AVALIAÇÃO DO ENSINO-APRENDIZAGEM: CONTRIBUIÇÕES PARA REESTRUTURAÇÃO DE CURSO
Lídia R. Nascimento (PQ)a José C. Rothen (PQ)ab André Wolhers (PQ)b
a Fac. Int. Maria Imaculada. (Mogi Guaçu/SP) b Fac. Santa Lúcia (Mogi Mirim/SP)
Palavras chaves: Avaliação, curso de Ciências/Química , Ensino de Química
Objetivo e Introdução Este trabalho discute o processo inicial de avaliação da relação ensino-aprendizagem do curso de Química das Faculdades Integradas Maria Imaculada, Mogi Guaçu-SP. Esse processo integra o projeto de reestruturação do curso de Química da instituição. Atualmente, esse curso é uma habilitação do curso de Ciências, que tem os dois primeiros anos como básicos; a opção por Química, Matemática ou Biologia ocorre no início do terceiro ano. O projeto interno de reestruturação transformará essas habilitações em bacharelado.
Metodologia utilizada Tentando evitar que o processo de avaliação fosse subjetivo e utilizasse apenas critérios internos, aplicou-se uma prova para todas as séries nos moldes proposto pelo MEC no Exame Nacional de Cursos (Provão") para cursos já avaliados, entre eles o de Matemática.
Com o objetivo de aprimorar esse instrumento, foi construída uma planilha eletrônica onde a correção e a tabulação dos dados fornecesse a seguinte estatística: resultado geral, desempenho individual dos alunos nas questões objetivas e discursivas e desempenho das turmas em cada questão. Os resultados obtidos através da planilha subsidiaram as reflexões sobre o andamento do curso.
Resultados e Discussão Pelos resultados de desempenho observa-se que a média geral encontra-se em ascendência do 2o para o 4o semestre e deste para o 6o semestre (Quadro I). O resultado do 8o semestre foi descartado por falta de comprometimento dos alunos em relação à avaliação (ausência: 40%). Observa-se também que o crescimento do desempenho é maior na faixa dos alunos de menor rendimento, indicando que o trabalho com essa faixa está sendo mais eficaz.
Quadro I: Desempenho geral
|
Média |
Des Pad. |
Máxima |
P90* |
Mediana* |
P 10* |
Mínima |
2o sem. |
30,65% |
11,59% |
58,13% |
45,06% |
28,75% |
17,84% |
9,06% |
4o sem. |
34,41% |
11,82% |
74,38% |
48,44% |
31,25% |
22,50% |
20,00% |
6o sem. |
43,22% |
9,41% |
58,75% |
51,13% |
45,00% |
33,13% |
23,75% |
* P90 é um delimitador que separa as 90% menores notas restantes. *Mediana separa as 50% menores notas. * P10 separa as 10% menores notas das restantes
O envolvimento com as questões discursivas também é crescente na direção dos últimos semestres. Observa-se que grande parte dos alunos do inicio de curso não respondem às questões discursivas, tanto que a mediana é zero; no 4o semestre ocorre crescimento observando zero em P10, enquanto que no 6o semestre a nota mínima é 7,5 (escala de 0 a 50). Para esta situação levantamos as seguintes hipóteses: dificuldade em responder estas questões, dificuldade na comunicação escrita, desinteresse com a avaliação.
Comparando a evolução obtida na média das questões objetivas com as dissertativas, verifica-se um crescimento significativo em todos os semestres, o que pode denotar maior familiaridade com o conteúdo de Química e/ou desenvolvimento da habilidade da comunicação escrita.
O quadro de desempenho por questão apresenta a porcentagem de opção dos alunos por cada alternativa; esse dado pretende explicitar o que poderia ter levado a turma ao acerto ou ao erro da questão. Na analise das questões usou-se o esquema exemplificado abaixo.
Questão*: Os elementos X, Y e Z apresentam a seguinte distribuição eletrônica:
X= 1s22s22p63s1, Y= 1s22s22p63s23p4 e Z= 1s22s22p5 Assinale a alternativa correta
Alternativa |
% de resposta |
Disciplina |
a) Z é um Halogênio |
21,05% acerto |
Química Geral II |
b) Z forma cátions 2 + |
7,89% |
|
c) Y possui maior eletronegatividade do que Z |
21,05% |
*questão pertencente à prova do 2o Semestre de Ciências |
d) X possui energia de ionização maior que Z |
39,47% |
|
e) Y pertence ao grupo 4A da tabela periódica |
7.89% |
O resultado geral dessa questão mostra maior ocorrência na letra D. Isto pode indicar que há relativo domínio do conceito, porém com raciocínio invertido, pois ao se trocar maior por menor a alternativa está correta. Considerando-se um possível equivoco ao marcar a alternativa D estima-se que 60% dos alunos dominam o conceito, contudo é necessário checar se o erro é de raciocínio ou de conceito.
Usando este modelo de análise, chegou-se aos seguintes resultados:
No 2o Semestre, para cinco questões específicas de Química observou-se que a maioria dos erros dos alunos estavam relacionados a problemas com domínio de conceitos, o que pode indicar conteúdo pouco explorado, falta de atenção, problemas com aprendizado ou ainda má formulação da questão.
No 4o Semestre, também para cinco questões especificas, a média de acerto foi maior (34%), identificando-se que persistem problemas de domínio de conceitos, dificuldade com questões trabalhosas, falta de atenção e problemas na formulação das questões.
No 6o Semestre, 18 questões especificas, a média é de 55%. Nas questões basicamente teóricas, as dificuldades apresentadas anteriormente, apesar de menores, ainda persistem. A vivência em laboratório tem ajudado na aprendizagem.
Conclusão Conclui-se que o crescimento é maior do 4o para o 6o, devido o fato do curso nesse período contar com alunos que optaram pela Química. É relevante o fato de que apenas no 5o semestre iniciam-se as atividades no laboratório químico.
Essa primeira experiência indica serem positivos os processos internos de avaliação, pois auxiliam a diagnosticar quais conteúdos e habilidades devem ser reforçados e como isso está sendo desenvolvido e aprendido pelos alunos. Este trabalho está sendo aperfeiçoado para que as questões das provas futuras sejam integradas. A sua reaplicação permitirá acompanhamento seqüenciado de cada turma.
Bibliografia
Exame Nacional de Cursos: relatório-síntese 1998; INEP - Brasília, 1998, 254p.
A Universidade e o profissional do futuro; Revista do provão - Brasília, no4, 1999.