PROPRIEDADES ESPECTROSCÓPICAS E ELETROQUÍMICAS DE COMPLEXOS DE ÍONS METÁLICOS COM FLAVONOIDES.


Rubens Francisco V. de Souza (PG) e Wagner Ferraresi De Giovani (PQ).


Depto de Química – Fac. Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – USP.


palavras – chave: flavonoides, complexos de Cu(II), espectroeletroquímica


I-INTRODUÇÃO

Um dos tópicos de maior interesse na pesquisa científica na área médica é a prevenção de doenças degenerativas, como o câncer e as doenças coronarianas. Vários estudos epidemiológicos demonstraram que o consumo de frutas, verduras e legumes diminuem o risco de se contrair essas moléstias; uma das classes de substâncias que contribuem para as propriedades químiopreventivas desses produtos são os flavonoídes1 .Recentemente têm-se demonstrado que os flavonoides podem ser usados como ligantes nas determinações espectrofotométricas de vários íons de metais de transição principalmente com o íons Cu(II).2


II-OBJETIVO

Neste trabalho, são relatadas sínteses e caracterizações de complexos dos flavonoides (quercetina, 3-hidroxiflavona e rutina) com íons Cu(II) e determinar como a formação dos complexos influenciam nas propriedades redox e espectroscópicas desses flavonoides.


III-MÉTODOS

Os complexos foram sintetizados pela dissolução do flavonoide e sulfato de cobre pentaidratado em metanol previamente purificado, seguindo a proporção determinada pelo método de Job, (1:2) no caso da quercetina, (1:1) no caso da 3-hidroxiflavona e (2:3) no caso da rutina, seguida de destilação até a formação de cristais, que foram separados e purificados, dissolvendo-os em acetona e precipitando-os em éter seco. Os experimentos de voltametria cíclica, foram realizados utilizando-se uma cela cilíndrica de 15 mL de capacidade, eletrodo de prata/cloreto de prata como referência, fio de platina como eletrodo auxiliar, eletrodo de carbono vítreo, de 3 mm de diâmetro, como eletrodo de trabalho, metanol como solvente e perclorato de lítio como eletrólito suporte, variando-se a velocidade de varredura no intervalo de 20 a 200mV.s-1. As medidas de absorção no UV-Visível, foram realizadas em um espectrofotômetro HP modelo 8453, no intervalo de 200 a 600nm, utilizando-se metanol como solvente. Os espectros de Infra-vermelho foram obtidos em um, espectrofotômetro Matson Polaris Varian modelo 3400 em pastilhas de brometo de potássio. As analises elementares e termogravimétricas foram realizadas no Departamento de Química da FFCLRP-USP.

IV-RESULTADOS

Os dados de caracterização dos compostos estão apresentados na Tabela 1.

A comparação dos potenciais de oxidação dos flavonoides livres e complexados com Cu(II), mostraram que, no caso da 3-hidroxiflavona e da quercetina, houve diminuição dos valores quando complexados.

Nos espectros de Infra-vermelho dos complexos foram observadas as bandas características de água de coordenação na região de 3500cm-1, além das bandas correspondentes `as ligações C=O e Cu-O. A presença de água de coordenação foi confirmada por análise termogravimétrica;4 moléculas de água de coordenação do complexo com quercetina, 4 moléculas no caso da 3-hidroxiflavona e 6 moléculas no caso da rutina.

TABELA 1- Dados de caracterização dos compostos.

Compostos

Epa

(Vs Ag/AgCl)/V

IV (cm-1)

nC=O nCu-O

UV-Vis

lmáx, nm

(e), mol-1cm-1.L

Análise Elementar

C(%) H(%)

Calculado

Experimental

quercetina

+ 0,62

+ 0,93

1651 ----

256 (17400)

372 (17600)


[Cu2(querc)(H2O)4](SO4)

+ 0,58

+ 0,91

1649 610

271 (14400)

449 (8700)

30,30 2,70

30,51 2,74

3-hidroxiflavona

+ 0,91

1652 ----

238 (15800)

343 (13700)


[Cu(3-hid)(H2O)2]2SO4


+ 0,89

1651 609

246 (37400)

418 (18800)

46,82 3,40

46,49 3,37

Rutina

+ 0,90

1652 ----

257 (21400)

358 (17700)


[Cu3(ruti)2(H2O)6](SO4)

----

1651 610

267 (28500)

354 (20000)

38,75 3,97

38,34 4,04


V-CONCLUSÕES

Os dados eletroquímicos mostram que a atividade antioxidante dos flavonoides é favorecida, em alguns casos, quando estão complexados, pois os potenciais de oxidação dos complexos (com quercetina e 3-hidroxiflavona) são menores que os potenciais de oxidação dos flavonoides livres.


VI-BIBLIOGRAFIA

  1. G. Block; B. Patterson; A. Subbor, Nutr and Cancer ,18, 1-29 (1992)

  2. J. E. Brow, H. Khord, R.C.Hider, C.A. Rice Evans, Biochem. J., 330, 1173-1178 (1998)

CNPq