LACTONAS SESQUITERPÊNICAS DE MINASIA ALPESTRIS

(VERNONIEAE: ASTERACEAE)


Antônio Eduardo Miller Crotti (PG)1, Norberto Peporine Lopes (PQ)2, Walter Vichnewski (PQ)2, Wilson Roberto Cunha (PQ)3 João Luís Callegari Lopes (PQ)2, *


1Departamento de Química – Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo

2Departamento de Física e Química - Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo

3Departamento de Química - Universidade de Franca


palavras-chave: Asteraceae, lactonas, Minasia alpestris.


A sub-tribo Lychnophorinae, pertencente à família Asteraceae e à tribo Vernonieae, possui alguns de seus gêneros endêmicos no Brasil, como Eremanthus, Minasia e Lychnophora. Substâncias de natureza terpenoídica (HERZ, 1996) e flavonoídica (KING, 1986) conferem à sub-tribo um perfil químico uniforme, tendo assim importante caráter quimiotaxonômico.

Minasia alpestris foi inicialmente descrita por Gardner como Chresta alpestris e posteriormente por Baker como Vernonia alpestris. Devido a seus diferentes aspectos morfológicos, não foi incluída por JONES (1979) em sua revisão taxonômica de Vernonia, embora este não tenha apresentado alternativas. O gênero foi descrito por ROBINSON em 1992, sendo nele reconhecidas atualmente três espécies: Minasia alpestris, M. scapigera e M. pereirae.

Tendo em vista a crescente importância do perfil químico para fins taxonômicos, este trabalho tem por objetivo o estudo fitoquímico de M. alpestris, enfatizando o isolamento e identificação de lactonas sesquiterpênicas e flavonóides, dada sua citada importância quimiotaxonômica na sub-tribo.

O vegetal foi coletado às margens da rodovia de acesso a Conselheiro Mota (MG), km 189, pelo Prof. Dr. Walter Vichnewski, e identificado pelo Prof. Dr. João Semir, da UNICAMP. Separado em suas partes constituintes (raiz, folhas secas, folhas verdes, caule e inflorescências), o vegetal foi seco em estufa de ar circulante, a 40oC, triturado e moído. Submeteu-se o pó resultante à extração por maceração com diclorometano e etanol. 20g do extrato em diclorometano das folhas secas foram suspensos em metanol, filtrados e particionados com hexano e diclorometano. A fase diclorometânica foi seca e aplicada na forma de pastilha com sílica no topo de uma coluna de sílicagel 60 (16 cm x 7 cm). As frações, obtidas por eluição com solventes de polaridade crescente (hexano, acetato de etila, metanol e água), foram monitoradas por CCDC e agrupadas conforme seus comportamentos cromatográficos semelhantes. Após análise de seus espectros de absorção na região do infravermelho, as frações que apresentaram indícios de lactona foram purificadas por CCDP ou cromatografia circular (Cromatotron), conforme a massa das mesmas.


As substâncias isoladas foram identificadas por ressonância magnética nuclear de 1H, espectroscopia de absorção na região do infravermelho e análise comparativa em CLAE junto com os padrões autênticos. Foram identificadas as lactonas do tipo furanoeliangolido, estando de acordo com o perfíl químico da sub-tribo. Trata-se da primeira citação de substâncias isoladas no gênero.

















Bibliografia


HERZ, W. (1996). A review of the terpenoid chemistry of Vernonieae.IN: D.J.N Hind & H.J. Beentje (eds) Compositae: Systematics. Proceedings of the International Compositae Conference Kew, 1994. Royal Botanic Gardens, Kew. P229251.

JONES, S. B. (1979). Synoposis and pollen morphology of Vernonia (Compositae:

Vernonieae) in the New World. Rhodora 81; 425-447.

KING, B. L. (1986). A systematic survey of the leaf flavonoids of Lychnophora (Asteraceae, Vernonieae). Systematic Botany 11(3) 414.

ROBINSON, H. (1992). Notes on Lychnophorinae from Minas Gerais, Brazil, a synopsis of Lychnoriopsis Schultz-Bip., and the new genera Anteremanthus and Minasia (Vernonieae: Asteraceae). Proc. Biol. Soc. Wash. 105(3), 640-652.


CNPq, FAPESP