INTERAÇÃO DE COPOLÍMEROS DE ÁCIDO ACRÍLICO E ETILMETACRILATO COM SURFACTANTES ANIÔNICOS E CATIÔNICOS

Vera Aparecida de Oliveira (PQ)

Paulo Henrique Lucas (IC)

Valquíria Camin de Bortoli (IC)

Marcio José Tiera (PQ)


Departamento de Química e Geociências

IBILCE - UNESP- SÃO JOSÉ DO RIO PRETO


Palavras chaves: Polieletrólitos, surfactante aniônico, fluorescência


A mistura de polímeros e surfactantes em solução em geral tem como consequência a formação de um complexo através da ligação do surfactante sobre a macromolécula. O estudo da ligação e suas consequências para a cadeia polimérica bem como para as propriedades das soluções tem grande importância do ponto de vista biológico e aplicado, como por exemplo na compreensão de mudanças conformacionais em proteinas, no tratamento de águas, recuperação de petróleo, floculação de argilas, etc.

A concentração na qual ocorre a formação de agregados é diferente daquela observada para o surfactante puro. O tamanho do agregado é também de modo geral diferente daquele de uma micela de surfactante em meio aquoso. Em termos gerais a interação depende de ambos surfactante e polímero e envolve desde forças dipolares, ligações hidrogênio e interações hidrofóbicas até interações eletrostáticas quando se trata de um polímero carregado, sendo que esta última é forte quando comparada com as outras.

Métodos fotofísicos envolvendo medidas de fluorescência estática e dinâmica tem sido usadas em vários estudos recentes de sistemas polímero-surfactante dos mais variados tipos.

O processo de agregação pode ser acompanhado através de variações espectrais e/ou no rendimento quântico de fluorescência das sondas, parâmetros que permitem a determinação da concentração na qual ocorre a formação de agregados. Através de técnicas de supressão de fluorescência estática, ou resolvida no tempo, é possível determinar os números de agregação dos agregados o que permite inferir sobre o tamanho dos agregados formados.

O presente trabalho apresenta o estudo da interação dos copolímeros de ácido acrílico-etilmetacrilato com surfactantes catiônicos e aniônicos. Estudos fotofísicos e condutimétricos foram feitos tendo como objetivo determinar a influência da estrutura dos polímeros nas interações e propriedades dos agregados formados. Os resultados mostram que dois fatores contribuem diretamente para a interação dos componentes em solução aquosa: a hidrofobicidade do polímero e as interações eletrostáticas resultantes da cadeia carregada do polileletrólito. Nos dois casos (surfactantes aniônicos e catiônicos) foram observados decréscimos na concentração de agregação com relação a CMC do surfactante em meio aquoso. Para a interação com dodecilssulfato de sódio (SDS) os estudos mostram que a agregação é favorecida na presença dos copolímeros, ocorrendo em concentrações até 3 vezes menores que em água pura. Estimativas das contribuições relativas da força iônica (DDGois) e hidrofobicidade (DDGoh) foram feitas considerando-se as concentrações de agregação crítica (CAC) determinadas.

O estudo da interação dos polieletrólitos com surfactantes catiônicos mostram que para estes sistemas a atração eletrostática entre a cadeia polimérica e os surfactantes dominam a interação. Entretanto a hidrofobicidade do polímero bem como a natureza do surfactante constituem fatores importantes no processo de agregação. Nestes sistemas o aumento da cadeia hidrocarbônica do surfactante leva a um decréscimo da CAC. Portanto a contribuição eletrostática prevalece e predomina no processo de agregação. Para todos os copolímeros e surfactantes catiônicos utilizados a contribuição hidrofóbica foi também estimada utilizando-se os valores de concentração de agregação crítica determinadas.

Tabela 1- Valores da energia livre de estabilização micelar (DDGo) para os surfactantes aniônicos e catiônicos na presença dos copolímeros (a= 0,6).


Polímeros

pH

-DDGo

(kcal/mol)

SDS

-DDGois

(kcal/mol)

SDS

-DDGoh

(kcal/mol)

SDS

-DDGo

(kcal/mol)

CTAB

-DDGo

(kcal/mol)

DoTAB

-DDGo

(kcal/mol)

DeTAB

PAA

8.63

0.19

0.15

0.04

0,87

1,96

1,85

COP10

7.54

0.22

0.11

0.11

1,07

2,04

2,02

COP15

7.04

0.28

0.10

0.18

1,31

2,11

2,06

COP25

6.02

0.63

0,09

0.54

1,72

2,35

2,13

COP30

5.50

0.69

0.07

0.62

1,97

2,50

2,15



BIBLIOGRAFIA:


1- Oliveira V. A.; Tiera M.J.; Neumann M.G.; Interaction of cationic surfactants with acrylic acid-ethyl methacrylate copolymers, Langmuir, 1996, 12, 607-12.

2- Brackman J. C., Engberts J.B.F.N.; Polymer micelle interactions - Physical organic aspects, Chem. Soc. Rev, 1993, 85.

3- Kido J., Hiyoshi, M. Endo, C., Nagai K.; Solvatochromic probes for the investigation of polymer-micelle interactions, J. Colloid Interface Sci., 1991, 142, 326-30.

4- Fenley M.O, Manning G. S., Olson W. K.; Approach to the limit of counterion condensation, Biopolymers, 1990, 30, 1191-203.