AVALIAÇÃO DE RESÍDUOS DE PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO EM EMBALAGENS PARA ALIMENTOS
Edenir
Rodrigues Pereira-Filho1(PG), Rodrigo Rodrigues
Petrus2(PG),
José de Assis Fonseca Faria2(PQ),
Marco Aurélio Zezzi Arruda1(PQ)
1Departamento
de Química Analítica Instituto de Química,
UNICAMP, C. P. 6154, CEP 13083-970, Campinas, SP, Brasil
2Departamento de Tecnologia de Alimentos
Faculdade de Engenharia de Alimentos, UNICAMP, C. P. 6121, CEP
13083-970, Campinas, SP, Brasil
palavras-chave: sanificação de embalagens, peróxido de hidrogênio, sistema monossegmentado.
O peróxido de hidrogênio (H2O2) é largamente empregado na sanificação de embalagens de alimentos e bebidas [1]. Neste sentido, com a finalidade de evitar problemas associados à alteração do sabor e a saúde do consumidor, o controle da concentração residual do agente sanificante é fundamental [2]. A Food and Drug Administratrion (FDA) estipula uma concentração máxima de 0,5 mg L-1 de H2O2 na embalagem após enxágüe [3].
Na literatura são encontrados diversos métodos espectrofotométricos para a determinação de H2O2, onde são empregados, muitas vezes, reagentes cancerígenos [4], de difícil aquisição [5] ou métodos inviáveis para a rotina de um laboratório [6]. Desta forma, o emprego de sistema monossegmentado [7] juntamente com reações cinéticas [8], caracteriza-se como uma alternativa atraente, associando baixo risco de contaminação, resultados precisos e reprodutíveis, velocidade analítica, simplicidade e baixo custo de implementação.
Neste trabalho é proposto um sistema monossegmentado para a determinação de H2O2 em água proveniente da sanificação de embalagens de garrafas de Polietileno Tereftalato (PET). A reação cinética empregada baseia-se na oxidação catalítica do Tiron pelo H2O2, tendo o cobalto como catalisador, em pH básico [8]. No sistema monossegmentado proposto, as concentrações do Tiron e cobalto são 5 x 10-4 mol L-1 e 10 mg L-1, respectivamente, e para manter o pH básico foi empregada uma solução de NaOH 1 mol L-1.
O método proposto apresentou uma faixa linear de
0 a 6,0 mg L-1
H2O2 (r = 0,9902;
n = 5) e, limites de detecção e quantificação
de 19 e 63 mg L-1,
respectivamente. A precisão expressa como RSD foi de 5% para
repetibilidade e 9% para reprodutibilidade (n = 9, para ambos). Três
marcas de sanificantes para embalagens foram testadas, tais como
Asepticperâ (H2O2
35% v/v), Proxitane 1512â
(Ácido peracético 15% v/v e H2O2
23% v/v), Vortexx (H2O2 6,9% v/v e ácido
peracético 4,7% v/v), sendo que H2O2 foi
determinado em garrafas com e sem enxágüe e os resultados
são mostrados na tabela 1.
A exatidão dos resultados foi verificada utilizando um outro método alternativo proposto na literatura [9], e não foi encontrada nenhuma diferença significativa ao nível de 95%. A tabela 2 mostra os resultados encontrados na comparação de metodologias.
Tabela 1: Níveis de H
2O2 obtidos com o sistema
monossegmentado proposto
(mg L-1).
Agente sanificante |
Com enxágüe |
Sem enxágüe |
Asepticperâ |
1,14 21,34 (n = 14) 4,82 |
143 382 (n = 11) 280 |
Proxitane 1512â |
nd - |
0,95 6,32 (n = 9) 2,95 |
Vortexxâ |
nd - |
0,10 1,29 (n = 14) 0,36 |
nd = não detectado (< 19 mg L-1).
Tabela 2: : Níveis de H2O2 obtidos na comparação de metodologias (mg L-1).
Agente |
Com enxágüe (n = 3) |
Sem enxágüe (n = 3) |
||
Sanificante |
Proposto |
Literatura |
Proposto |
Literatura |
Asepticperâ |
1,32 4,83 3,10 |
1,12 4,50 2,80 |
306 382 336 |
286 317 302 |
Proxitane 1512â |
nd - |
nd - |
5,18 6,32 5,61 |
5,71 6,35 5,94 |
Vortexxâ |
nd - |
nd - |
0,18 0,30 0,23 |
0,25 0,29 0,27 |
nd = não detectado (< 19 mg L-1).
Os resultados apresentados, simulam o processo real de sanificação. Apesar dos mesmos estarem em uma ampla faixa, isso se deveu ao processo de enxágüe, já que os testes foram feitos de maneira manual e sem um volume definido de peróxido no momento do enxágüe. Entretanto, essas variações são perfeitamente aceitáveis, devido às diferenças nas superfícies internas das garrafas, ocasionando diferentes velocidades de escoamento [10]. Com o sistema proposto foi possível efetuar 100 determinações por hora, com um gasto de 530 mg de Tiron/determinação e, consequentemente, redução de esforços e de custos (» US$ 0,24 para 100 amostras, considerando todos os reagentes).
[1] Toyoda, M., Ito, Y., Iwaida, M., Fujii, M.. J. Agric. Food. Chem., 1982, 30, 346.
[2] Raynaud, D., Lelieveld, H. L. M.. J. Indust. Microb. Biotech., 1997, 18, 326.
[3] Reuter, H.. Evaluation criteria for aseptic filling and packaging systems. In: Reuter, H. Aseptic Packaging of Food. Hamburg: Technomic, 1988, 95p.
[4] Hartkamp, H., Bachhausen, P.. Atmospheric Environment, 1987, 21, 2207.
[5] Sellers, R. M.. Analyst, 1980, 105, 950.
[6] Fujita, Y., Mori, I., Toyoda, M.. Anal. Sci., 1991, 7, 327.
[7] Pasquini, C., de Oliveira, W. A.. Anal. Chem., 1985, 57, 2575.
[8] Pereira-Filho, E. R., Arruda, M. A. Z.. Analyst, 1999, 124, 1873.
[9] Afsar, H., Apak, R., Tor, I., Analyst, 1990, 115, 99.
[10] Stannard, C. J., Abbiss, J. S., Wood, J. M.. J. Food Protect., 1983, 46, 1060.
FAPESP, CNPq, CAPES