INFLUÊNCIA DA ADIÇÃO DE ÓXIDO DE BÁRIO NO MECANISMO DE CRISTALIZAÇÃO DE VITRO-CERÂMICOS BASEADOS EM
Li2O - ZrO2 - SiO2
Cristian Berto da Silveira (PG)1, Sílvia Denofre de Campos (PQ)1, Antônio Pedro Novaes (PQ)2, Elvio A. de Campos (PQ)3
1- Departamento de Química - C.P. 476
2- Departamento de Engenharia Mecânica - Labmat
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, S.C., 88040-900
3- Departamento de Química
Universidade Estadual de Maringá, Pr.
palavras-chave: vitro-cerâmico, óxido de bário e cristalização
Introdução
A produção de materiais vitro-cerâmico, a partir da cristalização controlada de vidros, vem despertando o interesse de muitos pesquisadores por permitir a obtenção de produtos com propriedades diferenciadas.
A cristalização, é o processo no qual se forma uma fase sólida estável a partir de uma fase meta-estável estruturalmente desordenada. Este processo ocorre pelo favorecimento das etapas de nucleação e crescimento de cristais durante o resfriamento do vidro, ou por tratamento térmico em condições adequadas do vidro já resfriado.(1)
O controle da cristalização, através da composição do vidro utilizado ou das condições de tratamento térmico, definem o mecanismo de cristalização predominante que pode ser superficial ou volumétrico. Para a identificação do mecanismo e do controle da cristalização utiliza-se como ferramenta a análise térmica diferencial, que pode ser complementada por técnicas de microscopias.
Objetivos
Verificar a influência da adição de óxido de bário frente ao mecanismo de cristalização em sistemas [30% Li2O, 5% ZrO2, x% BaO, (65% - x SiO2)], através de Análise Térmica Diferencial (ATD) e Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV).
Métodos
Vidros de composições variadas [30% Li2O, 5% ZrO2, x% BaO, (65% - x SiO2)], foram sintetizados conforme descrito em trabalhos anteriores.(2) A análise térmica diferencial das amostras em pó e monolítica foram feitas com uma taxa de aquecimento 10OCmin-1, partindo de 25 a 1250OC. O tratamento térmico das amostras foram feitos num forno EDG 1800 a temperatura de 600oC por 1 hora. As amostras termicamente tratadas foram analisadas por microscopia eletrônica de varredura.
Resultados
A análise térmica diferencial das amostras em pó, mostra que para todas as composições ocorre um pico exotérmico correspondente a cristalização do vidro. (ver tabela I) Para teores de BaO maiores, a temperatura em que a cristalização ocorre é menor e existe a tendência a formação de um segundo pico exotérmico sugerindo a cristalização de uma segunda fase.( 3)
A presença de um pico exotérmico nos termogramas das amostras não pulverizadas reforça a idéia de uma cristalização volumétrica. Uma diminuição no intervalo de temperatura e uma melhor definição do pico exotérmico pode ser observado com o aumento da concentração de BaO nas amostras, sugerindo uma tendência a transição do mecanismo predominante de cristalização superficial para volumétrica.(4)
Comparando os termogramas das amostras em pó e monolítica verifica-se um deslocamento do pico exotérmico, sugerindo a cristalização superficial, sendo que para porcentagens maiores de BaO este deslocamento é reduzido, reforçando a idéia da transição do mecanismo.
A análise de microestrutura confirma os resultados descritos acima, ou seja, tem-se a mudança de mecanismo predominante de cristalização superficial para volumétrica, a medida que a porcentagem de BaO aumenta nas amostras.
Tabela 1: Dados obtidos dos termogramas das amostras analisadas
| 
					 Amostras  | 
				
					 % BaO  | 
				
					 tg (pó) K  | 
				
					 tc (pó) K  | 
				
					 tm (pó) K  | 
				
					 tg (vol.) K  | 
				
					 tc (vol.) K  | 
				
					 tm (vol.) K  | 
			
| 
					 CG-1  | 
				
					 0  | 
				
					 748  | 
				
					 929  | 
				
					 1284  | 
				
					 760  | 
				
					 826  | 
				
					 1291  | 
			
| 
					 CG-2  | 
				
					 5  | 
				
					 746  | 
				
					 908  | 
				
					 1276  | 
				
					 751  | 
				
					 808  | 
				
					 1283  | 
			
| 
					 CG-3  | 
				
					 10  | 
				
					 743  | 
				
					 910  | 
				
					 1258  | 
				
					 752  | 
				
					 784  | 
				
					 1278  | 
			
| 
					 CG-4  | 
				
					 15  | 
				
					 745  | 
				
					 898  | 
				
					 1249  | 
				
					 745  | 
				
					 741  | 
				
					 1254  | 
			
| 
					 CG-5  | 
				
					 20  | 
				
					 749  | 
				
					 892  | 
				
					 1280  | 
				
					 744  | 
				
					 647  | 
				
					 1365  | 
			
tg = Temperatura de transição vítrea; tc = Temperatura de cristalização; tm = Temperatura de fusão
Conclusão
Analisando os resultados obtidos através de análise térmica diferencial (ATD) e microscopia eletrônica de varredura (MEV), pode-se concluir que a quantidade de BaO presente nas amostras é responsável pelo mecanismo de cristalização predominante no material vitro-cerâmico. A transição no mecanismo de cristalização de superficial para volumétrico ocorre a medida que a concentração de BaO das amostras aumenta.
Bibliografia
1- M. V. Fogueras - "Obtenção de Vitro-Cerâmicos a partir de Resíduos Industriais de Silicatos" Proposta de tese de doutorado submetida ao Centro Tecnológico, Curos de Pós-Gradução em Engenharia Mecânica -UFSC. 1998
2- C. B. da Silveira, S. D. de Campos, S. C. de Castro and Y. Kawano, Mater .Res. Bull. vol. - 34 (1999)
3- Z. Stranad - "Glass Ceramic Materials: Glass Science and Technology 8"; Ed. Elsevier N.Y.,1986, 145-150
4- EL-SHENNAVI, A. W.A., MORSI, M.M., KHATEER, G.A., ABTEL-HAMEED, S.A.M. Thermodynamic investigation of crystallization behavior of pyroxenic basalt-based glasses. Journal of Thermal Analysis, v. 51, p. 553-560, 1998.
Agradecimento: CNPq