SINTÉSE E CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DE AMINOCARBOXILATOS DE FERRO


Marta M. D. C. Vila* (PG), Matthieu Tubino* (PQ), Olavo Rusig**(PQ)

*Departamento de Química Analítica - Instituto de Química – UNICAMP

**Faculdade de Engenharia de Alimentos – UNICAMP


“palavras-chave” : aminocarboxilatos, ferro, espectrofotometria


Introdução: Embora a falta de diversos nutrientes possa ser responsável por anemias nutricionais, o ferro é o de maior importância em saúde pública pois determina 90% das anemias carenciais.

As principais causas deste tipo de anemia são a baixa ingestão e a pouca disponibilidade do ferro alimentar. A biodisponibilidade do ferro é extremamente variável com muitos fatores influenciando sua absorção, tais como: características individuais, composição da dieta na qual está sendo consumido, e, principalmente, sua forma química (1).

Uma das tentativas mais interessantes para controlar e/ou prevenir a deficiência de ferro tem sido a fortificação de alimentos. Atualmente, tem se pesquisado complexos de ferro para o emprego no enriquecimento de alimentos. Os compostos organo-metálicos obtidos entre metais e proteínas, peptídeos, aminoácidos ou outras substâncias, formam, de modo geral, produtos de alta biodisponibilidade com ausência ou redução de efeitos adversos normalmente observados em sais de ferro como o sulfato ferroso (2).

Objetivos: O objetivo deste trabalho foi a produção de um complexo de ferro a partir da reação de íons férricos com um hidrolisado protéico e sua caracterização química.

Métodos: A preparação do hidrolisado foi feita empregando-se 30% de torta de extração de óleo de milho, 20% de ácido clorídrico, temperatura de 100°C e agitação por 8 horas.

A produção dos complexos foi feita a partir da reação de solução de cloreto férrico hexahidratado com o hidrolisado protéico obtido em proporção de 1:1 em pH 7,5. O precipitado formado era seco a 105°C por 4 horas.

A caracterização do complexo de ferro foi realizada por espectroscopia de infra-vermelho. A determinação do teor de ferro foi feita por absorção atômica.

Resultados e Discussão: Os hidrolisados protéicos são constituídos por uma mistura complexa, podendo-se encontrar lactonas, fenóis, aldeídos, furonas, etc. Deste modo, a identificação da estrutura formada é bastante difícil. A posição do grupamento carbonila se estende na região de 1825 à 1575 cm-1, e pelos espectros (figuras 1 e 2), percebe-se que ocorreram alterações das bandas nesta região. Comparando-se os espectros obtidos, acredita-se que, possivelmente, houve a formação de um “aminocarboxilato” de ferro, ou seja, a espécie gerada envolve o ferro ligado aos aminoácidos através da carboxila. O teor de ferro no produto foi determinado como 25,9 ± 0,3%.






Figura 1- Espectro de infra-vermelho do complexo de ferro formado de íons Fe+3 (FeCl3 6H2O) mais hidrolisado. Relação molar de 1mol de nitrogênio / 1 mol de ferro.





Figura 2 – Espectro de infra-vermelho do hidrolisado seco (105°C / 4 horas)


Conclusão: O produto obtido a partir do hidrolisado protéico mostrou-se viável como uma fonte alternativa de ferro para o emprego em alimentos.

Referências Bibliográficas: Baynes, R. D. & Bothwell, T. H. Iron deficiency Ann. Rev. Nutr. 10(2): 133-148,1990

2- Ashmead, H. D., Rapp, E. J., Name, J. J. Uso de aminoácidos na fortificação de alimentos. In: I Seminário Brasileiro de Alimentos Enriquecidos, Campinas, 1994

3- Praça, E. F. Obtenção e avaliação de uso de hidrolisados protéicos ácidos com baixo teor de sal, em alimentos. Tese de doutorado, UNICAMP - Campinas (1995), 127p. CNPq, FAPESP