AMIDAS ANTIFÚNGICAS ISOLADAS DE Piper tuberculatum (PIPERACEAE)


Hosana Maria Debonsi Navickiene1 (PG), Massuo Jorge Kato2 (PQ), Vanderlan da Silva Bolzani1 (PQ), Maria Claudia Marx Young3 (PQ), Guillermo Eduardo Delgado Paredes4 (PQ) e Maysa Furlan1 (PQ).


1NuBBE - Núcleo de Bioensaio, Biossíntese e Ecofisiologia de Produtos Naturais – Departamento de Química Orgânica, Instituto de Química, Universidade Estadual Paulista, Araraquara, São Paulo, Brasil; 2Departamento de Química Fundamental, Instituto de Química, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil; 3Seção de Fisiologia e Bioquímica de Plantas, Instituto de Botânica, São Paulo, Brasil; 4Faculdad de Ciencias Biológicas, Universidad Nacional Pedro Ruiz Gallo, Lambayeque, Peru.


Palavras-chave: Piper tuberculatum, amidas, atividade antifúngica.


O estudo com extratos de plantas da família Piperaceae tem mostrado uma grande diversidade de metabólitos com marcantes atividades biológicas. Dentre estes metabólitos podem ser citados lignanas, neolignanas, terpenos, propenilfenóis, chalconas, flavonas, benzopiranos e amidas. Essas últimas constituem metabólitos característicos de Piperaceae e podem ser classificadas em isobutílicas, pirrolidínicas, piridônicas e piperidínicas [1]. Na Paraíba Piper tuberculatum Jacq., conhecida popularmente como “pimenta-longa” [2] e “pimenta d’arda” [3], tem sido largamente empregada na medicina tradicional como sedativo e antídoto para picadas de cobras. O presente trabalho apresenta o isolamento, elucidação estrutural e avaliação da atividade antifúngica de sete amidas isoladas das sementes de P. tuberculatum coletadas no Campus do INPA – Manaus. As sementes (24,33 g) foram extraídas (2x) em CH2Cl2:MeOH (2:1), a temperatura ambiente. O extrato bruto (2,00 g) foi submetido a CC de sílica gel utilizando-se hexano:acetato de etila em gradiente de polaridade, fornecendo cinco frações, que, após sucessivas CCDP, levaram ao isolamento de duas amidas isobutílicas (1 e 2) e cinco amidas piperidínicas (3-7). O perfil cromatográfico dos extratos das sementes, folhas e caules e das substâncias isoladas foram estabelecidos, utilizando-se CLAE. Além destes, também foram obtidos perfis cromatográficos das partes das plântulas axênicas cultivadas in vitro (folhas, caules e raízes). A análise dos cromatogramas dos metabólitos secundários isolados das sementes permitiu constatar que estes estavam presentes em todas as partes da planta, tanto nas cultivadas in vivo quanto nas in vitro. O fracionamento biomonitorado dos extratos CH2Cl2:MeOH (2:1) obtidos das sementes, folhas e caules foi realizado através de bioautografia com o fungo Cladosporium sphaerospermum. As atividades antifúngicas das amidas 1-7, avaliadas por bioautografia em CCD [4] e por inoculação em placas de Petri com estes fungos [5], demonstraram excelente potencial antifúngico. A concentração mínima inibitória dos compostos 1-3, 5 e 7 foi determinada como sendo 5,0 mg, enquanto que, para 4 e 6 os valores foram 1,0 mg e 0,1 mg, respectivamente. Os valores dos MICs para as amidas 4 e 6 foram similares aos observados para os compostos de referência, miconazol (0,5 mg) e nistatina (0,5 mg). A amida 6 se mostrou mais ativa do que a amida 5, que é estruturalmente similar, apresentando como diferença básica uma ligação dupla conjugada adicional. A amida 4, que também demonstrou potente atividade antifúngica, apresenta uma conjugação a mais, quando comparada a amida estruturalmente relacionada, 3. Esses dados ainda não permitiram o estabelecimento da relação estrutura-atividade que rege a atividade antifúngica destas amidas de Piperaceae, mas fornecem indicações de quais análogos devem ser sintetizados com esse objetivo.









Bibliografia


  1. Sengupta, S. & Ray, A. B., Fitoterapia, 1987, LVIII (3), 147.

  2. Matos, F. J. A., Plantas Medicinais, 1989, 1, IOCE, Fortaleza.

  3. Araújo-Junior, J. X., Da-Cunha, E. V. L., Chaves, M. C. de O. & Gray, A. I., Phytochemistry, 1997, 44, 559-561.

  4. Homans, A. L. & Fuchs, A., Journal of Chromatography, 1970, 51, 327-329.

  5. Rios, J. L., Recio, M. C. & Viller, B., Journal of Ethnopharmacology, 1988, 23, 127-149.

FAPESP, CNPq/PADCT