CONTRIBUIÇÃO AO CONHECIMENTO QUÍMICO DE GUTTIFERAE. COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE TOVOMITA BREVISTAMINEA Engl.

Augusto César de Andrade Lima (PG), Fernando Maia de Oliveira (PQ),

Lucia Maria Conserva (PQ)

Departamento de Química, Universidade Federal de Alagoas, 57072-970, Maceió/AL

Palavras-chave - Tovomita brevistaminea; Guttiferae; composição química.

A família Guttiferae, composta de 25 gêneros distribuídos nos trópicos e regiões temperadas, compreende cerca de 1500 espécies utilizadas popularmente como citotóxica, antiinflamatória, antimicrobiana e hipotensiva¹. Do ponto de vista químico, as espécies estudadas são reconhecidas como fontes, entre outros, de xantonas, benzofenonas, terpenóides, alquil e fenil cumarinas, antraquinonas e de derivados antranóides, cromonóis e floroglucinóis ativos contra diversos fins^2-19. De acordo com Engler, os gêneros estudados desta família distribuem-se em nove tribos pertencentes a seis subfamílias²⁰. O gênero Tovomita (subfamília Clusioideae e tribo Clusieae) possui cerca de 16 espécies reconhecidas pela presença de xantonas simples e preniladas, benzofenonas e terpenóides^17,21. Essa variedade estrutural, bem como o amplo registro de atividades que as espécies e seus constituintes químicos apresentam, induziram-nos a selecionar a espécie Tovomita brevistaminea Engl., com o objetivo de conhecer e ampliar o conhecimento sobre a química de Guttiferae.

Levantamento bibliográfico efetuado no Chemical Abstract (até agosto/1999), bem como no Institute for Scientific Information Citation Databases sobre o gênero Tovomita, revelou que nenhum estudo fitoquímico e/ou biológico havia sido, eté então, efetuado com a espécie T. brevistaminea Engl. Entretanto, em outubro/1999, verificou-se na literatura ocorrência de duas xantonas (Manglexantona, Trapezifolixantona) e de três benzofenonas (Tovofenonas A, B e C) no extrato clorofórmico das raízes²¹. No entanto, o fracionamento cromatográfico dos extratos clorofórmicos das raízes e do caule, incluindo as cascas de um espécimen identificado como T. brevistaminea Engl., coletados no município de São Luis do Quitunde/AL, conduziu ao isolamento de uma antraquinona (1) e três triterpenos (2-4) e de uma mistura constituída dos fitoesteróides b-Sitosterol e Estigmaterol. De acordo com a química de Guttiferae, antraquinonas e derivados antranóides têm sido encontrados em espécies da tribo Vismieae. De acordo com Bennett e Lee²⁰, os gêneros estudados das tribos Vismieae (Vismia, Psorospermum e Harungana) e Clusieae (Clusia e Tovomita) produzem xantonas e benzofenonas, constituintes de importância taxonômica na família. Na tribo Clusieae, estas classes ocorrem com frequência em espécies de Tovomita; no entanto, em Clusia, onde um número reduzido de espécies foi investigado²², somente recentemente xantonas foram encontradas em C. nemorosa²³ e em C. insignis²⁴. Se analisarmos o fato seguindo a mesma linha de raciocínio, não descartando porém a necessidade de uma revisão mais criteriosa quanto a identificação da espécie em questão, visto que dentre as 60 espécies de Tovomita existentes, apenas 07 tiveram sua composição química investigada, é possível que a ocorrência de antraquinona na tribo clusieae seja mais um argumento para fortalecer a discussão entre uma maior interrelação entre as duas tribos e, consequentemente entre as duas subfamílias.

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