VITANOLÍDEOS ANTI-CÂNCER DE Acnistus arborescens .


Sandro Minguzzi (PG) e Lauro E. S. Barata (PQ).

Instituto de Química da Unicamp.


palavras-chave: vitanolídeos , anti-câncer, Acnistus arborescens


Acnistus arborescens, (Solanaceae), é usada na medicina popular no Brasil como diurético, nas afecções do fígado e do baço e antitumoral. Os compostos responsáveis por estas atividades são os vitanolídeos (lactonas esteroidais ). Estes tem amplo espectro de atividades biológicas, dentre as quais destacamos a atividade antitumoral. Dois artigos publicados por nós em congressos1,2, relatam a identificação dos vitanolídeos 1 e 2 ( FIGURA 1) e o resultado de testes de citotoxidade, onde se destaca a atividade de 1 e 2 contra células de câncer de cólon. Nos artigos anteriores não foi possível definir inequivocamente a posição do grupo acetato em 2, o que será esclarecido neste trabalho, onde também mostraremos o isolamento de um novo vitanolídeo 3.

As folhas (400 g) de Acnistus arborescens foram extraídas com etanol e após processo de eliminação de clorofila, seguiu-se o isolamento em coluna cromatográfica e CCD preparativa. Conseguimos assim re-isolar 1 (250 mg) e 2 (100mg) e isolar um novo composto 3 (10mg) . A posição do segundo acetato em 2, motivo de dúvida entre as posições 12, 15 e 16 foi esclarecida inequivocamente no C-16, além de obtermos dados de estereoquímica, utilizando-se duas técnicas novas: long-range Hetcor e NOESY ( Irradiação no H-16 ).

Correlações 1H- 13C de long-range Hetcor, permitiram localizar o segundo grupo acetato em C-16, através de correlações. Os H da metila 18 tem uma correlação 1J com C-13 e duas correlações 3J com C-14 e C-17. Outras importantes correlações foram as do H da metila 21 com o C-20 (2J) , C-17 e C- 22 (3J). Noesy, mostrou o efeito NOE nas Me-18 , Me-21 e H-22.quando irradiou-se o H-16 (OAc) Estes fatos permitiram atribuir a configuração b para o H-16 e a Me-18. Finalmente, comparando-se este dados com a literatura e análisando-se espectros anteriores, pudemos propor a estrurtura do vitanolídeo 2 com dois acetatos, um no C-7 e outro no C16.

O vitanolídeo 3, apresentou deslocamentos característicos em ppm: 6,03 d (J= 9Hz, H-2), 6,94 dd (J= 6 ; 9Hz, H-3), 6,23 d (J= 6Hz, H-4). Além destes deslocamentos característicos, o vitanolídeo 3 apresentou um tripleto a 5,4 ppm correspondente ao H-16 vizinho ao grupo acetato, similar ao observado em 2.

A principal diferença entre 2 e 3 é a ausência de um grupo OH na posição C-4 em 3, resultando na constante de acoplamento geminal (19,2 Hz) dos hidrogênios H- 4 . No vitanolídeo 3 a constante de acoplamento vicinal entre o 3-H e os prótons geminais em C4 é de 2,3 Hz para o H-4b- H axial, e 6 Hz para o H- 4a equatorial ( dados observados por gcosy). Semelhante ao vitanolídeo 2 , esta substância possui dois grupos acetato, sendo o segundo confirmado pela técnica de NOE diff, que mostrou resultados similares a 2.



FIGURA 1 - Vitanolídeos isolados das folhas de Acnistus arborescens.





As identificações dos vitanolídeos 2 e 3 foram feitas por técnicas espectrométricas diversas tais como: RMN 1H, RMN 13C, gcosy , HMQC, long-range- HetCor e Noesy, espectrometria de massas ( inserção direta e eletrospray) e IV. Os testes biológicos mostraram que os vitanolídeos 1 e 2 são muito ativos contra diversos tipos de células cancerosas in vitro. O composto 3, ainda será testado in vitro em câncer.





Bibliografia

1- Minguzzi,, S. e Barata, L.E.S.;," Um novo vitanolídeo das folhas de Acnistus arborescens", Poços de Caldas, MG, Brasil, 21a Reunião da Sociedade Brasileira de Química (1998).

2- Minguzzi, S ; Barata, L.E.S.; e Cordell, G.A. " Citotoxicidade de vitanolídeos de Acnistus arborescens em células cancerosas. ", Águas de Lindóia, SP, Brasil, XV Simpósio de Plantas medicinais do Brasil- (1998).

3. Nittala, S.S, Vande Velde, V.; Frolow e Lavie, D., Chlorinated Withanolides from Withania-somnifera and Acnistus breviflorus ,Phytochemistry

20: (11) 2547-2552 1981.



Apoio: CNPq