ARTICULAÇÃO COLETIVA DE ESFORÇOS PARA O APERFEIÇOAMENTO DO ENSINO DE GRADUAÇÃO:

A EXPERIÊNCIA DAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS PAULISTAS


Adelaide Faljoni-Alário1 (PQ), Adriana Vitorino Rossi2 (PQ), Albérico Borges Ferreira da Silva3 (PQ), Eny Maria Vieira3 (PQ), Joaquim de Araújo Nóbrega6 (PQ), José Eduardo de Oliveira4 (PQ), Koiti Araki1 (PQ), Márcia Nasser Lopes4 (PQ), Luiz Henrique Ferreira5 (PQ), Maria Tereza do Prado Gambardella3 (PQ), Renato Atílio Jorge2 (PQ), Rosa Maria Bonfá-Rodrigues6 (PQ), Yassuko Iamamoto5 (PQ)


1Instituto de Química-USP, 2Instituo de Química-Unicamp, 3Instituto de Química de São Carlos-USP, 4Instituto de Química-Unesp, 5Departamento de Química/FFCLRP-USP, 6Departamento de Química/CCT-UFSCar


palavras-chave: integração universitária, aprimoramento da graduação, ensino


O Edital 04/97 SESu/MEC estabeleceu as normas para que as Instituições de Ensino Superior (IES) encaminhassem propostas para a elaboração das Diretrizes Curriculares dos Cursos de Graduação. O trabalho de algumas IES com graduação em Química revelou que, além da reflexão sobre a organização curricular, aprimorar a graduação envolve, necessariamente, mudanças nos modelos da estrutura dos cursos, recomendando a interação entre IES responsáveis por cursos de mesma natureza. As 6 IES públicas paulistas que oferecem cursos de graduação em Química conscientizaram-se do impacto dessa interação e engajaram-se numa articulação coletiva de esforços para aprimorar seus cursos. Assim surgiu o Grupo de Trabalho responsável pela elaboração da proposta conjunta de Diretrizes Curriculares 1 e originou-se o programa "Químicas Integradas", ou, como vem sendo chamado, o G6, formalmente reconhecido e constituído por 2 docentes repre-sentantes de cada unidade envolvida: Departamento de Química do Centro de Ciências e Tecnologia/UFSCar, Departamento de Química da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto/USP, Instituto de Química/Unesp, Instituto de Química/Unicamp, Instituto de Química/USP e Instituto de Química de São Carlos/USP.

Inicialmente, o G6 era formado por membros dos diferentes órgãos colegiados responsáveis pelo ensino de graduação das respectivas unidades. Na composição atual, há membros que não fazem parte desses colegiados, evitando a sobrecarga daqueles designados para as funções administrativas. Todos participam voluntariamente do G6 e têm indicação formalizada pelas instâncias competentes das respectivas unidades para oficializar posicionamentos e ações do grupo.

A dinâmica de trabalho dos membros do G6 é bastante flexível porém produtiva. Com periodicidade bimestral, ocorrem reuniões de cerca de 8 horas entre os integrantes do G6, para discussões, elaboração de projetos e implementação de ações, com rodízio da unidade sede do encontro. Dependendo do desenvolvimento das ações e projetos ocorrem reuniões extraordinárias. Discussões via "e-mail" têm sido usadas para agilizar questões, atualizar constantemente e trocar informações sobre ensino nos mais diversos aspectos relevantes para os cursos de graduação.

Desde meados de 1997, o G6 vem se reunindo com repercussão positiva de resultados do trabalho, como a proposta de Diretrizes Curriculares divulgada na Química Nova 1 e também na Internet pela Sociedade Brasileira de Química 2. A contribuição desta proposta pode ser reconhecida na versão final de Diretrizes Curriculares para os Cursos de Química, elaborada pela Comissão de Especialistas do MEC para encaminhamento ao Conselho Nacional de Educação 3.

A dinâmica de fatos e ações envolvendo a graduação é muito intensa e, constantemente, traz assuntos que demandam reflexões cuidadosas para decisões acertadas. A própria seqüência da implementação das disposições da Lei 9.394/96 (LDB), como os Cursos Seqüenciais, por exemplo, exige das IES um posicionamento efetivo e coerente para adequação do ensino superior no Brasil. O G6 vem abordando este tema, otimizando os esforços coletivos, visando maximizar os resultados possíveis, com a infra-estrutura das unidades envolvidas que, como partes integrantes do cenário sócio-econômico atual, vem sofrendo constantes e efetivas perdas e desgastes que comprometem a manutenção do modelo universitário brasileiro para a graduação. Manifestações do G6 junto aos órgãos competentes têm sido feitas, com intuito de, pelo menos, apresentar sugestões e demonstrar que a comunidade universitária tem representantes atentos e preocupados com a política para o ensino superior. Como resultado prático dessas considerações, surgiram as disciplinas intersemestrais (DI), que são oferecidas para 5 alunos de cada uma das 6 unidades envolvidas e são ministradas por profissionais de IES, centros de pesquisa e indústrias. As DI são sediadas, em sistema de rodízio, numa das unidades do G6, que rateiam as despesas do evento que ocorre nos períodos de férias. As DI correspondem à carga de 30 horas-aula que podem ser convalidadas como créditos pelos estudantes, pois o sucesso desta iniciativa estimulou as IES envolvidas a implementarem dispositivos, permitindo aos seus alunos a integralização de até 25 % dos créditos dos cursos em IES conveniadas.

Atualmente, o G6 discute, dentre outras, as questões relacionadas com as mudanças que os cursos de graduação deverão incorporar por conta da aprovação das Diretrizes Curriculares, da implementação dos Cursos Seqüenciais e outras inovações contempladas na LDB/96. O grupo está articulado com as formalidades, o impacto e a necessidade de conscientização e de reflexões sobre a primeira participação dos cursos de Química no Exame Nacional de Cursos (Provão).

O G6 tem divulgado seu trabalho em eventos científicos nacionais e internacionais e recebeu convite para publicação de trabalho em periódico de ampla circulação nos países de língua espanhola. Pretende-se, assim, compartilhar a experiência de articulação de esforços pela graduação pois tudo indica que isto será fundamental para o fortalecimento das IES e dos Químicos, que deverão incorporar inovações para garantir seu papel no cenário de desenvolvimento nacional.

1) Faljoni-Alário, A. et al, Química Nova, 21 674-680 (1998)

2) http://www.sbq.org.br/diretrizes/sao_paulo/diretrizes.htm

3) http://www.mec.gov.br/Ftp/Sesu/Quimica.rtf