Complexos de ródio (II) como radiossensibilizadores de tumores


Ana Cecilia V. Negrón (PG)*, Renato Najjar (PQ), Sizue O. Rogero (PQ)** e

Elisabeth de Oliveira (PQ).


* Depto. De Química Fundamental, Instituto de Química-USP <anita@iq.usp.br>

**Supervisão de Radiobiologia - Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares -

IPEN/CNEN-São Paulo -SP.


Palavras - chave: ródio (II), radiossensibilizadores, antitumor


Chamam-se radiossensibilizadores os agentes químicos que aumentam a sensibilidade das células hipóxicas à radiação, visando o aumento da eficácia da radioterapia no tratamento do câncer.

Nitro-heterocíclicos, especialmente nitroimidazóis, assim como carboxilatos de Rh (II) (acetato, propionato e butirato) apresentaram uma boa atividade como radiossensibilizadores [1-2]. O aduto de Rh2(ac)4 e misonidazol, Rh2(ac)4miso2, apa-rece na literatura [3] como um radiossensibilizador de atividade similar aos compostos de origem apesar de que foi testado numa concentração bem mais baixa (20mM) do que o Rh2(ac)4 (50mM) e misonidazol (100mM) por separado.

Na tentativa de se obterem compostos com uma atividade radiossensibilizadora mais acentuada e toxicidade diminuída, procurou-se obter adutos de carboxilatos de Rh(II) com um outro derivado nitroimidazólico, o metronidazol, que também apresenta atividade radiossensibilizadora, porém são escassos os dados sobre os seus adutos com carboxilatos de Rh(II). Assim, foram sintetizados os adutos Rh2(carboxilato)4metro2, sendo carboxilato = trifluoroacetato (tfa), citrato (cit), além do trifluoroacetamidato (tfacam).

Nós também procuramos trabalhar numa faixa de dose efetiva menor do que a citada na literatura [2-3], isto é, trabalhamos com 2,7 e 4,3 Gy, bem menor do que as utilizadas por Chibber [2] e Goodgame [3]. Além disso, num teste de citotoxicidade, foram determinadas as concentrações atóxicas de cada um dos compostos para células CHOk1, eliminando assim a possibilidade de que a morte celular fosse devida ao efeito tóxico dos mesmos.


Materiais e Métodos:


Os carboxilatos de Rh (II) foram sintetizados por métodos já descritos [4-5]. Os adutos foram obtidos por refluxo da solução alcoólica dos reagentes, sob N2. O aduto Rh2(cit)4metro2, foi obtido por precipitação em éter etílico.

A caracterização dos complexos foi feita através de análises elementares, espectrofotometria no UV-visível e no infravermelho.

A toxicidade dos complexos foi testada in vitro, em cultura de células de ovário de hamster chinês (CHO k1) [6].

O efeito radiossensibilizador dos complexos de Rh (II) foi determinado in vitro, irradiando-se em atmosfera hipóxica, células CHO k1 na presença dos complexos, utilizando-se raios gama provenientes de uma fonte de 60Co numa taxa de dose de 1,083 Gy/min durante 2,5 e 4 minutos [3].


Resultados e Discussão:


As análises de caracterização dos complexos de Rh (II) indicaram a formação dos carboxilatos de fórmulas: Rh2(tfa)4, Rh2(cit)4 e do amidato Rh2(tfacam)4 assim como dos adutos com metronidazol de fórmulas: Rh2(ac)4metro2, Rh2(tfacam)4metro2, Rh2(cit)4metro2.

Os efeitos da radiação sobre as células CHO k1, na presença dos complexos de Rh (II) em concentrações atóxicas, são mostrados no gráfico abaixo.

Gráfico 1. Curvas de sobrevida das células CHOk1 irradiadas na

presença de complexos de Rh (II) em ambiente hipóxico.


Embora com a dose de 2,7 Gy não se tenha observado nenhum efeito interesante, com a dose de 4,3 Gy, o acetato de Rh (II) mostrou uma atividade radiossensibilizadora maior do que os demais carboxilatos e semelhante àquela obtida por Chibber usando doses até 10 vezes maiores.

O metronidazol não mostrou o efeito radiossensibilizador neste experimento, provavelmente devido à pequena dose de radiação utilizada.



  1. Farrell, N., Transition metal complexes as drugs and chemoterapeutic agents, cap. 8, Klumer Academic, 1989.

  2. Chibber, I. et al., Int. J. Radiat. Biol., 1985, 48, 4, 513.

  3. Goodgame, D. et al., Inorganica Chimica Acta, 1986, 125, 143.

  4. Espósito, B.P., Tese de dissertação de mestrado, IQ-USP, 1995.

  5. Souza, A. R., Tese de doutoramento, IQ-USP, 1995.

  6. International Standar Biological Evaluation of Medical devices-Part 5: Test for citotoxicity : in vitro methods. ISSO 10993-5, 1992.



CNPq, FAPESP