ÁCIDOS VALERÊNICOS DO EXTRATO COMERCIAL DE Valeriana officinalis L.
Vera Lúcia G. Rehder (PQ), Adilson Sartoratto (PQ), Sinésio Boaventura Júnior (PQ)
Divisão de Química Orgânica e Farmacêutica Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas da UNICAMP, CP 6171, CEP 13081-971 - Campinas (SP)
rehder@cpqba.unicamp.br
palavras-chave: Valeriana officinalis, ácidos valerênicos, valepotriatos
Várias espécies de Valeriana são utilizadas na produção de fitoterápicos, devido a sua ação sedativa semelhante aos benzodiazepínicos. Os principais grupos de princípios ativos encontrados em Valeriana são os valepotriatos e os ciclopentano-sesquiterpenóides.
Os efeitos analgésicos e sedativos da Valeriana são atribuídos aos valepotriatos (iridóides não glicosilados), destacando-se o valtrato e isovaltrato que constituem 90% desta classe de compostos em V. officinalis.
Os ácidos valerênico, acetoxi-valerênico e hidróxi-valerênico são ciclopentano-sesquiterpenóides que atuam sobre o sistema nervoso central de modo semelhante aos barbitúricos, ou seja, são capazes de induzir ao sono ou melhorar a qualidade do mesmo.
Composto |
R1 |
Ácido valerênico |
H |
Ácido acetoxi-valerênico |
OCOCH3 |
Ácido hidroxi-valerênico |
OH |
Devido a inexistência de padrões de ácidos valerênicos no mercado, o objetivo principal deste trabalho foi o isolamento e identificação desses ácidos do extrato comercial de V. officinalis.
O extrato liofilizado das raízes de V. officinalis (origem Itália), foi fornecido por uma empresa farmacêutica da região de Campinas, que o utiliza como matéria-prima na formulação de fitoterápicos.
A extração dos ácidos valerênicos foi realizada com 300g de extrato, usando clorofórmio em meio alcalino (NaOH 2N). Após separação das fases e acidificação da fase aquosa com solução ácida (HCl 3N), a fase aquosa ácida foi extraída com clorofórmio, e forneceu após evaporação do solvente, 2,45g de um resíduo enriquecido com os compostos ácidos.
Esses compostos foram purificados por cromatografia em coluna seca (metodologia apresentada na 22a Reunião Anual da SBQ Livro de resumos, vol 2, PN-106), utilizando como eluente hexano:acetato de etila (70:30). As frações obtidas (cinco) foram derivatizadas com diazometano e analisadas por cromatografia gasosa/espectrometria de massas CG/EM.
Os constituintes majoritários das frações 1 e 2 (900 mg) foram identificados como ácido valerênico, (m/z = 248, éster metílico), ácido hexadecanóico e ácido octadecanóico, enquanto na fração 5 (870mg), o constituinte principal foi o ácido hidroxi-valerênico (m/z = 264, éster metílico). As demais frações não apresentaram compostos de interesse.
A metodologia utilizada permitiu a extração e separação dos ácidos do extrato comercial de V. officinalis de maneira rápida e eficiente, os quais poderão ser utilizados como padrões analíticos no controle de qualidade de fitoterápicos.