ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE Pilocarpus riedelianus
Gisleine Guerreiro (PG)1; João Batista Fernandes (PQ)1; Paulo Cezar Vieira (PQ)1; Maria Fátima das Graças Fernandes da Silva (PQ)1; Edson Rodrigues Filho (PQ)1
Sandra Rogéria Victor (PG)2, Cláudia Magalhães (PG)2, Odair Corrêa Bueno (PQ)2, Maria José A. Hebling (PQ)2, Fernando Carlos Pagnocca (PQ)2.
1- Departamento de Química, CCT, Universidade Federal de São Carlos
2- Centro de Estudos de Insetos Sociais, UNESP Rio Claro.
palavras chave: cumarinas, Pilocarpus riedelianus, microorganismos
As plantas produzem os metabólitos secundários com diversas funções específicas, tais como: repelentes e anti-alimentares de insetos, atraentes de polinização, agentes defensores contra herbívoros, feromônios, hormônios de crescimento, aleloquímicos, fitoalexinas, etc. Assim, sabendo-se que as plantas podem produzir substâncias que as defendam de microorganismos, tornam-se as mesmas fontes alternativas de potenciais agentes antibacterianos e antifúngicos que sejam eficazes contra microorganismos patogênicos ao ser humano, aos animais ou prejudiciais ao cultivo de determinadas plantas.1
Muitas das plantas que foram usadas por diversos povos ao longo do tempo ou que ainda são usadas, tiveram suas atividades antimicrobianas comprovadas. Os sesquiterpenos são uma das classes de substâncias que mais apresentam atividade antimicrobiana, cita-se o sesquiterpeno (+)-8-hidroxi-calameneno isolado de Dysoxylum acutangulum e D. alliaceum que possui uma moderada atividade contra Staphylococcus aureus, Candida albicans e Trichophython mentagrophytes. Cumarinas também apresentam atividade antimicrobiana, como a hortiolona isolada de Pilocarpus spicatus St. Hill que inibe o crescimento de Bacillus subtilis, B. antharacis, B. mycoides, Micrococcus citreus e Sarcina lutea, com concentrações inibitórias mínimas de 20-30 mg/mL. 2
Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de obtenção e identificação de frações ativas de Pilocarpus riedelianus que possam ser utilizadas no controle do desenvolvimento do fungo simbionte das formigas cortadeiras, quanto sobre outros microorganismos patogênicos.
O extrato diclorometânico do caule de Pilocarpus riedelianus foi fracionado utilizando-se cromatografias rápida sob vácuo em filtro de placa porosa contendo Sílica gel, obtendo-se as frações hexânica, diclorometânica, acetato de etila e metanólica. Estas frações foram ensaiadas e os constituinte químicos foram posteriormente isolados e identificados utilizando-se diversas técnicas cromatográficas e espectroscópicas. De acordo com os resultados dos ensaios biológicos, realizados no Centro de Estudo de Insetos Sociais da Unesp, Rio Claro, foram priorizadas as frações que apresentaram maior percentual inibitório sobre os microorganismos.
Os ensaios de inibição do crescimento do fungo simbionte indicaram que o extrato diclorometânico do caule foi o mais ativo (100% de inibição na concentração de 1000 mg/mL) e que as frações mais ativas deste extrato foram a hexânica (60% de inibição na concentração de 1000 mg/mL) e diclorometânica (100% de inibição na concentração de 1000 mg/mL). Portanto, as frações do extrato diclorometânico foram novamente refracionadas, ensaiadas e para as subfrações que continuaram apresentando atividade inibitória seus constituintes químicos foram analisados por RMN 1H e Espectrometria de Massas. As subfrações mais ativas apresentaram a presença das cumarinas: 3-(1,1-dimetilalil)-7-hidroxi-8-metoxi-cumarina, seselina e xantiletina.
A fração hexânica também apresentou excelente atividade para os microorganismos Staphylococcus aureus, Bacilo Sistilis, Candida Krusei, Cryptococcus laurentei, Rhodotorula rubra, Saccharomyces cerevisae e em particular para Candida albicans. O refracionamento das subfrações ativas nestes microorganismos levaram ao isolamento de sesquiterpenos, dentre eles o sesquichamaenol.
As subfrações hexânicas inibiram fungos, leveduras e bactérias, enquanto as subfrações diclorometânicas constituídas essencialmente por cumarinas foram altamente ativas, em especial sobre o fungo Leucoagaricus gongylophorus das formigas cortadeiras.
Referências:
Gilman, A. G., Hardman J. G., Limbird, L. E., The Pharmacological Basis of Therapeutics. Ninth edition (International edition), McGraw Hill, New York, 1996.
Mello, J. F. DE, Monache, F. D., Lima, O. G. DE, Marini-Bettolo, G. B., Maciel, G. M., Tucci, A. P., Ataide, M.. Cumarinas de Pilocarpus cf. spicatus St Hill. Hortiolona, um novo antimicrobiano de plantas superiores. Ver. Inst. Antib. Univ. Fed. De Pernambuco, p. 19, 1979.
FAPESP/CNPq/PRONEX-MCT-FINEP