DETERMINAÇÃO DE METAIS EM TILAPIA DO NILO (Oreochromis niloticus) COMERCIALIZADAS NA CIDADE DE SÃO PAULO
Lúcia Cabral de Almeida (IC)1,2; Jorge Eduardo de Souza Sarkis (PG)2; Walter dos Reis Pedreira Filho (PG)2; Mônica Soares de Campos (PG)2.
1Universidade Bandeirante de São Paulo (UNIBAN)
2Grupo de Caracterização Isotópica do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) São Paulo (SP)
palavras- chave: tilapia, metais, AAS.
Nos últimos anos, tem ocorrido um aumento considerável no comércio de pescados na cidade de São Paulo . A explicação deste fato pode estar fundamentada no aumento da demanda do mercado interno, conseqüente do aumento do poder aquisitivo da população devido à redução da inflação.
Grande parte desses pescados1 originam-se da região Sul do país. Devido a grande quantidade de dejetos industriais, provenientes do aumento das atividades antropogênicas, anualmente, toneladas de metais pesados tais como mercúrio, estanho, prata, cromo, zinco, chumbo, alumínio, cádmio, cobre e arsênio são lançados nos rios e mares. Esses elementos metálicos, quando liberados em sistemas aquáticos, são incorporados á cadeia alimentar através do plâncton, apresentando bioacumulação. O consumo de pescados contaminados com alto teor de metais pesados podem causar diversos problemas de saúde na população consumidora.
A maioria dos metais pesados, quando ingeridos, é distribuída por todo o organismo, afetando múltiplos órgãos, interagindo em diversos sítios alvo processos (enzimas, organelas e membranas celulares)2,3.
Os pescados analisados neste trabalho foram adquiridos em julho de 1999 na Central de Abastecimento Geral do Estado de São Paulo (CEAGESP). Este centro comercial foi escolhido, pois trata-se do maior distribuidor de gêneros alimentícios da América Latina, onde normalmente ocorre a distribuição para o comércio varejista da cidade de São Paulo.
Foram selecionados cinco grupos de pescados de espécie Tilapias do Nilo, constituídos de três peixes por grupo. O peso dos peixes variou de 242,4 à 376,7 gramas e o tamanho de 21 à 24 centímetros.
A amostragem foi realizada de acordo com o procedimento adotado pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB)4.
O tecido escolhido para a análise foi o músculo, pois este representa a parte do peixe que é comumente consumida pela população.
Após o procedimento de limpeza e filetagem, as amostras foram liofilizadas para se obtenção de seu peso seco.
O processo de liofilização foi utilizado visando-se uma pré-concentração dos elementos através da retirada da água contida nas amostras de músculo.
Após o processo de liofilização, foram pesadas 0,5 g de cada grupo, sendo ,em seguida, abertas por meio de digestão ácida. Neste processo, às amostras acondicionadas em balões volumétricos de capacidade de 100 mL, foram adicionadas 3 mL de ácido nítrico suprapuro (Merck), 1 mL de água Milli-Q e 2 mL de ácido perclorico PA (Merck).
As amostras foram aquecidas em chapa de aquecimento até uma temperatura aproximada de 900 C. Após uma hora, os balões foram resfriados até a temperatura ambiente e o volume foi completado até 50 mL com água Milli-Q.
As análises foram realizadas por meio da técnica de espectrofotometria de absorção atômica com chama (F-AAS) para Al, Cd, Co, Cr, Cu, Ni, Pb e Zn e geração de vapor a frio (CV-AAS), para Hg. Ainda no caso do Hg foi utilizado sistema de injeção em fluxo.
Todo o material utilizado passou por um processo de descontaminação prévio, sendo que, para tal foi utilizado uma solução de ácido nítrico 10% durante o período de 24 horas. Para evitar possíveis contaminações, foi evitada a utilização de material metálico para o manuseio, filetagem e abertura das amostras de pescado, dando-se preferência para material plástico e de vidro (previamente descontaminado).
Os resultados obtidos para os elementos metálicos Cd, Cr, Hg e Ni encontraram-se abaixo dos limites de detecção inferior das técnicas utilizadas, que são de 0,02 mg/g; 0,06 mg/g; 0,4 mg/Kg; 0,1 mg/g; respectivamente. Para os outros elementos medidos foram encontrados os seguintes valores: Al entre 0,17 - 0,18 mg/g, Co 0,04 mg/g; Cu 0,16 - 0,18 mg/g; Pb 0,42 - 0,60 mg/g; Zn 3,07 - 3,32 mg/g. Estes valores são referentes ao peso da amostra úmida, calculados a partir do peso referente às amostras liofilizadas.
Os resultados preliminares obtidos nas análises das amostras apresentaram-se dentro dos limites máximos de tolerância para ingestão em todos os elementos4. Este fato dá indícios de que os pescados não apresentaram contaminação pelos elementos medidos, comprovando sua da boa qualidade na época da coleta das amostras.
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