A INFLUÊNCIA DA INCORPORAÇÃO DE VANÁDIO NAS PROPRIEDADES DO CATALISADOR DE CRAQUEAMENTO
1Instituto de Química  Universidade de São Paulo.
2Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Leopoldo A. M. de Melo  PETROBRAS.
palavras-chave: catalisador de craqueamento, vanádio, petróleo.
Objetivos. Caracterizar através de métodos analíticos as conseqüências da incorporação de complexos de vanádio ao catalisador de craqueamento zeolítico sob condições simuladas de reação e regeneração no conversor.
A oxidação do vanádio foi monitorada por EPR em um espectrometro Bruker EMX, operando numa banda X à 9,56 GHz, usando DPPH para calibração do campo magnético. O pico central dos espectros com gçç=1,94 coletados à temperatura ambiente foi normalizado, considerando-se o ganho usado e a massa da amostra e os valores comparados com uma curva de calibração realizada com alíquotas do catalisador original contendo 0, 0,1%, 0,3% e 0,5% de vanádio (IV) com VO(bzac)2.
A microscopia eletrônica de varredura foi concluída com um Leo 440I. Além da avaliação da morfologia, noutra série de ensaios as partículas foram fixadas numa lâmina de vidro através de uma resina e depois polidas com carbeto de silício. Regiões selecionadas foram analisadas por EDX com um detector de Si/Li Oxford.
As propriedades texturais das amostras foram determinadas com um Gemini 2360. As amostras foram evacuadas à 300ºC antes da adsorsão de N2 e a superfície multipontual BET foi calculada entre 0,06<P/P0<0,70.
Resultados. A calcinação à 540ºC do catalisador incorporado com o complexo de
	 Tabela:
					  catalisador   após 
					 desativação
					hid. a 788ºC Teor  V (ppm) Área
					- BET (m2/g) 0 144 3000 42 8000 11 
		
	
				 
		
		
			
					 
			
				 
		
		
			
					 
				
					 
			
				 
			
					 
				
					 
			
				 
			
					 
				
					 
			
				 
		
	
					 
				
					 
			
	
Os resultados por EPR demonstraram que cerca de 95% do vanádio incorporado foi oxidado ao estado (V), após calcinação a 540ºC. A desativação hidrotérmica promoveu, também, a oxidação do vanádio (IV) reduzindo-o a teores insignificantes, mesmo na ausência de oxigênio. Verificou-se, assim, que uma fração do vanádio (IV) incorporado foi estabilizado na zeólita, provavelmente, por troca iônica com os sítios localizados no interior das cavidades. A desativação hidrotérmica provocou a oxidação praticamente total do vanádio através de reações de oxido-redução entre sítios ativos e o vanádio na presença de vapor.
Verificou-se através das micrografias obtidas por MEV, que a desativação hidrotérmica sob ação do vanádio alterou a morfologia semi-esférica do material original, devido à sinterização entre partículas. Análises elementares localizadas, das seções dos aglomerados, realizadas através de EDX mostraram que a razão Si/Al é alterada em função da região selecionada. No interior da partícula, os valores são idênticos ao catalisador original. Contudo, na fronteira entre as partículas o teor de alumínio é maior em função da alumina gerada por decomposição térmica do AlVO4, produto da reação com o vanádio. A alumina depositada na superfície altera a textura original do catalisador. A distribuição de vanádio nas partículas do aglomerado analisado mostrou-se homogênea.
Conclusões. O vanádio promove a redução drástica das propriedades texturais do catalisador. Com o aumento da temperatura nas condições de regeneração, o vanádio é quase todo oxidado ao estado (V) e, na forma de V2O5, difunde-se melhor através das partículas devido ao seu baixo ponto de fusão[3]. Uma pequena fração é ainda estabilizada em baixo estado de oxidação nas cavidades zeolíticas. Na desativação hidrotérmica a oxidação do vanádio é completada por meio de reações de oxi-redução com a zeólita. O vapor aumenta a mobilidade do vanádio e a hidrólise do óxido resulta a formação do ácido vanádico, que promove o ataque ao alumínio da estrutura. O vanádio não é imobilizado devido à decomposição do AlVO4 de baixa estabilidade térmica produzido[4], promovendo-se assim o enriquecimento de alumina na superfície, que resulta a sinterização interparticular e em mudanças na morfologia e textura originais.
[1] O´Connor, P., Verlaan, J.P.J., Yanik, S.J., Catalysis Today, 43, 305(1998)
[2] Occelli, M.L., Studies in Surface Science and Catalysis, 100, 27(1996)
[3] Trujillo, C.A., Knops-Gerrits, P.P., Jacobs, P.A., Journal of Cataysis, 168,1(1997)
[4] Gallezot, P., Féron, B., Studies in Surface Science and Catalysis, 49, 1281(1989)
CNPq e PETROBRAS