ESTUDO ELETROQUÍMICO DE METILAMINO-HIDROXINAFTOQUINONAS, EM MEIO APRÓTICO


Patrícia Aline L. Ferraz1 (PG), Antônio Ventura Pinto (PQ)2,

Josealdo Tonholo (PQ)1, Marília O. F. Goulart1 (PQ)


1Departamento de Química/CCEN, UFAL, Maceió, Alagoas, 57072-970

2Núcleo de Pesquisa em Produtos Naturais, UFRJ, RJ


palavras-chave: lapachol, isolapachol, aminoderivados.

INTRODUÇÃO

Estudos correlacionando estrutura e atividade do lapachol e alguns de seus derivados contra o carcinosarcoma W256 sugeriram que quinonas são capazes de participar em reações redox como agentes redutores ao invés de oxidantes1.

Antioxidantes naturais e sintéticos são amplamente usados para inibir as mudanças causadas em materiais poliméricos e em compostos biologicamente ativos, naturais e sintéticos, e para regular funções bioquímicas vitais. Estudos mostraram que derivados de 1,4-naftoquinonas contendo nitrogênio exibiram atividade anti-oxidante pronunciada. Nessas estruturas, a parte aceptora de elétron, o sistema quinona, coexiste com uma parte eletrodoadora, o resíduo amina aromático, em uma mesma molécula, as duas partes sendo separadas por meio de uma ponte metilênica (-CH2-), que previne interações conjugativas entre as mesmas. Tais complexos são muito adequados para investigações eletroquímicas2.

Inúmeras 2-hidroxiquinonas demonstraram atividades biológicas relevantes. Em termos eletroquímicos, a possibilidade de estabilização do ânion-radical eletrogerado, através de ligação de hidrogênio intramolecular, leva à facilitação da redução, fato esse, que, em alguns casos, pode ser fundamental para a atividade biológica. Na perspectiva de obtenção de derivados solúveis de hidroxiquinonas, para testes biológicos e na perspectiva de sua utilização como anti-oxidantes, diferentes 3-metilenoamino-1,4-naftoquinonas foram sintetizadas.

O presente trabalho visa realizar o estudo completo de oxirredução das metilenoaminoquinonas substituídas (3 e 4), em comparação ao lapachol (1) e isolapachol (2) e verificar a influência de grupos nitrogenados básicos na redução da quinona e vice-versa.

EXPERIMENTAL

As VC foram conduzidas em DMF/TBAP 0,1 M em equipamento PAR273-A em eletrodo de carbono vítreo, vs. Ag/AgCl,Cl-(0,1 M), tendo platina como contra eletrodo. Utilizou-se concentração de 2 mM.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na região catódica, o voltamograma mostra, para todas as quinonas, uma seqüência de onda, ombro, onda, identificadas como I, II e III, com as correspondentes ondas anódicas Ia, Iia, IIIa, IVa e Va. As diferenças de deslocamento observadas para a onda I mostram a influência da cadeia lateral no processo de redução (Tabela 1). A presença do grupo amina alifático causa deslocamentos para potenciais negativos, mais forte no caso da cicloexilamina, o que indica uma forte interação entre os grupos, apesar da presença da ponte metilênica separadora. As ondas IVa, presentes nas aminas, são relativas à oxidação do grupo amina e permitem indicar que o grupo cicloexilamina tem maior densidade eletrônica do que o diisopropilamina. As ondas Va são relativas à oxidação da hidroxila enólica, e as ondas adicionais (A e B) presentes no composto 2 podem estar relacionadas à presença de formas desprotonadas (oxidação mais fácil do enolato), uma vez que o isolapachol é mais ácido que o lapachol.

§

§

§

§

Figura 1: Voltamogramas cíclicos das hidroxiquinonas substituídas.

Tabela 1: Parâmetros eletroquímicos relevantes para os compostos estudados

SUBST.

EpcI

EpcIII

EpcIa

(EpI

EpcIIIa

EpcIva

EpcVa

1

-0,666

-1,470

-0,150

0,516

-1,350

-

1,260

2

-0,642

-1,434

-0,102

0,518

-1,308

-

*

3

-0,870

-1,450

-0,474

0,396

-1,332

0,942

1,266

4

-0,810

-1,368

-0,480

0,330

-1,242

1,056

1,296

De modo geral, podemos concluir que a ponte metilênica não impede a ação do grupo amina sobre a redução da quinona. Em termos de poder anti-oxidante, o isolapachol, devido à acidez do próton enólico, apresenta-se como o mais ativo.

REFERÊNCIAS

1 Subramanian,S.; Ferreira, M. M. C.; Trsic, M., Structural Chemistry, 1998, 9 (1), 47-57; 2 Turovska, B.; Stradiš, J.; Freimanis, Strazdiš, I.; Logins, J.; Dreris, J., J. Electroanalytical Chemistry, 1996, 414, 221-227.

FAPEAL, CAPES, CNPq, OMS