INTERAÇÃO DE COPOLÍMEROS DE ESTIRENOSSULFONATO COM SURFACTANTE


Eduardo T. Iamazaki(1) (PG); Miguel. G. Neumann(2) (PQ)


(1) e (2) Departamento de Físico-Química; Instituto de Química de São Carlos; Universidade de São Paulo


Palavras chave: Copolímeros; Surfactante; Interações.


O comportamento de polímeros hidrofobicamente modificados em solução aquosa tem sido muito investigado devido à grande utilidade dessas macromoléculas como restauradoras da eficiência de óleos, em tintas látex, viscosificadores aquosos, bem como carreadores de drogas em sistemas biológicos1,2. Entretanto, a caracterização do tamanho dos microdomínios formados devido à interação entre os segmentos hidrofóbicos da cadeia ainda não está bem definida, devido aos vários fatores que podem influenciar sua formação; dentre eles: composição do copolímeros, flexibilidade da cadeia, distribuição dos monômeros na cadeia (aleatório, bloco ou alternado) e o grau de hidrofobicidade dos monômeros hidrofóbicos. Muitos dos estudos tem sido feitos utilizando técnicas fotofísicas, especialmente as relacionadas com a incorporação de sondas fluorescentes em sítios específicos. Informações sobre os microdomínios presentes nos sistemas são obtidas a partir das variações espectrais e temporais das sondas solubilizadas ou ligadas aos sistemas, em conjunto com resultados de experimentos de supressão.

O objetivo do presente estudo é a preparação e a caracterização de copolímeros de estirenossulfonato de sódio com butilviniléter, bem como estudar suas conformações, propriedades e suas interações com surfactante de carga oposta (C16H33(CH3)3N+Cl-). As técnicas experimentais utilizadas foram a fluorescência estacionária, utilizando-se como sonda o pireno, e RMN.

Os copolímeros de BVE/SS (co-BVE) foram preparados pela técnica de copolimerização micelar. A concentração do iniciador KPS foi mantida em 0,3 % em peso da massa total de monômero na carga. A concentração de CTAB foi mantida em 2 % em peso, correspondendo a aproximadamente 100 vezes sua cmc a 25 ºC. As reações de copolimerização foram conduzidas em um reator de 250 mL conectado a um condensador de refluxo e equipado com termômetro, “septum” de borracha e agitação magnética. As reações foram realizadas sob atmosfera de nitrogênio. Após o resfriamento da mistura reacional até a temperatura ambiente, o polímero foi precipitado sobre um grande excesso de acetona. A estrutura química e a composição molar dos copolímeros foram determinadas a partir dos espectros de RMN-1H3. Medidas de fluorescência foram realizadas em soluções aeradas usando um espectrofluorímetro Hitachi F-4500. A concentração de pireno foi de 5x10-7 mol/L, foi mantida constante em todos os experimentos. Medidas de fluorescência intrínseca dos copolímeros foram feitas com o objetivo de caracterizar a maneira como os monômeros estão distribuídos na cadeia polimérica (bloco ou aleatório).

Copolímeros sintetizados com baixas razões [H]/[S] apresentam um espectro de emissão semelhante ao do monômero (SS) em soluções diluídas, e aquelas sintetizados utilizando razões [H]/[S] maiores apresentam uma emissão semelhante ao homopolímero (PSS)4,5. O espectro de emissão de fluorescência do pireno em sistemas contendo copolímero e surfactante apresenta uma mudanças significativas correspondendo a uma mudança no sítio de solubilização da sonda. Por um lado, a emissão total vai diminuindo gradativamente a medida que se aumenta a concentração de surfactante até concentrações de surfactante próximas da cmc. Esta diminuição se deve possivelmente ao fenômeno de agregação da sonda em regiões próximas das moléculas de surfactante. A partir da cmc, é observado um aumento da emissão, resultado da redistribuição da sonda em micelas, chegando a intensidades bem maiores que a inicial, devido à mudança para um meio mais hidrofóbico. A figura abaixo apresenta o comportamento das razões I1/I3 e IE/IM para o pireno na presença do sistema Co-BVE45-R/surfactante. Observou-se o aparecimento de uma nova região caracterizado por micelas induzidas e as regiões de decréscimos da razão I1/I3 são coincidentes com a regiões dos máximos da razão IE/IM (Região A e B).

A agregação do surfactante cloreto de hexadeciltrimetilamônio (avaliada pela técnica de emissão da sonda pireno) mostra a formação de micelas induzidas a concentrações bastante menores que as necessárias para formar micelas em meio aquoso. Essas micelas são formadas a concentrações entorno de 0,25 mM, aparentemente independente da composição dos copolímeros. Os microambientes formados por estes agregados são menos hidrofóbicos que os das micelas verdadeiras (I1/I3 » 1,45 contra valores de 1,3 para micelas normais). A concentrações maiores do surfactante (em alto excesso sobre a concentração de monômeros em solução) se formam micelas normais com cmc’ ligeiramente maiores que as achadas em solução aquosa.


1 H. H. Fendler; Membrane Mimetic Chemistry, Wiley, New York, 1982.

2 M. Stepanek; K. Krijtová; K. Procházka; Y. Teng; S. E. Webber; Colloid Surface A, 147; 79; 1999.

3 M. G. Neumann, G. de Sena, Colloid Polym. Sci., 40, 5003, 1999.

4 K. C. Dowling and J. K. Thomas, Macromolecules, 23, 1059, 1990.

5 Y. Chang and C. L. McCormick, Macromolecules, 26, 6121, 1993.



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