INVESTIGAÇÃO ELETROQUÍMICA DA INTERAÇÃO ENTRE DÍMEROS DE RÓDIO E DNA
1Gil, E.S. (PG); 2Najjar, R. (PQ); 2Serrano, S.H.P.(PQ); 2Negrón, A.C.V.(PG); 1Carvalho, R.M.(PG); 3Ferreira, E.I.(PQ) and 1Kubota, L.T.(PQ).
1 - Instituto de Química - Unicamp, Campinas -SP.
2 - Instituto de Química - USP, São Paulo - SP.
3 Faculdade de Ciências Farmacêuticas - USP, São Paulo - SP.
Palavras chaves : DNA, eletrodo de fibra de carbono, complexos diméricos de ródio
Complexos diméricos de ródio (II) (Fig. 1) apresentam, entre outras características interessantes, reatividade, propriedades catalíticas1 e atividade anticâncer1,2. A atividade carcinostática destes dímeros foi anteriormente relacionada à lipofilicidade de seus ligantes1-3. Entretanto, esta correlação não é precisa, uma vez que diz respeito apenas ao transporte através da membrana lipofílica. Os dois principais mecanismos de ação que vêm sendo propostos como responsáveis por esta atividade são: a reação com resíduos de enzimas contendo grupos sulfidrila (-SH) e/ou coordenação com grupos amina presentes em bases de DNA. No interior da célula, não são apenas os paramêtros hidrofóbicos que regem a eficiência destas interações DNA-complexo. Outros parâmetros comuns em estudos de Relação Estrutura-Atividade (REA), tais como, os eletrônicos e estéricos, também serão importantes1-3. Recentemente, os métodos eletroquímicos têm despontado como excelente alternativa na investigação de mecanismos de ação de fármacos, especialmente aqueles cujo alvo é o DNA4. No trabalho em questão foram sintetizados e caracterizados oito dímeros de ródio, entre estes os carboxilatos e os amidatos. O objetivo deste trabalho foi avaliar a interação entre estes complexos e o DNA (calf thimus) termicamente desnaturado, utilizando-se técnicas eletroquímicas, como voltametria de pulso diferencial.
Os complexos de ródio foram preparados e caracterizados com base na literatura1-3.
Os estudos da interação DNA-complexo em solução
foram feitos na faixa de 0 a
1,6 V, utilizando voltametria de
pulso diferencial com velocidade de varredura
10 mV s-1,
amplitude de pulso de 25 mV e duração de pulso de 50
ms. O efeito da concentração do catalisador foi
avaliado em adições sucessivas de alíquotas de
200 mL das soluções
dos dímeros de ródio a uma cela eletrolítica
contendo 5 mL da solução de DNA calf thimus
(D-1626), termicamente desnaturado. As soluções de DNA
(0,02 mg/mL) e dos complexos (1,0 x 10-3 mol L-1)
foram preparados em soluções aquosas de KCl 5,0 x 10-3
mol L-1. Para estes estudos utilizou-se um potenciostato
galvanostato PAR-273A com três eletrodos: fibra de carbono
Toray T-800 (eletrodo de trabalho), fio de platina (contra eletrodo)
e eletrodo saturado de calomelano (ESC) (referência). De um
modo geral, todos os compostos diméricos de ródio(II)
Rh2(RCOX)4 se oxidam a Rh(III), em duas etapas
bem definidas :
Em1 RhII/RhII,III : [Rh2(RCOX)4 (S)2] « [Rh2(RCOX)4(S)2]+ + 1e-
Em2 RhII,III/RhIII : [Rh2(RCOX)4(S)2]+ « [Rh2(RCOX)4(S)2]2+ + 1e-
Os potenciais formais destes complexos dependem da densidade eletrônica sobre o eixo da ligação metal-metal. Os resultados obtidos por voltametria de pulso diferencial em soluções de KCl 5,0 x 10-3 mol L-1 para estes dímeros estão apresentados na Tabela 1, confirmando a hipótese para tais ligantes1-3. No estudo de interação DNA-complexo observou-se supressão pronunciada do pico de oxidação da adenina, de um modo geral, para todos os dímeros aqui investigados. De acordo com a literatura1-3 este comportamento sugere a interação predominante do complexo através do N(7) da adenina. As potencialidades da eletroquímica podem ser estendidas também a estudos de REA, pois, dependendo da estrutura do ligante, pequenas diferenças sobre a oxidação das bases guanina (G) e adenina (A), bem como a cinética de interação, puderam ser observadas.
Bibliografia:1- Boyar, E.B.; Robinson, S.D., Coord. Chem. Rev., 50, 109 (1983).2- Gil, E.S.; Ferreira, E.I.; Zyngier, S.B.; Najjar, R.; Metal Based Drugs, 6, 19 (1999). 3 - Gil, E.S.; Najjar, R.; Kubota, L.T., Quim. Nova, 21, 755 (1998). 4 Brett, A.M.O.; Serrano, S.H.P.; Macedo, T.A.; Raimundo, D.; Marques, M.H.; La-Scalea, M., Electroanalysis, 8, 992 (1996).
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Tabela 1- Potenciais de pico para dímeros de ródio |
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Composto |
Em1 V |
Em2 V |
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Rh2(Ac)4 |
0,973 |
- |
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Rh2(Prop)4 |
0,951 |
- |
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Rh2(But)4 |
0,949 |
- |
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Rh2(Cit)4 |
1,084 |
- |
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Rh2(Gli)4 |
1,086 |
- |
|
Rh2(TFA)4 |
1,160 |
- |
|
Rh2(Acam)4 |
0,234 |
0,463 |
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Rh2(TFAcam)4 |
0,889 |
- |
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Fig. 2 Voltamogramas de pulso diferencial para acetato de ródio e DNA (10 mV s-1, amplitude de pulso 25 mV e duração de pulso 50 s, KCl 0,5 mol dm-3 pH7). |