DETERMINAÇÃO ESPECTROFLUORIMÉTRICA DE

FORMALDEÍDO EM AMOSTRAS GASOSAS


Heloísa Lúcia C. Pinheiro (PG)*, Marta Valéria de Andrade (PQ)**

Jailson B. de Andrade (PQ)


Instituto de Química –UFBA, Campus de Ondina, 40.170.290, Salvador –BA

* Centro Federal de Educação Tecnológico da Bahia -CEFET-BA

** Universidade do Estado da Bahia –UNEB Depto Ciências da Terra.


Palavras-chave: formaldeído, 2,4-DNPHi e fluoral P


Formaldeído é o aldeído mais importante produzido comercialmente -bilhões de toneladas por ano de formalina são preparadas pela oxidação catalítica do metanol – e amplamente utilizado na industria química. Formaldeído é também emitido diretamente para a atmosfera por industrias, incineradores e automóveis ou é produzido através de reações fotoquímicas. Recentemente, a determinação dos níveis de concentração deste composto na atmosfera, tem recebido uma grande atenção devido, principalmente, às suas propriedades tóxicas e participação na formação do "smog" fotoquímico. Geralmente, os aldeídos em fase gasosa são coletados através do uso de borbulhadores contendo uma solução ácida de 2,4-dinitrofenilidrazina (2,4-DNFHi) ou de tubos de difusão "denuders" ou microcolunas, contendo sílica ou C18, impregnados com 2,4-DNFHi. A quantificação é feita através de cromatografia gasosa ou cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE)(1).

Recentemente foi desenvolvido um método espectrofluorimétrico para quantificação de formaldeído, em amostras líquidas, seletivo e de fácil operação. Esta metodologia baseia-se na reação do reagente fluoral P e HCHO com a formação de 3,5-diacetil-1,4dihidrolutidina (DDL) que excitado em 410 nm fluoresce em 510 nm. Este reagente dá resultado negativo com os aldeídos alifáticos exceto o formaldeído e o acetaldeído, sendo que este último não interfere nas análises mesmo com a concentração 1000 vezes maior que a do HCHO(2).

No presente trabalho foi desenvolvido um novo protocolo analítico para a aplicação do método espectrofluorimétrico na quantificação de formaldeído em fase gasosa. O novo método foi validado pela comparação com o método padrão que envolve a derivatização com 2,4 DNPHi e quantificação por CLAE(3).

Inicialmente, foi produzido vapor de formaldeído em uma câmara de teflon de 3,0 m3, que foi utilizada na validação do método. O formaldeído contido na câmara foi quantificado de duas maneiras diferentes: i) método de referência – amostragem em cartuchos SEP-PAK C18 impregnados com 2,4 DNPHi, à vazão de 1,0 L.min-1, seguido de quantificação através de CLAE(3); e ii) metodologia proposta – amostragem em borbulhadores de vidro contendo 40 mL da solução reagente fluoral P, à vazão de 1,0 L.min-1, seguido de quantificação espectrofluorimétrica do 3,5-diacetil-1,4dihidrolutidina em lex/lem 410nm/510nm.

Na tabela abaixo encontram-se os resultados médios de nove amostras coletadas seqüencialmente na câmara de teflon, utilizando as duas metodologias analíticas. Para os diferentes grupos de amostras foi aplicado o teste F, sendo constatado que não existe diferença significativa entre a precisão dos dois métodos para 95% de confiança. A aplicação do teste t revelou que não há diferença significativa entre as médias dos métodos, no nível específico de probabilidade utilizado.


Métodos

CLAE

Fluorescência

média

0,8039 (mg)

0,8321 (mg)

Desvio Padrão

0,0272

0,0273

Coeficiente de variação

3,383

3,276

Intervalo Confiança (m)

0,8039 ± 0,0209

0,8321 ± 0,0210

Limite de detecção

0,08 mg/L

0,002 mg/L

Variança

0,0007

0,0007

Teste t

1,599

t (crítico) (4)

2,306

Teste F

1,005

F(crítico) (4)

4,433


A análise de regressão linear de dados de massa de HCHO (mg) pelo método de CLAE (eixo X) e o método do Fluoral P (eixo Y) é representado pelo ajuste Y =1,015X + 0,014 com coeficiente de regressão linear (r) 0,9816 (n=9) e erro da inclinação 1,5%, indicando a possibilidade da existência de um erro sistemático na pendente de uma das curva analítica individuais. A intercessão diferente de zero é devido a impurezas dos reagentes de derivatização. Entretanto, estas discordâncias são negligenciáveis visto que o r encontrado (r = 0,9816) possui um valor muito maior que o valor aceitável (rcrítico = 0,786) para correlação dos métodos e que o t calculado para verificar a significância do coeficiente de correlação é 14,6 (tcrítico =2,36), confirmando a existência de correlação significativa entre os métodos.

O novo método desenvolvido, revelou boa precisão e exatidão, tem sido aplicado em na determinação da concentração de HCHO em locais fechados (estação de ônibus) e em locais abertos na cidade de Salvador, Bahia, onde foram determinadas concentrações de formaldeído na faixa de 9 ppbV a 77 ppbV. Dentre as vantagens desta nova metodologia, destaca-se a seletividade da reação para formaldeído, o limite de detecção adequado para o uso em ambientes internos e externos e o fácil manuseio.

1- de Andrade, J. B., Pinheiro, H. L. C.; de Andrade, M. V.; Intern. J. Environ. Anal. Chem., 1993, 52, 49-56

2- de Andrade, J. B., Bispo, M. S; Rebouças, M. V.; Carvalho, M. L. S. M. Pinheiro, H. L. C.; American Laboratory, 1996, 56-58.

3- de Andrade, J. B.; Miguel, A.H., Quimica Nova, 1985, 8,356-357.

CADCT-BA, CNPq, CAPES, FINEP