ESTUDO FITOQUÍMICO E ENSAIOS BIOLÓGICOS DE Lycnophora gardneri SCHULTZ-BIP.
Jordão, C.O. (PG)*; Albuquerque, S.(PQ)#; Lopes, N.P.(PQ)*; Lopes, J.L.C.(PQ)*;
Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo - *Departamento de Física e Química / #Departamento de Análises Clínicas, Bromatológicas e Toxicológicas
Palavras-chave : Lychnophora gardneri, atividade tripanomicida, lactona sesquiterpênica.
O gênero Lychnophora (Vernonieae, Asteraceae) é endêmico dos campos rupestres de Minas Gerais, Goiás e Bahia. L. gardneri, encontrada em Minas Gerais, vem sendo utilizada pela população nativa, juntamente com outras espécies do gênero, na forma de preparações hidroalcoólicas de aplicação tópica, em processos inflamatórios e infeciosos. Normalmente é encontrada lado a lado com L. pohlii, a qual se assemelha muito. Até o momento, não foram encontradas referências a trabalhos de investigação sobre a composição química ou atividade biológica desta espécie.
Este trabalho tem como objetivo o isolamento e a identificação de substâncias presentes no extratos das partes aéreas da planta, bem como a avaliação, por biomonitoramento, da atividade tripanomicida dos extratos, frações e substâncias puras, uma vez que várias substâncias isoladas do gênero apresentam esta propriedade. A planta foi coletada no município de Conselheiro Mata (MG) e identificada pelo Prof. Dr. João Semir (UNICAMP). Depois de secas em estufa com ar circulante, as partes aéreas do vegetal (ramos, caule, folhas e inflorescências) foram trituradas em moinho de martelo. O pó resultante foi submetido à maceração com solventes orgânicos de polaridade crescente (hexano, diclometano, metanol), obtendo-se ao final 3 extratos com diferentes polaridades.
Estes extratos foram sumetidos a ensaio de avaliação da atividade tripanomicida in vitro1. O extrato em diclorometano, que promoveu atividade tripanomicida mais significativa, foi cromatografado por CLV2 e suas frações foram, então, biomonitoradas. Quase todas as frações apresentaram porcentagens de lise estatisticamente significantes, sendo que algumas destas promoveram lise total de parasitas. Com base nestes resultados estas frações passaram a ser analisadas.
Da fração LG 3 foram isoladas as lactonas 15-desoxigoiazensolido3 e licnofolido4. A identificação foi feita com base nos dados de RMN 1H e a confirmação deu-se através da análise comparativa com padrões autênticos por CG.
Da fração LG9 foi isolada e identificada uma mistura de duas saponinas : estigmasteril 3-b-D-glucopiranosídeo e b-sitosteril 3-b-D-glucopiranosídeo5, as quais tiveram suas estruturas identificadas com base nos dados de RMN 1H e 13C.
A alta taxa de lise parasitária promovida por algumas frações pode estar relacionada à presença de lactonas sesquiterpênicas6 que são substâncias comprovadamente citotóxicas.
estigmasteril 3-b-D-glucopiranosídeo b-sitosteril 3-b-D-glucopiranosídeo
15-desoxigoiazensolido licnofolido
Bibliografia
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* FAPESP, CNPq