SISTEMAS COORDENANTES ANCORADOS EM CALIX[4]ARENOS: USO DE CROMÓFOROS VISANDO APLICAÇÕES SUPRAMOLECULARES
1Izilda A. Bagatin (PQ), 2Regina Helena A. Santos (PQ) e 1Henrique E. Toma (PQ).
1Instituto de Química - USP - São Paulo - Brasil.
2Instituto de Química de São Carlos - USP- São Carlos - SP
palavras-chave: aminas, calixarenos, paládio
Introdução
e Objetivos.  A grande habilidade dos calixarenos no
reconhecimento de cátions metálicos e moléculas
orgânicas os tornam bastante interessantes do ponto de vista
supramolecular1,2.
  Com a facilidade de funcionalização dos calixarenos,
estes podem ser particularmente adequados para coordenação
 de metais de transição, combinando as propriedades da
forma da cavidade molecular com a estereoquímica do centro
metálico.  O objetivo deste trabalho é preparar
supermoléculas de calixarenos funcionalizados com ligantes
amínicos (fig.1) e imínicos e metais de transição.
 O interesse a longo prazo visa explorar as propriedades fotoquímicas
e/ou catalíticas, e os efeitos seletivos proporcionados pela
cavidade da matriz.
Métodos. Todos os solventes foram purificados segundo métodos conhecidos e os compostos foram manipulados usando a técnica padrão de Schlenk, sob atmosfera de argônio. As análises dos elementos concordam com a composição proposta. Os espectros de RMN multinucleares foram registrados em um espectrômetro da Varian, 300 MHz, utilizando CDCl3 e DMSO-d6 como solventes. Os espectros de massa (FABMS) foram registrados em um espectrômetro analítico Finnigan-Mat 90, utilizando álcool m-nitrobenzil como matriz. Os parâmetros cristalográficos e dados de intensidade foram obtidos no difratômetro automático CAD4 Enraf Nonius, radiação Ka(Mo) monocromada por grafite. A estrutura foi determinada usando-se a combinação dos métodos de Patterson e Diretos.
Resultados
e Conclusões.  O complexo da figura 1 foi preparado,
inicialmente, pela redução do ligante
dicianometoxycalixareno3
1 com LiAlH4 em éter seco, produzindo
o derivado diaminoetoxy 2. Em seguida, a reação
deste com 1 eq. de PdCl2(benzonitrila)2 em THF,
formou o complexo de Pd (32%) 3. O
cristal pertence ao sistema triclínico, P
;
a = 11,628(1); b = 11,828(1); c = 23,760(2)Å; a
= 82,09(1); b
=86,86(1); g
= 72,11(1)°.
 A representação ORTEP da figura
1, mostra o Pd ligado a 2 Cl e coordenado a 2 átomos de
N, (grupo NH2¾)
do ligante numa geometria quadrado planar. Foi verificada a
existência de ligações de hidrogênio
intramoleculares envolvendo O1....O2 e O3....O4
(dO-O: 2,630 e 2,695 Å; ângulo O-H-O = 150.7 e 147.5°,
respectivamente).  Este complexo apresenta sinais de 1H
RMN em 1,23 e 1,18 ppm (But), 4,06 e 3,49 ppm
(ArCHaCHbAr), 7,08 e 7,05 ppm
(m-ArH); 13C RMN em 31,2 ppm (ArCH2Ar).
 Estes resultados são compatíveis com estrutura cone,
visualizada na difração de raios-X.
Por outro lado, a substituição do grupo OH
fenólico do p-tert-butilcalix[4]areno4
 com 1,3-dibromopropano em acetonitrila, promoveu a formação
do derivado dibromopropanoxy (80%) 4 (dois OH substituídos),
cuja ponta alquílica possui Br, sendo de grande importância
para a construção de sistemas com cavidades maiores.  O
espectro de massa apresenta um sinal em 890.2, correspondendo ao pico
máximo do perfil isotópico do cátion [M]+.
 A reação do ligante 4 com 8-hidroxiquinolina
gerou o derivado bis-propanoxy-bis-8-oxyquinolina 5 (25%). O
ligante apresenta um sinal intenso em 1019,9, correspondendo ao pico
máximo do perfil isotópico do cátion [M]+.
 Este ensaio demonstrou a viabilidade de estruturas extendidas do
ligante calixareno com a  8-hidroxiquinolina, fato este interessante
na produção de sistemas luminescentes.  Os principais
dados de ressonância magnética nuclear destes compostos
estão apresentados na tabela 1 abaixo.
Tabela 1 - Características espectroscópicas dos compostos 1 a 5.
| 
			 Composto 1H RMN 13C RMN d ppm d ppm (Rend.%) ArOH m-ArH ArCHaCHbAr Dd But ArCH2Ar C(CH3)3  | 
	|||||||
| 
			 1(66,3)  | 
		
			 5,56  | 
		
			 7,13 6,74  | 
		
			 4,23 3,45  | 
		
			 0,78  | 
		
			 1,34 0,89  | 
		
			 31,5  | 
		
			 31,6 30,7  | 
	
| 
			 2(30)  | 
		
			 3,37  | 
		
			 7,15 7,13  | 
		
			 4,22 3,41  | 
		
			 0,81  | 
		
			 1,16 1,13  | 
		
			 31,4  | 
		
			 31,5 31,1  | 
	
| 
			 3(32)  | 
		
			 8,53  | 
		
			 7,08 7,05  | 
		
			 4,06 3,49  | 
		
			 0,60  | 
		
			 1,23 1,18  | 
		
			 31,2  | 
		
			 31,3 30,9  | 
	
| 
			 4(80)  | 
		
			 7,68  | 
		
			 7,06 6,88  | 
		
			 4,27 3,36  | 
		
			 0,91  | 
		
			 1,28 1,03  | 
		
			 31,8  | 
		
			 31,7 31,0  | 
	
| 
			 5(25)  | 
		
			 7,63  | 
		
			 7,00 6,81  | 
		
			 4,24 3,27  | 
		
			 0,97  | 
		
			 1,27 0,97  | 
		
			 31,7  | 
		
			 31,7 31,0  | 
	
Bibliografia:
1 V. Böhmer, Angew. Chem.. Int. Ed., 34, 713(1995);
2 S. Shinkai, Tetrahedron, 49, 8933 (1993) ;
3 E. M. Collins, M. A. Mckervey, E. Madigan, M. B. Moran, M. Owens, G. Ferguson e S. J. Harris, J. Chem. Soc., Perkin Trans. I, 3137 (1991);