oxidação eletroquímica de primaquina em meio ácido


Maria Lara Palmeira de Macedo Arguelho1 (PG) e Nelson Ramos Stradiotto2 (PQ).


1Departamento de Química - Universidade de São Paulo - Ribeirão Preto, SP.

2Instituto de Química - Universidade Estadual Paulista - Araraquara, SP.


palavras-chaves: antimalárico, eletroxidação, voltametria cíclica.


INTRODUÇÃO

Primaquina (PQ) é um 8-aminoquinolínico empregado no tratamento da malária em diferentes países. Esta droga impede a transmissão da malária ao inibir a formação de esporozoítos da malária nos mosquitos infectados, diferindo do modo de ação dos demais compostos aminoquinolínicos que agem como esquizonticida sanguíneo1.

Tendo em vista a relevância das propriedades redox da primaquina para um melhor entendimento de seu mecanismo de ação, o objetivo deste trabalho foi a investigação do processo eletródico de oxidação da primaquina utilizando as técnicas de voltametria cíclica e cronoamperometria.


Parte Experimental


O composto dicloreto de primaquina foi fornecido pela Sigma Chemical Co., sendo os reagentes utilizados na composição do tampão Britton-Robinson provenientes da Aldrich Co. Os experimentos eletroquímicos foram realizados utilizando-se soluções com concentrações entre 0,1 e 10 mmol.L-1 de primaquina em diferentes valores de pH.

As medidas eletroquímicas foram realizadas em um potenciostato / galvanostato modelo 273 da PARC, acoplado a um microcomputador. O sistema voltamétrico é formado por uma microcélula (PARC, K O264) com capacidade para
5mL, um microeletrodo de carbono vítreo de disco com diâmetro de 10
mm
(PARC, G 0226) usado como eletrodo de trabalho, um eletrodo auxiliar de rede de platina (PARC, K 0033) e um eletrodo de calomelano saturado (PARC, K 0077) usado como eletrodo de referência.


Resultados e Discussão


Os voltamogramas cíclicos obtidos para soluções 1 x 10–3 mol L-1 de primaquina no intervalo de pH entre 2 a 8, apresentaram um pico de oxidação com características de processo irreversível (Figura 1). 0 gráfico de Epa vs pH apresenta duas relações lineares com intersecção em valores de pH igual à 4,0, o qual poderia ser associado ao valor da constante de dissociação da primaquina na forma protonada. No intervalo de pH entre 2 a 4 observa-se um deslocamento de 55mV (Figura 2), indicando um processo envolvendo um próton na etapa determinante de velocidade de transferência eletrônica2.


Figura 1. Ciclovoltamograma da primaquina (1X10-3 mol.L-1) em pH 4,0,
n = 0,1 V.S-1.


Figura 2. Comportamento do potencial de oxidação para soluções de primaquina 1X10-3 mol.L-1, n = 0,1 V.S-1.


O processo caracteriza-se por uma variação linear da corrente anódica em função da raiz quadrada da velocidade de varredura (n1/2) indicando que esta oxidação é controlada por difusão.

A função corrente apresenta-se constante em todo o intervalo de velocidade de varredura estudado. O potencial de oxidação apresenta um deslocamento para valores mais positivos em função da velocidade de varredura e da concentração da espécie eletroativa, indicando que a irreversibilidade diagnosticada anteriormente pode ser resultado da presença de reação química acoplada à uma transferência eletrônica reversível.

Resultados cronoamperométricos no intervalo 0,5 < t < 5.0 para primaquina 1x10-3 mol.L-1, indicam valores constantes de i.t-1/2/C e um processo eletródico envolvendo um elétron por molécula. Estudos comparativos com os compostos análogos (8-aminoquinolina e quinolina) indicam que a oxidação da primaquina ocorre pela perda de um elétron do anel quinolínico, seguida por uma possível reação de dimerização3.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Cohen, G. e Hochstein, P. Biochemistry 3 (1964) 895.

2. Klinger, R. J. e Kochi, J. K. J. Am. Chem. Soc. 102 (1980) 4790.

3. Savéant, J. M., Nadjo, L. e Andrieux C. P. J. Eletroanal. Chem. 42 (1973) 223.


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