TESTE DE SUSCEPTIBILIDADE À APLICAÇÃO DA AMIDA ISOBUTÍLICA 4,5-DIIDROPIPERLONGUMININA EM BROCA-DA-CANA-DE-AÇUCAR (Diatraea saccharalis - LEPIDOPTERA: PYRALIDAE)


Hosana Maria Debonsi Navickiene1 (PG), Afonso Takao Murata2 (PG), José Edilson Miranda3 (PG), Humberto Vinícius Vescove3 (IC), Priscila Fontes3 (IC), Leandro Vieira3 (IC), Sérgio Antônio De Bortoli3 (PQ), Massuo Jorge Kato4 (PQ), Vanderlan da Silva Bolzani1 (PQ), Guillermo Eduardo Delgado Paredes5 (PQ) e Maysa Furlan1 (PQ).


1NuBBE - Núcleo de Bioensaio, Biossíntese e Ecofisiologia de Produtos Naturais – Departamento de Química Orgânica, Instituto de Química, Universidade Estadual Paulista, Araraquara, São Paulo, Brasil; 2Departamento de Biologia, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil, 3Departamento de Fitossanidade, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, São Paulo, Brasil, 4 Departamento de Química Fundamental, Instituto de Química, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil; 5 Universidad Nacional Pedro Ruiz Gallo, Lambayeque, Peru.


Palavras-chave: Piper tuberculatum, teste de susceptibilidade, Diatraea saccharalis.


Antes do advento dos inseticidas orgânicos sintéticos, os inseticidas de origem vegetal foram muito utilizados na agricultura, principalmente no controle dos insetos sugadores [1]. Atualmente, devido à importância de fatores ecológicos se observa a necessidade de obter produtos altamente seletivos e de baixa toxicidade. Neste contexto, as plantas da família Piperaceae acumulam constituintes químicos tais como as amidas, com elevada ação inseticida em larvas de mosquito de ECB (European Corn Borer). Esta alta toxicidade é atribuída a presença da amida isobutílica 4,5-diidropiperlonguminina, isolada de Piper tuberculatum [2]. Na Paraíba esta espécie é conhecida popularmente como “pimenta-longa” [3], e tem sido largamente empregada como sedativo e antídoto para picadas de cobras [4]. Desta forma, considerando os fatos acima citados e que a broca-da-cana é a principal praga da cultura de cana-de-açúcar, foram desenvolvidos estudos de atividade inseticida da amida 4,5-diidropiperlonguminina nestes insetos (Diatraea saccharalis). As sementes (24,33 g) de P. tuberculatum, coletadas no Campus do INPA, foram extraídas (2x) em CH2Cl2:MeOH (2:1), a temperatura ambiente. O extrato bruto (2,00 g) foi submetido a CC de sílica gel utilizando-se hexano:acetato de etila em gradiente de polaridade, fornecendo a fração 13, que, após lavagem em CHCl3, levou ao isolamento da amida (1). A análise realizada por CLAE dos extratos obtidos das diversas partes da planta (sementes, folhas e caules) e também das plântulas axênicas cultivadas in vitro (folhas, caules e raízes) permitiu constatar que 1 estava presente em todos os tecidos, tanto nas cultivadas in vivo quanto nas in vitro. A amida (1) foi avaliada em diferentes concentrações nos insetos. O teste consistiu na aplicação tópica da substância no mesotórax das lagartas de 3o instar, através de uma seringa de 100 ml montada em um aparelho microaplicador Berkard 900-x (Berkard Manufaturing Co. Ktd). A seringa foi calibrada para liberar gotas de 1 ml de solução por larva, nas concentrações 0,0; 0,02 mg; 0,04 mg; 0,06 mg; 0,08 mg; 0,10 mg e 0,12 mg de ingrediente ativo por ml do solvente (metanol). Os insetos foram acondicionados em placas de Petri com 10 cm de diâmetro, mantidos em câmara climatizada, com temperatura de 25 + 2ºC, UR 75 + 10%, fotofase de 14 horas e alimento ad libitum. As avaliações foram efetuadas a cada 24 horas após a aplicação, onde foram registrados o número de lagartas mortas, sendo esta considerada quando as lagartas não mostravam respostas a estímulos. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com 7 tratamentos e 10 repetições, sendo que cada repetição continha 5 lagartas. As comparações entre médias dos tratamentos foram feitas pelo Teste de Tukey a 5% [5]. As relações dose-resposta foram comparadas pela análise de Probit para determinar a faixa de susceptibilidade, medidas em termos de mg de ia/inseto. Os resultados obtidos quanto a mortalidade de lagartas foram para testemunha (0%), 0,02 mg (2%), 0,04 mg (8%), 0,06 mg (20%), 0,08 mg (48%), 0,10 mg (52%) e 0,12 mg (70%). Em relação a dose-resposta obtida pela análise de Probit, com um nível de confiança de 95 %, pode se observar que o valor de DL50 ficou entre as doses maiores que 0,08 mg e menores que 0,10 mg i.a./inseto. Pelos resultados obtidos pode-se observar que a substância apresenta grande potencial inseticida.




Bibliografia

  1. Gallo et. al., Manual de Entomologia Agrícola. São Paulo, Ed. Agronômica Ceres, 1988, 2a Edição, 649.

  2. Bernard, C. B., Krishnamurty, H. G., Chauret, D., Durst, T., Philogène, B. J. R., Sanchez-Vindas, P., Hasbun, C., Poveda, L., San Román, L. & Arnason, J. T., Journal of Chemical Ecology, 1995, 21, 801-814.

  3. Matos, F. J. A., Plantas Medicinais, 1989, 1, IOCE, Fortaleza.

  4. Araújo-Júnior, J. X. et al., Phytochemistry, 1997, 44, 559-561.

  5. Banzatto, D. A. & Kronka, S. do N., Experimentação Agrícola, 3a Edição, Jaboticabal: Funep, 1995, 247p.


FAPESP, CNPq/PADCT