ANÁLISE ESPECTROFOTOMÉTRICA DE CATECOL EM GUARANÁ EM PÓ


Adriana Magna (PQ), Acácia Adriana Salomão (IC), Marta M. D.C. Vila (PG), Matthieu Tubino (PQ)
Departamento de Química Analítica – Instituto de Química – Unicamp


Palavras-chave: guaraná, catecol, espectrofotometria


O guaraná (Paullinia cupana) é uma espécie nativa e perene da Região Amazônica. Diversos produtos podem ser obtidos, industrialmente, a partir do guaraná, podendo-se citar: guaraná descafeinado, cafeína, guaraná solúvel, extrato de guaraná, guaraná em pó e xarope de guaraná. Importante também lembrar da obrigatoriedade da adição de guaraná ou seu extrato ao refrigerante que leva seu nome (Lei dos Sucos – Decreto Federal n 73.267 de 6/12/1973).

Embora o guaraná seja conhecido há longo tempo por suas propriedades medicinais e estimulantes, poucos são os dados disponíveis sobre sua composição química, facilitando falsificações. Alguns produtos encontrados no mercado são fraudados com adição de casca de árvores, madeira, etc. A utilização de técnicas analíticas acessíveis para sua identificação e avaliação de componentes do produto, também é carente de opções[1].

O efeito farmacológico do guaraná é função da presença dos alcalóides metilxantínicos. Entretanto, a presença de compostos polifenólicos, como por exemplo, o catecol, podem ser empregados para avaliação de autenticidade[2].

O objetivo deste trabalho é a dosagem de catecol presente no guaraná através de metodologia simples e de baixo custo.

A determinação do catecol foi feita pela reação com aminofenol em meio alcalino formando um complexo colorido (azul), de acordo com a metodologia desenvolvida por Chubb e colaboradores [3].

A extração de catecol do pó de guaraná moído foi feita colocando-se 1,00g de guaraná em pó em 100 mL de etanol 97% (v/v). A solução foi filtrada após 12 horas. Outra extração foi feita utilizando como solvente água e álcool numa proporção de 70% de etanol e 30% água e tempo de infusão de 24 horas[4].

A solução estoque de catecol 1,0´10-2 mol.L-1 foi preparada em etanol 97% (v/v). A solução de aminofenol 1,0´10-3 mol.L-1 foi feita HCl 0,1 mol.L-1. Foram também utilizadas as soluções de NaOH 2% e HCl 0,1 mol.L-1.

Para obtenção dos espectros eletrônicos foi utilizado um espectrofotômetro HP8452A adaptado com cela de quartzo. Para a termostatização do compartimento da célula do espectrofotômetro (25,0oC) foi utilizado um termostato MKG-Lauda RC6.

Inicialmente foi feito um estudo do efeito da concentração de NaOH na reação, sendo feitas medidas em NaOH 1, 2 e 3% (m/v), obtendo-se o melhor resultado em NaOH 2%.

A reação ocorre imediatamente após a adição de catecol à solução de aminofenol, não ocorrendo variação de absorbância após 5 minutos de reação. Optou-se por fazer as medidas em tempo de reação de 1 minuto.

O teste de repetibilidade para 8 amostras de catecol 5,0´10-5 mol.L-1 apresentou um coeficiente de variação de 4,6%.

A Figura 1 apresenta a curva analítica para catecol obtida na faixa de concentração de 1,0´10-5 a 1,0´10-4 mol.L-1, após 1 minuto da adição de catecol.



Figura 1: Curva concentração de catecol versus absorbância em comprimento de onda de 586 nm em tempo fixo de 1 minuto.


Os resultados obtidos na extração do catecol em pó de guaraná apenas em etanol foram melhores do que os obtidos utilizando-se como solventes água e álcool como citado na literatura [4].

A análise da amostra de pó de guaraná foi feita pela adição de padrão para eliminar efeitos de matriz. Foi encontrado um valor de 6,0´10-5 ( ± 2,4´10-7) mol.L-1 para concentração de catecol, ou seja, a massa de catecol encontrada foi de 0,66 mg/ g de pó de guaraná. Este valor está dentro da faixa de concentração citada na literatura[2], que está entre 0,34 e 32 mg/g.


Referências Bibliográficas:

  1. Tocchini, R.P. Bol. SBCTA, 23(1/2):90-95,1989.

  2. Carlson M., Thompson R.D., Journal AOAC International, 81:691-701, 1998

  3. Chubb, S.A P.; Campbell, R.S.; Ramsay, J. R.; Campbell, R. S.; Hammond, P.M.; Atkinson, T.; Price, C. P. Clin. Chim. Acta 155:209-220,1986.

  4. Tocchini,R.P.; Okada, M. Col. ITAL 8: 391-407,1977.

(FAPESP, CNPq)