RECRISTALIZAÇÃO PARCIAL DAS PAREDES AMORFAS DE MCM-41 EM ZSM-5


Gustavo N. Frenhani (PG)*, Márcia A. da Silva Spinacé (PQ)*, Estevan V. Spinacé (PQ)**, Heloise Pastore* (PQ)


* Instituto de Química UNICAMP, CP 6154, CEP 13083-970, Campinas, SP

** Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, IPEN

e-mail: lolly@iqm.unicamp.br


palavras-chave: peneira molecular, MCM-41, ZSM-5.


A recente descoberta da família de peneiras moleculares mesoporosas à base de silica (designada M41S), realizada pela Mobil Corporation tem atraído considerável atenção e interesse devido ao grande potencial destes materiais no que diz respeito às suas propriedades catalíticas, bem como a variedade de rotas sintéticas disponíveis para a sua preparação. Um membro desta família que tem recebido uma atenção especial é a peneira molecular mesoporosa denominada MCM-41, por apresentar grandes áreas superficiais, canais de poros uniformes e boa estabilidade térmica. Materiais do tipo MCM-41 possuem um arranjo hexagonal de mesoporos uniformes e são de grande utilidade como adsorventes e suportes para catalisadores. Entretanto, para atuarem como catalisadores ácidos, átomos de alumínio devem ser incorporados à estrutura gerando sítios ativos [1-2]. A fraca ou média acidez, em decorrência do caráter amorfo das paredes dos materiais do tipo MCM-41, limita seriamente o seu desempenho como catalisador. Alguns materiais microporosos como o zeólito ZSM-5, apresentam excelentes performances em catálise ácida que podem ser atribuídas não só ao alto grau de uniformidade da estrutura microporosa como também à grande acidez intríseca do material. No entanto, a dimensão reduzida do poro (< 2 nm) não permite que moléculas de dimensões maiores tenham acesso às cavidades. A crescente demanda com relação ao tratamento de macromoléculas cria a necessidade de obter-se novos materiais que combinem as vantagens das peneiras micro e mesoporosas [3]. O objetivo deste trabalho é a recristalização das paredes amorfas presentes na estrutura da MCM-41 através da incorporação de hidróxido de tetrapropilamônio (TPAOH) que é o direcionador da estrutura da ZSM-5 [4]. Este material MCM-41/ZSM-5 foi preparado em duas etapas. A primeira consistiu na síntese da peneira mesoporosa; em seguida adicionou-se hidróxido de tetrapropilamônio ocorrendo a recristalização das paredes devido ao papel de agente direcionador do TPAOH. O material foi filtrado, lavado, seco e calcinado a 500 0C em argônio e em seguida em oxigênio. A caracterização do material foi realizada através de espectroscopia no infravermelho e difração de raio-X.

O difratograma de raio-X da amostra recristalizada / calcinada e da amostra recém preparada / calcinada (figura 1) revela os picos característicos da MCM-41 sendo possível observar as reflexões (100), (110) e (200), mostrando que a estrutura do material mesoporoso não sofreu nenhum efeito negativo devido à presença do TPAOH.

Figura 1: Difratograma das amostras

Figura 2 : Espectro de infravermelho dasrecém preparada e recristalizada. amostras recém preparada e recristalizada.

O espectro de infravermelho do material recristalizado e calcinado (figura 2) caracteriza-se por uma banda distinta na região de 550-560 cm-1 atribuída à vibração dos anéis de 5 membros presentes na estrutura da ZSM-5. Como no espectro da MCM-41 recém preparada / calcinada esta banda também está presente, calculou-se a razão entre as absorbâncias da banda em 550-560 cm-1 (assinalada com uma seta no espectro) e uma outra banda como referência, no caso a de 450 cm-1, mostrando um aumento da razão da amostra recém preparada para a recristalizada. Além disso, no espectro da amostra recristalizada é possível observar um pequeno aumento na intensidade das bandas na região de 2830-2950 cm-1 referentes à vibração C-H do TPAOH.


Pelos resultados apresentados podemos observar que a incorporação de hidróxido de tetrapropilamônio,TPAOH e a recristalização das paredes amorfas da MCM-41 não causa nenhum tipo de colapso da estrutura do material mesoporoso. Este compósito combina a grande acidez do zeólito ZSM-5 com a acessibilidade dos poros de dimensões maiores da MCM-41, o que possibilita a transformação de substratos maiores.

[1] J.S. Beck, J.C. Vartuli, W.J. Roth, M.E. Leonowicz, C.T. Kresge, K.D. Schmitt, C.T.W. Chu, D.H. Olson, E.W. Sheppard, S.B. McCullen, J.B. Higgins e J.L Schlenker, J. Am. Chem. Soc. 114, 1992, 10834.

[2] C.T. Kresge, M.E. Leonowicz, W.J. Roth, J.C. Vartuli e J.S. Beck, Nature 359, 1992, 710.

[3] L. Huang, Q. Li, Proceedings of the 12th International Zeolite Conference 1998, 707.

[4] K. R. Kloetstra, H. van Bekkum e J. C. Jansen, Chem. Commun. 1997, 2281.

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