PREPARAÇÃO DE N-INDOL-GLICOSÍDEOS A PARTIR DA REAÇÃO DE MITSUNOBU
Juliano Souza Ribeiro (IC), Mariangela de Burgos Martins de Azevedo (PQ) e Nelson Durán (PQ)
Laboratório de Química Biológica Instituto de Química da UNICAMP
palavras -chave: indol, glicosídeos, reação de Mitsunobu
INTRODUÇÃO:
Trabalhos prévios nesta linha de investigação foram realizados pelo nosso grupo(1) a fim de estudar a atividade biológica de indol-glicosídeos e posterior aplicação desta metodologia para a síntese de derivados glicosilados da violaceína, um pigmento natural produzido pela Chromobacterium violaceum com importantes atividades biológicas (2), porém de baixa solubilidade em sistemas aquosos. Derivados indólicos foram anteriormente sintetizados por alguns métodos como o de ïndol-indolina (3); de oxidação da indolina por dicloro-5,6-diciano-1,4-benzoquinona (4) ou pela reação do indolmagnésio com a acetobromo glicose (5) para a formação de glucopiranosindol.
O método anteriormente utilizado, consiste das etapas de acetilação da glicose seguida de bromação e posterior adição do glicosídeo ao N-indol na presença de óxido de prata. Esta rota mostrou-se bem mais eficaz do que as descritas, tendo rendimentos de 70%, porém não foi aplicável para a violaceína, que seria nosso maior interesse uma vez que a metodologia para o indol já estava bem estabelecida. Desta dificuldade optamos por investigar outras alternativas como a reação de Mitsunobu (6) para preparação dos derivados glicosilados(7).
OBJETIVOS
Preparação de derivados indol-glicosilados através da reação de Mitsunobu.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Para a síntese de derivados glicosilados de indol empregou-se a metodologia clássica descrita por Mitsunobu onde para a adição da unidade glicosídica emprega-se alquil azodicarboxilatos, e trifenilfosfina em THF anidro. (Esquema-1). 2,3,4,6-tetra-O-acetil-1-a-D-glucopiranosídeo foi preparada segundo método descrito por Durette(8) e envolve inicialmente a acetilação da a-D-Glicose na presença de anidrido acético e ácido perclórico (70%), seguida de solvólise em propanol aquoso e aquecimento.
A reação de Mitsunobu é realizada adicionando-se DEAD (dietilazodicarboxilato) e trifenilfosfina em THF seco com agitação magnética à temperatura ambiente. Depois de alguns minutos para a formação do sal fosfônio adiciona-se o indol derivado (benziloxindol ou indol) seguida a adição da glicose.
Deixa-se reagir a temperatura ambiente por 24 horas no escuro. A reação é acompanhada por CCD e segue-se o tratamento usual, obtendo-se um sólido de p. f. 133-135oC em 52% de rendimento (DEAD) e com DIAD rendimento ainda não determinado.
Através das análises de RMN de próton em CDCl3, observa-se o desaparecimento do sinal do hidrogênio ácido em d = 10.9 ppm e a presença dos sinais em d = 1,98-2,17 (4s, 12H, CH3C=O), 4,13-4,29 (m, 3H, H6A, H6B e H5), 4,96 (dd, 1H, H3), 5,30-5,32 (t, 1H, H2), 5,8 (dd, 1H, H4), 5,30-5,32 (m, 1H, H2) e 6,52 (d, 1H, H1, J = 4,0 Hz, - cis-eq-ax) ppm atribuídos a molécula de glicose adicionada a posição 1 do indol, e os sinais dos prótons aromáticos do indol em 7,11-7,25(m, 4H), 7,59 (d, 1H) e 7,75 ppm (d, 1H).IV (filme) 3055, 2923, 1747, 1043, 1226, 738 cm-1.
FIGURA-1
CONCLUSÃO
Apesar dos rendimentos não serem melhores do que os obtidos anteriormente, este método é importante no que diz respeito ao estudo com a violaceína, o qual deverá ser empregado, uma vez que pela catálise com o óxido de Prata os resultados obtidos não foram reprodutíveis e os rendimentos foram muito baixos.
BIBLIOGRAFIA:
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