou ambas as cadeias laterais, com grupos de diferente nucleofilia foram preparados e submetidos a estudos eletroquímicos (voltametria cíclica e eletrólise), de modo a investigar uma possível correlação entre os parâmetros eletroquímicos (potencial de redução da primeira onda catódica) obtidos em meio aprótico e suas atividades anti-cancerígenas registradas na literatura. Além disso, esses compostos são muito interessantes do ponto de vista eletroquímico, por apresentarem dois sítios eletroativos separados por um grupo metilênico (R1CH2R2). Em condições redutivas, há possibilidade de formação de quinonametídeo, após eliminação do grupo abandonador adequadamente localizado. Conseqüentemente, a natureza do grupo abandonador é de alta relevância. Trabalhos anteriores1 indicaram a complexidade do comportamento eletroquímico e permitiram evidenciar a ocorrência da clivagem da ligação C-X. Discute-se, portanto, a influência da natureza do grupo substituinte no processo de eletrorredução. O meio aprótico foi escolhido (DMF/TBAP 0,1 M), por mimetizar ambientes celulares hidrofóbicos.

1: R1 = Me; R2 = H; 2: R1 = R2 = CH2Br;

3: R1 = Me; R2 = CH2Br; 4: R1 = Me; R2 = CH2Cl;

5: R1 = R2 = CH2Cl; 6: R1 = Me; R2 = CH2I;

7: R1 = Me; R2 = CH2OAc; 8: R1 = R2 = CH2OAc;

9: R1 = Me; R2 = CH2OTs; 10: R1 = R2 = CH2OTs;

11: R1 = Me; R2 = CH2OH; 12: R1 = R2 = CH2OH;

13: R1 = Me; R2 = CH2ONO2;

14: R1 = Me; R2 = CH2OCOH; 15: R1 = R2 = Me

EXPERIMENTAL

A síntese de alguns dos derivados quinônicos é descrita pela primeira vez e os dados espectrais são totalmente compatíveis com as estruturas propostas (6, 13, 14). Estudos voltamétricos foram realizados em meio aprótico (DMF/TBAP 0,1 M), utilizando como eletrodo de trabalho gota pendente de Hg (HMDE) ou Carbono Vítreo (Cv), eletrodo auxiliar um fio de platina e referência, Ag/AgCl,Cl- (0,1 M). Eletrólises em potencial controlado foram realizadas em poço de Hg, espiral de platina e mesmo eletrodo de referência da Voltametria Cíclica (VC). Os experimentos foram realizados em um potenciostato/galvanostato da marca PAR 270.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A facilidade de redução, em Hg, expressa através da comparação dos dados de Epc1 é a seguinte: 10 (-0,252 V) > 2 (-0,286 V) > 3 (-0,305 V) > 5 (-0,310 V) > 9 (-0,345 V) > 6 (-0,355 V) > 4 (-0,404 V) > 13 (-0,428 V) > 8 (-0,579 V) > 14 (-0,670 V) > 7 (-0,678 V) > 12 (-0,695 V) > 11 (-0,764 V) > 1 (-0,775 V) > 15 (-0,840 V).

De modo geral, os compostos bis-substituídos são reduzidos mais facilmente do que os correspondentes monossubstituídos, no entanto, sua instabilidade, nas condições experimentais atuais impede o estudo eletroquímico mais aprofundado. Do ponto de vista eletroquímico, a facilidade de clivagem da C-X, pode ser estabelecida da seguinte maneira: Br>OTs>I>Cl>ONO2>OCHO>OAc>OH.

A comparação do comportamento eletroquímico das quinonas monossubstituídas estudadas em função do grupo substituinte, permitiu classificá-las em três grupos diferentes:

Apesar do número limitado de ensaios anti-cancerígenos encontrados2,3 e da impossibilidade de realizá-los localmente, é possível tecer considerações importantes e diferentes daquelas obtidas em meio aquoso2. Observa-se que uma maior atividade está ligada a quinonas com potenciais de oxirredução mais positivos (> - 0.5 V). Os compostos completamente inativos apresentam potenciais bem mais negativos e comportamentos em VC menos complexos. Não há clivagem do ligação C-X. O meio aprótico permite discriminar os grupos substituintes em abandonadores fortes e fracos.

REFERÊNCIAS

1Abreu, F. C. et. al. Livro de Resumos da 22a. Reunião Anual da SBQ, EQ-045, Poços de Caldas.

2Lin, A. J., Sartorelli, A. C. Biochem. Pharmacol. 25, 206-207, 1976.

3Lin, T, Antonini, I, Cosby, L. A, Sartorelli, A., C., J. Med. Chem. 27, 813, 1984

FAPEAL, CNPq, CAPES, PADCT