FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES: UM PROCESSO EM CONSTRUÇÃO


Patrícia Soares de Lima1 (PQ), Djalma Andrade2 (PQ)


1Secretaria de Estado de Educação/ Escola de 1º e 2º grau Dr. "Milton Dortas"

2Departamento de Química - Universidade Federal de Sergipe

E-mail: geq@sergipe.ufs.br


palavras chaves: formação continuada, construção do conhecimento, aprendizagem


O mundo contemporâneo evidência a necessidade de estudos interdisciplinares e multidisciplinares para integração do conhecimento; dessa maneira, o produzir em grupo, partilhar experiências, incorporar novas visões e paradigmas constituem-se como desafios, que irão contribuir para a ampliação da nossa consciência e de nossa percepção. Porém, a formação do professor é geralmente discutida a partir da visão limitada e mal enfocada de programas de treinamento, entendidos, muitas vezes, como participação em eventos isolados, tais como cursos de curta duração (até 10 horas/aula), seminários ou congressos, abstraídos das circunstâncias concretas e da vivência, dando aos professores a sensação de não saberem as coisas, de não terem um conhecimento útil para resolver os problemas concretos da sala de aula. O conhecimento parece que não lhes pertence!

Se pensarmos que o conhecimento no mundo a partir do ano 2000 dobrará a cada 20 meses e que a população da Terra excederá a 10 bilhões de pessoas. Quando adicionarmos, a cada ano, uma população de 100 milhões de habitantes, ser professor de uma ciência deverá ser um ato cada vez mais responsável.

O Programa Pró-Ciências, financiado pela CAPES, nos possibilitou elaborar o projeto de formação continuada "FAZENDO EDUCAÇÃO ATRAVÉS DA QUÍMICA - UM COMPROMISSO COM A CIDADANIA", objetivando: conscientizar o profissional de ensino, de que ensinar é uma tarefa complexa e requer uma formação sólida e continuada para que possa, criticamente, definir o que ensinar, como ensinar e porque ensinar, visando preparar o individuo para participar de uma sociedade democrática, sabendo lidar com produtos tecnológicos produzidos e posicionando-se frente às implicações decorrentes de tais tecnologias; compreender que temas sociais não constituem apenas mais um elemento a ser incluído no conteúdo programático, mas um poderoso mecanismo para auxiliar na formação da cidadania; abordar de forma integrada os componentes essenciais do conteúdo básico do ensino: a informação química e os aspectos sociais; qualificar professores de Química, que atuam no ensino médio e possibilitar a complementação da sua formação.

Foram formadas duas turmas, com um total de 78 cursistas, cuja seleção obedeceu aos critérios: estar lecionando química em nível médio; obter na entrevista, no mínimo 50 pontos de um total de 100 pontos, entrevista feita com base na bibliografia entregue no ato da inscrição; análise do Curriculum Vitae. No caso de empate, foi levado em consideração lecionar na rede pública de ensino e ter experiência de ensino de, no mínimo, um ano.

Dos 78 cursistas selecionados 73% lecionam na rede pública de ensino, 25,7% na rede privada e 1,3% em ambas. 29,48% são Licenciados em Química, 47,43% são estudantes do Curso de Licenciatura em Química e 8,98% formados em outras áreas da Química.

As atividades do projeto foram desenvolvidas no período de fevereiro a julho de 1999, com aulas ministradas as terças e quartas feiras, no período matutino para turma A e noturno para turma B, e um seminário em outubro. O que possibilitou aos cursistas aliar os conhecimentos do curso à dinâmica da prática docente, aplicando o material instrucional elaborado, sob a orientação e acompanhamento de professores do Departamento de Química da UFS.

A estrutura curricular foi constituída das disciplinas: química e meio ambiente,

instrumentação para o ensino de química, abordagem de química no ensino médio, laboratório de ensino de química; tópicos especiais e seminários.

A metodologia adotada partiu das experiências do trabalho exercido pelos profissionais de ensino aprofundando-as através da análise, da crítica, da discussão e da pesquisa de novas abordagens de ensino, estabelecendo relações entre teoria/prática e levando-os ao domínio crítico dos conteúdos abordados. Foram elaborados textos de apoio, buscando elementos sociais, tecnológicos e do meio ambiente para dar suporte as discussões e construção de conceitos químicos.

Foram utilizados dois mecanismos distintos no processo avaliativo: avaliação de desempenho, devendo o cursista atingir média sete por disciplina e avaliação do processo, objetivando realimentar e possibilitar correções na proposta, ocorrendo ao longo o processo, através de reuniões para rever as estratégias que foram utilizadas em sala de aula, avaliar a sua adequação, discutir dificuldades encontradas e propor alternativas.

Os cursistas responderam a um questionário, constatando-se que 81% consideraram o material didático adequado, 86,75% ficaram satisfeitos com os esclarecimentos solicitados e 83,5% gostaram dos exemplos práticos utilizados durante as discussões.

A avaliação dos questionários e o índice de aproveitamento do curso, que foi de 87,2%, demonstram: motivação dos professores/cursistas para aprender mais, evolução na abordagem dos conteúdos químicos, com mudanças na pratica pedagógica e formação de grupos de estudos.


CAPES/FAPESE


Referências Bibliográficas


CHASSOT, A. I. Catalisando transformações na educação. Ijuí : Ed. UNIJUÍ, 1993

LIMA CASTRO, M.E.C. Formação continuada de professores de química. Química Nova na Escola, nº 4,1996.

CANDAU, V. M. F. Formação Continuada de professores: tendências atuais. São Carlos: EDUFSCar, 1996.