DETERMINAÇÃO DE MARCADORES QUÍMICOS NO INFUSO DAS FOLHAS DE Cymbopogon citratus (DC.) Stapf


1,2José Luiz Pinto Ferreira (PQ); 1Antonia Eliete Soares de Paula (IC); 2Eliane Souza Carvalho (PG); 1Eliane Velasco Simões (IC); 1Ana Claudia Fernandes Amaral (PQ); 1Benjamin Gilbert (PQ)


1Lab. de Química de Produtos Naturais (LQPN), Far-Manguinhos, Fiocruz. Rua Sizenando Nabuco, 100 - Manguinhos, Rio de Janeiro (RJ) , 21041-250, Brasil.

2Lab. de Farmacognosia, MAF, Fac. de Farmácia, UFF. Rua Dr. Mário Viana, 523 - Santa Rosa, Niterói (RJ), 21241-000, Brasil


palavras-chaves: Cymbopogon citratus, infuso, marcadores químicos


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O controle da qualidade de produtos fitoterápicos no Brasil vem crescendo nos dias atuais em função, ao nosso ver, de dois fatores principais: o maior consumo destes produtos pela população dos grandes centros urbanos e as exigências contidas nas portarias publicadas no assunto pela Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde1,2, onde se obriga entre outras determinações que as matérias primas vegetais e suas formas farmacêuticas devam ser avaliadas quanto aos parâmetros botânicos, químicos, microbiológicos, farmacológicos e toxicológicos. Estes critérios de qualidade estão sendo aplicados por nós à espécie botânica Cymbopogon citratus (DC.) Stapf (Poaceae) vulgarmente conhecida como “capim limão” ou “capim cidreira” a qual entra na composição de diversas preparações fitocosméticas e fitoterápicas na forma de infuso, decocto ou tintura, sendo ainda utilizada na alimentação humana devido ao seu alto conteúdo em óleo essencial com aroma e sabor de limão. Como é muito comum a sua substituição e/ou falsificação com espécies vegetais que, embora morfologicamente distintas3,4, apresentam propriedades organolépticas semelhantes, este trabalho procura contribuir na identificação de marcadores químicos presentes na infusão das folhas frescas e secas desta importante matéria prima vegetal. Para tanto amostras de folhas foram obtidas no mês de março a partir de espécies com três anos de idade cultivadas em canteiros experimentais do próprio laboratório (Manguinhos, Rio de Janeiro). Parte do material coletado foi seco à temperatura ambiente durante quinze dias à sombra (28o C), moído e em seguida submetido a um processo extrativo por infusão (100g/600mL, durante 10 min.). A mesma metodologia de extração foi feita com as folhas frescas. Parte de cada solução aquosa extrativa (300mL) ainda quente (50oC) foi esgotada com duas porções de diclorometano (2X 20mL) e os seus extratos orgânicos avaliados por cromatografia de camada fina (CCF) e cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas (CG-EM). A outra porção dos respectivos infusos (300mL) após liofilização teve o seu perfil químico determinado por CCF e cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). Utilizou-se na cromatografia de camada fina5 placas de sílica gel 60F eluidas e reveladas respectivamente com: tolueno/acetato de etila – 9,3:0,7 e vanilina sulfúrica (extrato diclorometano); acetato de etila/ácido fórmico/água – 8,8:0,6:0,6 e NP/PEG (infuso liofilizado). Na CG-EM (com banco de dados) utilizou-se uma coluna HP-5-SE 54 (30m) e hélio como gás carreador (1mL/min.). As temperaturas inicial e final foram respectivamente de 70 e 290oC (2oC/min.). Os cromatogramas (CLAE) dos infusos liofilizados foram obtidos em coluna RP18, CLC-ODS, 250X4,6mm, usando-se um gradiente linear com fase móvel de 10% metanol/água (+ 1% V/V de H3PO4, 0,1N) até 100% metanol. Nestas condições e com o uso do detector de ultravioleta com sistema multicanal, observou-se os valores do tempo de retenção e os espectros de UV-visível (200-450nm) para cada sinal do cromatograma. A análise dos perfis cromatográficos com a utilização da técnica de co-injeção de amostras padrões indicou a existência do ácido clorogênico (1), ácido cafeico (2) e luteolina 7-O-glicosídeo (3)4,6 nos dois tipos de infusos. Na partição da infusão das folhas frescas com diclorometano predominaram o neral (4) [42,72%] e o geranial (5) [52,23%] com pequenas quantidades de acetato de linalila, óxido de limoneno, geraniol e mirceno; os quais não foram observados no extrato da folha seca. A existência de componentes químicos do óleo essencial na fase orgânica (CH2Cl2) proveniente do esgotamento do infuso de capim limão indica que a população ao preparar o seu “chá” por esta técnica extrativa, consome moderadamente estas substâncias arrastadas do óleo, contidas no líquido ainda quente. Por outro lado os fenólicos6 identificados no infuso liofilizado de C. citratus auxiliam como marcadores no controle químico desta espécie botânica.


1- Brasil, Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância Sanitária. Portaria SVS n0 6 de 31/01/95. Diário Oficial da União, 6/2/1995

2- Brasil, Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância Sanitária. Portaria n0 116 de 08/08/96. Diário Oficial da União, 12/08/1996

3- Ferreira, J.L.P.; de Paula, A.E.S.; Simões, E.V.; Carvalho, E.S.; Gilbert, B., 1999. Diferenciação micrográfica entre três espécies de “erva cidreira”, II Simpósio Brasileiro de Farmacognosia, Belo Horizonte (MG): 18

4- Ferreira, J.L.P.; Amaral, A.C.F.; de Paula, A.E.S.; Carvalho, E.S.; Simões, E.V.; Gilbert, B., 1999. Chemical and morphological standardization of Cymbopogon citratus (DC.) Stapf, Bolletino Chimico Farmaceutico, 138 (2): CLXXXV

5- Wagner, H.; Bladt, S.; Zgainski, E.M., 1984. Plant Drug Analysis, Springer-Verlag, Berlim, p.303-304

6- Matouschek, B.V.; Biskup, E.S., 1991. Phytochemische untersuchumg der michtfluchtigen inhal tsstoffe von Cymbopogon citratus (DC.) Stapf (Poaceae), Pharm. Acta Helvetica, 66: 9-10, 242-245

FIOCRUZ