OS XAMPUS COMO TEMA PARA O ENSINO DE QUÍMICA
Kátia Lúcia da C. Araújo1 (IC), Pedro Ivo C. Guimarães1 (PQ) e Fábio Merçon2 (PQ)
1 Departamento de Química Orgânica, Instituto de Química, UERJ -
R. São Francisco Xavier, 524, Rio de Janeiro, RJ, 20550-013, tel. (21) 587-7631
2 Departamento de Ciências da Natureza, Colégio de Aplicação, UERJ -
R. Santa Alexandrina, 288, Rio de Janeiro, RJ, 20261-232, tel. (21) 504-4004
palavras-chave: aula experimental, ensino de química, xampus
Nos últimos anos alguns educadores tem tentado superar obstáculos que até então não foram solucionados no ensino de química, nos níveis fundamental e médio. Várias metodologias vem sendo desenvolvidas, buscando uma maior relação entre ciência, cotidiano e cidadania, afim de solucionar esse problema. Segundo Schnerzler [1], o ensino de química deve aprimorar a capacidade de tomada de decisão, o que implica a necessidade de vinculação do conteúdo trabalhado em sala de aula com o contexto social em que o aluno está inserido, permitindo a este uma melhor construção de sua cidadania.
A elaboração de aulas experimentais corresponde a uma das técnicas desenvolvidas com esse objetivo. O tema “Xampus – Produtos de Limpeza e Higiene Pessoal” se adequa a esta metodologia pois possibilita a elaboração de aulas experimentais de baixo custo, curto tempo de duração e que pode ser realizada na sala de aula [2]. Por ser um bom tema para aulas de química, este foi abordado por Barbosa e Silva [3]. Entretanto, estes autores limitaram-se apenas a uma abordagem teórica do assunto. Desta forma, tornou-se evidente a necessidade da elaboração de uma aula prática, uma vez que a química foi uma ciência de desenvolvida através de experimentação. No presente trabalho, experimentou-se a integração entre teoria e prática, a qual possibilitou a obtenção de melhores resultados, principalmente por ter sido explorado um tema como xampus, que relacionou o conteúdo da disciplina com o cotidiano do aluno.
O objetivo do presente trabalho foi a elaboração de uma aula experimental abordando o tema xampus para ser aplicada nas turmas de 8ª série do ensino fundamental do Colégio de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (CAp - UERJ). Como é nesta série que o aluno tem o primeiro contato com a química, a aula foi desenvolvida com o intuito de motiva-lo para o ensino desta disciplina. Durante o desenrolar da aula, as substâncias que compõe o xampu foram apresentadas em função de suas propriedades, não tendo sido feito menção com relação a fórmulas estruturais e moleculares.
Métodos
Materiais e reagentes: Pipeta (10 mL), bastão de vidro, proveta (1000 mL), bécher (100 mL) e bécher plástico de 4 L, lauril sulfato de sódio, extrato vegetal, amida de coco, corante, dispersante, essência, base perolada, sal de cozinha, conservante e recipiente plástico (150 mL).
Procedimento: Para obtenção de 1,5 L de xampu, misturou-se, em um bécher de 4 L, com agitação constante: 900 mL de água, 300 mL de lauril sulfato de sódio, 30 mL de dispersante, 30 mL de amida de coco, 5 mL de essência, 10 mL de corante, 90 mL do extrato vegetal, 1 g de conservante e 30 mL de base perolada. Ao final, adicionou-se aproximadamente 30 g de sal de cozinha até se obter a viscosidade ideal.
Resultados
O procedimento demonstrou-se simples e rápido. Os materiais empregados, foram facilmente obtidos em lojas de produtos de limpeza e higiene pessoal. Este experimento apresentou um baixo custo, R$ 0,50 por aluno, o qual recebeu 150 mL de xampu ao final do experimento.
Observou-se um maior incentivo e participação dos alunos, principalmente pela contribuição destes na escolha do aroma e do corante, na elaboração do rótulo contendo a composição do xampu e no preparo do produto. O rótulo foi elaborado a partir da observação de rótulos de outros produtos industrializados.
O aumento da participação dos alunos durante a realização da prática foi evidenciado através de constantes questões sobre o tema explorado, uma vez que o xampu é freqüentemente usado por estes em seu dia-a-dia.
O tipo e metodologia empregada permitiu uma ampla abordagem de conceitos como: tensão superficial, viscosidade, poluição, sabões e detergentes, além de um enfoque social através da questão aluno-cidadão.
Conclusões
A realização de uma aula prática associada a uma metodologia constituída através da experimentação, observação e racionalização mostrou-se interessante e eficiente. Esta gerou, através da ciência, uma ponte entre o aluno e uma melhor formação de sua cidadania por trabalhar temas inseridos no cotidiano dos mesmos.
Bibliografia
[1] – SCHNERZLER, R. P. e SANTOS, W. L. P. DOS. Função social. O que significa ensino de química para formar o cidadão ? Química Nova na Escola. São Paulo, v. 4, p. 28-34, 1996.
[2] - ARAÚJO, K.L.C, MERÇON, F. e GUIMARÃES, P.I.C. Produção de sabões: Inserindo a química no cotidiano do aluno. Anais do VIII Encontro da Sociedade Brasileira de Química Regional Rio. Rio de Janeiro, p. 17, 1999.
[3] - BARBOSA, A. B. e SILVA, R. R. Xampus. Química Nova na Escola. São Paulo, v. 2, p. 3-6, 1995.