TÉCNICAS ALTERNATIVAS DE ENSINO DE química para deficientes visuais: ESTRUTURA ATÔMICA
Paula S.C.B.G. de Castro (IC)1, Erika C. Riqueza (PG)1, Mônica P.P. Oliveira (FM)2, Mônica R. M. P. de Aguiar (PQ)1
1. Departamento de Química Orgânica Instituto de Química -
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (e-mail:mmarques@uerj.br)
2. Instituto Benjamin Constant
palavras-chave: ensino de química, deficientes visuais, experiências alternativas
A importância do ensino de Química não está apenas no simples conhecimento do conteúdo teórico da disciplina, mas também na formação do aluno como um cidadão, capaz de compreender e questionar os fenômenos que ocorrem a sua volta. Para isso, o ensino deve estar vinculado ao cotidiano do aluno e às questões sócio-político-econômicas.
A experimentação tem um papel fundamental no ensino de Química, pois tem um caráter motivador e lúdico, despertando um forte interesse entre os alunos, inclusive alunos que apresentam deficiência. Os experimentos, realizados para alunos do Ensino Fundamental e Médio, normalmente prendem-se a técnicas visuais. Infelizmente essa metodologia não é adequada a alunos que apresentam deficiência visual.
Diante disso, nosso objetivo é desenvolver materiais didáticos alternativos adequados a esses alunos. Todo o material é obtido com baixo custo financeiro, tornando-o acessível tanto às escolas particulares quanto às públicas.
O trabalho é desenvolvido com alunos com idade variando entre 15 e 22 anos da 7a série do Ensino Fundamental do Instituto Benjamin Constant (IBC: Av. Pasteur, 35/308, Urca, Rio de Janeiro. 22.290 240), um centro de excelência na área de do deficientes visuais.
O material didático é aplicado por toda equipe após as aulas teóricas dadas pela professora da turma. Para obter-se um bom resultado, é fundamental dar uma atenção especial a cada aluno, pois cada um deles precisa manusear o material elaborado. Ao final das atividades, aplica-se um questionário para avaliar a assimilação, pelos alunos, do conteúdo dado. Além disso, observa-se a participação freqüente deles.
É possível desenvolver com os alunos os conceitos básicos de Estrutura Atômica, inclusive Distribuição Eletrônica, utilizando-se apenas cartolina, barbante, bolinhas de isopor, grãos de feijão e pequenos ímãs.
Em uma cartolina, representa-se o modelo atômico de Rutherford, utilizando-se barbante, para delimitar a eletrosfera e o núcleo; bolinhas de isopor, representando os prótons e nêutrons; feijão, representando os elétrons. Nesse simples modelo, pode-se desenvolver com os alunos os conceitos de: elétron, próton e nêutron e as respectivas localizações; número atômico e número de massa; isótopos, isótonos e isóbaros; íons (cátions e ânions).
Para os alunos conhecerem os conceitos das camadas eletrônicas (K, L, M, N, O, P, Q) e da distribuição dos elétrons em cada uma delas (2, 8, 18, 32, 32, 18, 8), utiliza-se um modelo semelhante ao anterior. A diferença é que o átomo possui todas as camadas completas, onde os elétrons continuam sendo os gãos de feijão.
A distribuição eletrônica é abordada com uma outra cartolina, onde também representa-se um átomo com as camadas eletrônicas delimitadas por barbante. Coloca-se este modelo sobre uma superfície metálica. Então os alunos fazem a distribuição de pequenos ímãs (elétrons), obedecendo a regra do octeto.
Baseado nas respostas dos questionários e na participação dos alunos durante as atividades, foi possível constatar uma evolução no aprendizado desses alunos. Além disso, demonstraram bastante interesse e satisfação nas atividades desenvolvidas.
Conclui-se também que esse material didático pode ser aplicado a alunos sem deficiência, assim é possível facilitar a integração do aluno que apresenta deficiência visual na rede regular de ensino, como prevê a legislação brasileira. Sem esquecer, que este aluno necessita de apoio extra-classe.
Nesse sentido, a cidadania e o direito à educação das pessoas portadoras de deficiência visual estão sendo defendidas.
REFERÊNCIAS:
CHASSOT, A.I. Catalisando transformações na Educação. Ijuí: Editora Unijuí, 1993.
CHALLONER, J. The Visual Dictionary of Chemistry. Italy: DK, 1996.
MAZZOTTA, M.J.S. Educação especial no Brasil: história e políticas públicas. São Paulo: Editora Cortez, 1996.
(SR-3/CETREINA UERJ)