DETERMINAÇÃO DE FURAZOLIDONA EM SORO DE VOLUNTÁRIOS SADIOS USANDO CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ALTA EFICIÊNCIA DE FASE REVERSA


Silvana A. Calafatti 1 (PQ); Rodrigo A. Mas Ortiz2 (PG); José. Pedrazzoli Jr1(PQ)

1Unidade Integrada de Farmacologia e Gastroenterologia, Universidade São Francisco, Bragança Paulista, SP; 2Departamento de Farmacologia, Universidade de Campinas, Campinas, SP.



palavras-chave: Furazolidona, H. pylori, CLAE


Espiroquetas aderentes à mucosa gástrica são descritas desde o século passado, mas apenas recentemente (1983)1, se suspeitou que elas estariam associadas a patologias gástricas e duodenais. Na Austrália, Barry Marshall1 e Robin Warren, em meados dos anos oitenta, isolaram uma bactéria das biópsias retiradas em portadores de úlcera péptica e gastrite. Hoje é conhecida oficialmente por Helicobacter pylori, pois sua caracterização genética e bioquímica mostrou não pertencer ao gênero Campylobacter e, sabe-se que atualmente a H. pylori é a principal causa da gastrite tipo B, ativa e crônica, podendo ser considerada como uma das infeções mais comuns do ser humano, estando associada a uma gama variada de enfermidades gastrointestinais, desde a úlcera péptica até o adenocarcinoma gástrico2. Diversos esquemas terapêuticos têm sido propostos para a erradicação do H. pylori, desde os esquemas tríplices clássicos (sal de bismuto e dois antibióticos, ou um antibiótico e um quimioterápico), ou ainda um bloqueador de secreção ácida (de bomba protônica) associado a um antibiótico (amoxacilina ou claritromicina). No entanto, alguns destes esquemas terapêuticos têm tornado a H. pylori resistente. Para contornar esta dificuldade, o uso da Furazolidona3 esta sendo indicada, pois este é um medicamento em que a H. pylori não apresentou ainda resistência. Esta droga faz parte da classe dos nitrofuranos, substâncias estas que contém um agrupamento nitroso na posição 5 do anel do furano, com propriedades antibacterianas e atividade contra certos protozoários e fungos. Neste trabalho apresentamos os resultados encontrados para os parâmetros farmacocinéticos da Furazolidona administrada via oral (GiarlamÒ, 200mg /comprimido), em dose única, a dez voluntários com e sem tratamento prévio com o inibidor gástrico Omeprazol. As análises da Furazolidona foram feitas a temperatura ambiente, utilizando-se a fase móvel metanol:água:ácido acético (40:59,5:0,5 v/v) a um fluxo de 1mL/min e detecção em 362 nm, colunas analíticas LUNAÒ C18 10mm (4,6 x 250 mm) e uma pré coluna SECURITYGUARD TM C18 10mm (4 x 3,0 mm). Para a extração da Furazolidona, foi utilizado cartuchos de extração fase sólida SupelcleanTM LC-18 (SUPELCO, USA). Na Figura 1, estão apresentados graficamente os resultados obtidos das concentrações da Furazolidona em função do tempo, nos voluntários estudados (n=10), antes e depois do tratamento com o inibidor de secreção ácida gástrica, o Omeprazol (LosecÒ - Astra).




Figura 1 – Concentração média da Furazolidona (± EPM) antes (1a Fase) e depois (2a Fase) do tratamento com o inibidor de secreção ácida gástrica (Omeprazol).


Foram também analisados os parâmetros farmacocinéticos da Furazolidona, Cmáx, Tmáx, AUC0-24h, AUC0-¥ e T½ (Tabela 1), realizado antes (1a Fase) e depois (2a Fase) da administração do inibidor de secreção ácida gástrica, Omeprazol.



Tabela 1: Comparação dos parâmetros farmacocinéticos dos voluntários (n=10) submetidos a 1a e 2a Fases do protocolo clínico.

Parâmetros Farmacocinéticos

Média ± Limite

(Inferior – Superior)



1º FASE

2º FASE

Valor de P

Cmáx

(IC 95%)

0.3951

(0.2709 – 0.5193)

0.2318

(0.1644 – 0.2992)

0.0115

Tmáx

(IC 95%)

2.250

(1.614 – 2.886)

2.200

(1.6890 – 2.7110)

0.7959

AUC 0 – 24h

(IC 95%)

0.9467

(0.6953 – 1.1980)

0.6923

(0.4534 – 0.9313)

0.0753

AUC 0 – ¥

(IC 95%)

0.9592

(0.7158 – 1.2030)

0.6957

(0.4551 – 0.9364)

0.0630

T ½

(IC 95%)

6.029

(1.908 – 10.149)

3.236

(1.3060 – 5.1670)

0.0433


Pôde-se observar que houve diferença estastística significativa para Cmáx e T½, o mesmo não ocorrendo com Tmáx, AUC0 – 24 hs e AUC0 - ¥, indicando assim que a administração do Omeprazol pode alterar a farmacocinética da Furazolidona.



  1. Warren, J. R. Lancet; 1983, 1: 1273-1275.

  2. Penston JG, McColl KEL. Br J Clin Pharmacol; 1997, 43: 223-43.

  3. Coelho LGV, Passos MCF, Chausson Y. Am J Gastroenterol; 1991, 86: 971-975.


USF/FAPESP