ESPECTROSCOPIA RMN (1H, 13C, DEPT-135, COSY E HETCOR) E EQUILÍBRIO DE COORDENAÇÃO AXIAL DA ZN-4-TPYP MODIFICADA COM 4 CLUSTERS TRINUCLEARES DE ACETATO DE RUTÊNIO


Sergio Dovidauskas (PG), Anamaria D. P. Alexiou (PQ), Miriam Uemi (PQ), Koiti Araki (PQ) e Henrique E. Toma* (PQ).


Instituto de Química da Universidade de São Paulo – Depto. de Química Fundamental - Caixa Postal 26077 - CEP 05513-970 - São Paulo - SP - Brasil.


palavras-chave: Zn-porfirina-cluster, RMN, coordenação axial.


Sistemas supramoleculares constituídos por metaloporfirinas e clusters trinucleares de acetato de rutênio tem sido obtidos pela coordenação dos clusters assimétricos [Ru3O(CH3COO)6(py)2CH3OH]+ aos resíduos piridínicos de Zn- ou Mn-(meso)tetra(4-piridil)porfirina. A síntese, caracterização e comportamento eletroquímico destas supermoléculas (abreviadamente ZnTCP e MnTCP, respectivamente – figura 1) já foram reportadas anteriormente1. Aqui, apresentamos uma investigação detalhada da estrutura dO ZnTCP por espectroscopia de ressonância magnética nuclear de 1H e 13C, incluindo as técnicas DEPT (correlação unidimensional 1H – 13C com intensificação de sinal por transferência de polarização), COSY (correlação homonuclear 1H – 1H) e HETCOR (correlação heteronuclear 1H – 13C). Adicionalmente, estudos de coordenação axial em diclorometano (DCM) e acetonitrila (ACN) também são reportados.

Todos os espectros de RMN foram obtidos a temperatura ambiente, utilizando-se uma solução 2x10-3 mol dm-3 de ZnTCP em CD3CN e um espectrômetro Bruker DPX-300. Os deslocamentos químicos foram medidos usando-se os prótons residuais do solvente como referência. As constantes de formação dos adutos ZnTCP(L) em DCM (L=ACN, piridina e imidazol) e as constantes de substituição de ACN em ZnTCP(ACN) por L (L=H2O, piridina e imidazol) foram obtidas por titulações espectrofotométricas a temperatura ambiente, usando-se nos cálculos o método Rose-Drago2.

A tabela 1 resume os deslocamentos químicos observados para ZnTCP em CD3CN. A atribuição dos sinais dos prótons, realizada anteriormente por integração dos sinais e comparação com dados da literatura1a, considerando-se efeitos como a anisotropia paramagnética das unidades Ru3O e a corrente do anel porfirínico, foi confirmada pelo espectro COSY, que indicou os seguintes acoplamentos: Hh x Hi; He x Hf; Hf x Hg; He x Hg. Adicionalmente, os prótons Ha e Hc (acetatos), e ainda Hm (pirrólicos), não apresentaram acoplamentos. Os espectros DEPT-135 e HETCOR permitiram a atribuição dos carbonos ligados diretamente a hidrogênios, enquanto que os sinais dos carbonos quaternários foram atribuídos por comparação com os espectros de compostos similares3. O sinal para o carbono Cj não pôde ser observado. O respectivo sinal para a TCP-base livre ocorre com baixa intensidade em 144, 0 ppm3b.
















Na tabela 2 estão resumidos os valores das constantes de equilíbrio obtidas nas titulações espectrofotométricas. A correlação K vs pKa(ligante) é evidente, mas os resultados obtidos em DCM para piridina e imidazol são uma e duas ordens de grandeza maiores que os obtidos em condições similares para ZnTPP, respectivamente4. Tal fato sugere que os clusters periféricos atuam como espécies elétron-receptoras, aumentando a acidez de Lewis do íon Zn2+ e, consequentemente, a magnitude das constantes de equilíbrio.


Referências

  1. (a) Dovidauskas, S; Toma, H. E.; Araki, K 21a Reunião Anual da SBQ, Livro de Resumos, 1, QI-121, 1998. (b) Dovidauskas, S.; Araki, K.; Toma, H.E. IX Brazilian Meeting on Inorganic Chemistry, Abstracts, 205, 1998.

  2. Rose, N. J.; Drago, R. S. J. Am. Chem. Soc. 81, 6138, 1959.

  3. (a) Toma, H. E.; Alexiou, A. D. P.; Nikolaou, S.; Dovidauskas, S. Magn. Reson. Chem. 37, 322, 1999. (b) Toma, H. E.; Araki, K.; Silva, E. O. Monats. Chem. 129, 975, 1998.

  4. Kadish, K. M.; Shiue, L. R.; Rhodes, R. K.; Bottomley, L. A. Inorg. Chem. 20, 1274, 1981.

CAPES, CNPQ e FAPESP.