Espalhamento térmico de MoO3 em aluminas
Silvana Braun 1 (PG), Lucia G. Appel 2 (PQ) e Martin Schmal 1,3 (PQ)
1.NUCAT/COPPE,PEQ e Escola de Quimica3 - UFRJ, Centro de Tecnologia
bl. G s 128, RJ, CEP 21945-970.
2.Instituto Nacional de Tecnologia, Ministério de Ciência e Tecnologia
Av. Venezuela, 82, RJ, CEP20081-310.
e-mail Braun@peq.coppe.ufrj.br
Palavras-chave: espalhamento térmico, molibdênio, alumina.
Catalisadores de molibdênio suportado são muito importantes em vários processos tecnológicos da indústria petroquímica, cuja técnica mais usual de preparação é a impregnação úmida, na qual se utiliza uma solução de heptamolibdato de amônio 1. Entretanto, a dispersão das espécies de Mo formadas por essa técnica sobre os suportes é baixa e dependente da quantidade de Mo 2. Assim, quando o objetivo é facilitar a formação de camadas dispersas de espécies de Mo, são utilizadas as técnicas de adsorção em equilíbrio em fase líquida ou gasosa. Entretanto, essas requerem várias etapas e precursores muito caros 3. Assim, a partir desse contexto, e considerando-se que o paradigma de qualidade total tem direcionado a busca de tecnologias limpas, ou seja, ambientalmente corretas, procurou-se desenvolver novas técnicas de preparação. Foi mostrado recentemente que o MoO3 apresenta a propriedade de se espalhar sobre a superfície de aluminas quando submetido a tratamentos térmicos 4, o que promove uma nova técnica de preparação. Entretanto, não existem dados a respeito da dispersão das espécies de Mo formadas por esse método. Assim, a partir do exposto, o objetivo deste trabalho é estudar catalisadores Mo/Al2O3 preparados por espalhamento térmico com aluminas de diferentes morfologias.
A técnica de espalhamento térmico consistiu na calcinação a 773 K por 24 h de misturas físicas de MoO3 e do suporte em diferentes proporções, após seguir taxa de aquecimento de 10 K.min-1. Duas aluminas foram utilizadas: uma não porosa (E) de área superficial igual a 136 m2.g-1, e outra basicamente mesoporosa (P) com 195 m2.g-1. Três concentrações de Mo foram utilizadas, de cuja maior esperou-se obter uma monocamada de espécies de Mo: 6, 4 e 2 mmolMo/m2 de suporte. Os compostos obtidos foram caracterizados pelas técnicas de distribuição de volume de poros, área específica BET, difração de raios-X (DRX), espectroscopia eletrônica por raios-X (XPS) e espectroscopia de reflectância difusa (DRS).
Os resultados obtidos por XPS confirmam que o MoO3 se espalhou na superfície das aluminas, visto que a razão atômica Mo/Al superficial aumentou consideravelmente quando são comparados os valores das razões das misturas físicas com os dos respectivos catalisadores. Os difratogramas de raios-X dos compostos obtidos evidenciam a presença de óxido de molibdênio em quantidade muito menor que a inicial, o que confirma que o MoO3 sofreu interação com as aluminas, se transformando em espécies amorfas. Verificou-se que a técnica de espalhamento térmico permitiu a manutenção da morfologia dos suportes, não ocorrendo modificação substancial da distribuição de volume de poros. Por DRS, foi possível inferir a dispersão das espécies de Mo, visto que a mesma influencia muito mais a posição das bandas que a simetria local 5. Pelos resultados obtidos verificou-se que os dois grupos de catalisadores, cada um preparado com um tipo de alumina, apresentam praticamente a mesma dispersão das espécies de Mo, independentemente da quantidade de MoO3 inicial, visto que os máximos das bandas estão muito próximos. Entretanto, quando são comparados os espectros dos catalisadores de mesma concentração de Mo preparados com aluminas diferentes (fig.1) verifica-se que o máximo das bandas estão em diferentes comprimentos de onda, o que indica diferentes dispersões. Cálculos obtidos a partir desses espectros de DRS utilizando-se a transformação sugerida por Weber 6, confirmam o sugerido acima.
Fig. 1: Espectros de DRS dos catalisadores:
6P (a) e 6E (b).
Pode-se concluir que catalisadores de Mo suportado em aluminas apresentam diferentes dispersões que dependem da morfologia do suporte, mas que são praticamente independentes da concentração de MoO3 inicial. Sugere-se que suportes porosos, devido à própria topografia, dificultem a dispersão das espécies de Mo formadas a partir da destruição do retículo cristalino do MoO3 sobre a superfície do suporte devido ao tratamento térmico, o que acarreta menor dispersão.
Referências Bibliográficas
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CNPq