A reação de Adição eletrofílica entre tetracloreto de telúrio e alcinos.


Rodrigo Luiz Oliveira Rodrigues Cunha (IC) §, João Valdir Comasseto (PQ) e Julio Zukerman-Schpector (PQ) #.


§ Laboratório de Síntese de Compostos Orgânicos de Selênio e Telúrio, Departa-mento de Química Fundamental, Instituto de Química, Universidade de São Paulo.

#Laboratório de Cristalografia, Estereodinâmica e Modelagem Molecular Departamento de Química, Universidade Federal de São Carlos.


Palavras-chave: Telúrio, alcinos, adicão eletrofílica.


A adição de espécies eletrofícas de telúrio (tetracloreto de telúrio e tricloretos de ariltelúrio) a alcinos é um processo conhecido desde 1962 quando Petragnani e Campos1 relataram pela primeira vez que tetracloreto de telúrio adicionava-se ao fenilacetileno levando ao tricloreto de telúrio vinílico correspondente (Equação 1).



A reação de adição eletrofílica do tricloreto de p-metóxifenil telúrio a alcinos aromáticos e 3-hidróxi substituídos foi reexaminada recentemente pelo nosso grupo. Foi observado que há uma dependência entre a configuração da dupla ligação resultante e os grupos substituintes presentes na estrutura do alcino, principalmente quando encontram-se presentes na molécula grupos que possam interagir com o átomo de telúrio como o grupo hidroxila. Foi verificado que para 3-hidróxi-alcinos, obtém-se misturas de alcenos Z e E 2.


Estes resultados nos motivaram a reexaminar também a reação de adição eletrofílica de tetracloreto de telúrio a alcinos e verificar se há alguma similaridade entre os processos.


Os tricloretos de telúrio vinílicos foram funcionalizados3 a fim de obter compostos derivados de melhor manuseio e análise mais facilitada, devido a baixa solubilidade dos tricloretos vinílicos de telúrio em solventes utilizados para RMN. (Esquema 1)


Esquema 1.

Os tipos de adição destas espécies eletrofílicas apresentam uma grande similaridade, constatada a partir da análise por difração de raios-X dos produtos obtidos como monocristais. Foi observado que a reação de adição pode ser do tipo syn nos casos que o alcino não possui nenhum substituinte que interaja com o átomo de telúrio. No entanto, no caso de álcoois propargílicos, pode haver uma possível interação entre o átomo de oxigênio da hidroxila e o átomo de telúrio, fazendo com que a reação ocorra através de um mecanismo diferente do primeiro caso. Foram isolados alcenos de configuração E que poderiam ser formados através da possível adição do tipo anti de um íon cloreto a um intermediário, não isolado, de telurônio (Esquema 2).

Esquema 2.


Também foi estudada a reação entre tetracloreto de telúrio e algumas metil-cetonas aromáticas. Esta reação resulta em sistemas carbonílicos a,b-insaturados,g-teluro substituídos (Esquema 3).


Esquema 3.


Estes resultados contribuiram para a racionalização do comportamento de compostos eletrofílicos de telúrio na reação de adição eletrofílica a alcinos e também para a obtenção de novos compostos alílicos de telúrio.


Bibliografia


1 Petragnani, N.; Campos, M. M., Tetrahedron, 1962, 18, 527.

2 Zeni, G.; Chieffi, A.; Cunha, R. L. O. R.; Zukerman-Schpector, J. Z.; Stefani, H. A.; Comasseto, J. V. Organometallics 1999, 18, 803.

3 (a) Petragnani, N. tellurium in Organic Synthesis 1994, Academic Press:

Londres, Cap. 2 e 3; (b) Petragnani, N.; Kawano, Y.; Comasseto, J. V. J. Inorg. Nucl. Chem. 1976, 38, 608.

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