ENSAIO ENANTIOSSELETIVO PARA A QUANTIFICAÇÃO DO (±) MODAFINIL EM PLASMA


Quezia B. Cass (PQ), Cristiane K. Kohn (PG)

Laboratório de Síntese Orgânica e CLAE, Departamento de Química, Universidade Federal de São Carlos, Cx Postal 676, 13565 - 905 - São Carlos–SP, Brasil.


Silvana A. Calafatti (PQ)

Unidade de Farmacologia, Universidade São Francisco, 12900-000, Bragança Paulista-SP, Brasil


Hassan Y. Aboul-Enein (PQ)

Biological & Medical Research, King Faisal Specialist Hospital & Research Centre, Riyadh-Saudi Arabia


Palavras chave: modafinil, separação enantiomérica, CLAE.




A 2-[(difenilmetil) sulfinil]-acetamida (Figura 1) é uma nova droga desenvolvida na França para o tratamento da narcolepsia1, um distúrbio do sistema nervoso central. Denominado MODAFINIL, é um psicoestimulante que difere em ação das anfetaminas, geralmente utilizadas para o tratamento deste distúrbio, sendo utilizado em sua forma racêmica.



Figura 1 – Estrutura do Modafinil


Há apenas um método descrito na literatura, no qual utiliza-se uma coluna de a-glicoproteína para a quantificação dos enantiômeros do Modafinil.2

As fases derivadas de polissacarídeos, além de serem robustas para a análise de fluidos biológicos, têm mostrado um alto poder de discriminação quiral para compostos contendo o grupo sulfóxido como estereocentro3, e por isso foram selecionadas para o desenvolvimento de um método enantiosseletivo para a quantificação do Modafinil, em presença de seus metabólitos.

Ao se avaliar a fase tris [(S)-1-feniletilcarbamato] de amilose, excelente enantiosseletividade foi obtida para o (±)-Modafinil.

Utilizando-se hexano/etanol (75:25 v/v) a 1,0 mL/min e detecção a 240 nm, desenvolveu-se um método para a quantificação dos enantiômeros do Modafinil em plasma. Embora sensível e preciso, o método mostrou-se inválido para o propósito inicial pelo fato de que um de seus metabólitos, a 2-[(difenilmetil) sulfonil]-acetamida, co-elui com o enantiômero de menor fator de capacidade, podendo, no entanto, ser utilizado para a determinação da pureza enantiomérica em formulações farmacêuticas.

Em busca da seletividade desejada, outras composições deste eluente foram testados, sem sucesso.

Sabendo-se que a utilização de uma mesma coluna em diferentes modos de eluição leva à alterações em retenção e seletividade, optou-se pela avaliação dos modos polar orgânico e reverso de eluição4.


Completa separação dos enantiômeros do (±)-Modafinil e dois de seus metabólitos (Figura 2) foi conseguida com ACN/H2O (25:75) a 0,5 mL/min e detecção a 228 nm. O comprimento de onda foi mudado para melhor detecção da sulfona.



Figura 2 – Metabólitos do Modafinil


As condições descritas acima possibilitaram o desenvolvimento de um novo método, agora no modo reverso de eluição. Os enantiômeros foram extraídos do plasma utilizando-se cartuchos C18.

Uma boa linearidade foi obtida na faixa de 0,15 – 3,00 mg/mL para cada enantiômero. Após validado, o método mostrou-se seletivo, exato e preciso para ser usado em análises clínicas.


Bibliografia:

1- Moachon, G. and Martinier, D., Journal of Chromatography B, 1994, 654, 91-96

2- Gorman, S. H., Journal of Chromatography B, 1999, 730, 1-16.

3. Cass, Q.B.; Tiritan, M. E.; Bassi, A. L.; Callafatti, S. A. E Degani, A. L. G.; Química Nova, 1997.

4- Cass, Q. B.; Degani; A L.; Cassiano; N., J. Liq. Chrom. & Rel. Technol, no prelo.


Agradecimento: FAPESP, CNPq.