UM
NOVO BIFLAVONÓIDE ISOLADO DE OURATEA MULTIFLORA (OCHNACEAE)
Maria
Helena Rossi1 (PQ) , Joana Darc Felicio1
(PQ), Hui Ran Park1 (IC)*, Edlayne Gonçalez1
(PQ), Maria Maia Braggio1 (PQ), Jorge M. David2
(PQ), Inês Cordeiro3 (PQ).
1
Instituto Biológico/ Centro de Sanidade Animal, C.P. 12898,
CEP 04010-970, São Paulo, SP; 2 Instituto de
Química, Universidade Federal da Bahia, CEP 40170-290,
Salvador, BA; 3 Instituto de Botânica/ Setor de
Herbário, São Paulo, SP
Palavras-chaves:
Ouratea multiflora, biflavonóides, Ochnaceae
INTRODUÇÃO
As
espécies que constituem a família Ochnaceae são
pouco conhecidas, tanto do ponto de vista químico como
biológico. A família está distribuida nas zonas
tropicais e subtropicais do mundo, sendo quimicamente caracterizada
principalmente por produzir flavonóides, destacando-se os
biflavonóides 1,2,3,4. Estudos químicos e
farmacológicos de espécies desta família vêm
sendo realizados há algum tempo. A Ouratea multiflora
(Pohl) Engl é uma planta da mata Atlântica, usada pela
população local no tratamento de doenças
reumáticas e gástricas. A evidência obtida
através de estudos anteriores da atividade biológica
de algumas espécies, estimulou o estudo da composição
química de Ouratea multiflora .
OBJETIVO
Com
o objetivo de continuar o estudo fitoquímico de espécies
da família Ochnaceae, relatamos o isolamento e a determinação
estrutural de um novo biflavonóide isolado da fração
clorofórmica do extrato etanólico das folhas e cascas
de Ouratea multiflora.
MÉTODOS
As folhas (170g) e cascas (600 g) de Ouratea multiflora,
coletada na Reserva da Juréia (SP), foram secas, moídas
e extraídas exaustivamente com etanol, à temperatura
ambiente. Obtiveram-se os extratos etanólicos das folhas (13g)
e das cascas (21g), que foram solubilizados em etanol:água
75:25 e submetidos a partição com hexano e clorofórmio.
As frações clorofórmicas das folhas (0,85 g) e
das cascas (1,9 g) foram reunidas e cromatografadas em coluna de
sílica 60H sob média pressão, eluindo-se o
material com clorofórmio: metanol 9:1, coletando-se 309
frações de 10 ml cada. As frações 6-12
(38,7 mg) forneceram o novo biflavonóide
3-hidroxi-4,5,7-trimetoxiflavona (6®
8)-3-hidroxi-3,4,5,7-tetrametoxiflavona
(1). A estrutura da substância isolada foi determinada
através da análise dos espectros de RMN 1H,
RMN 13C (PND e DEPT), RMN-2D 1H-1H-COSY
e espectro de massas.
RESULTADOS E
CONCLUSÕES
Os espectros de RMN
13 C (PND e DEPT) revelaram a presença de 26 sinais, dos
quais 17 são de carbonos quaternários, sendo 2 deles
carbonílicos (200,49 e 200,51 ppm), 10 vizinhos a átomos
de oxigênio e 5 aromáticos não oxigenados. Os
outros sinais restantes correspondem a 7 carbonos sp2 e 2
carbonos sp3. No espectro de RMN 1H foram
observados singletos atribuídos a hidrogênios ligados a
carbonos sp2 [(dH
6,63 (H-6); 6,80 (H-8); 7,17 (H-2)],
dubletos correspondentes a hidrogênios ligados a carbonos sp2
de um sistema AABB [(dH
7,9 (d, J= 6,6 Hz, H-2, 6), 7,0 (d, J= 6,7 Hz, H-3,
5)] e dubletos correspondentes a hidrogênios de sistemas
aromáticos 1,3,4-trissubstituídos [6,97 (d, J= 8,0 Hz,
H-5) e 7,51 (d, J= 8,0 Hz, H-6)].
A fórmula molecular de 1 foi determinada pela análise
do EM, o qual apresenta picos em m/z 329 e 358, referentes a duas
unidades flavonoídicas. A união das duas unidades
através dos carbonos 6®
8 foi confirmada pelos dados obtidos dos espectros de RMN
2D 1H-1H-COSY e RMN 13C. No primeiro
foram observados dois singletos atribuídos aos prótons
H-6 e H-8, que não se correlacionam com outros
prótons. No segundo , C-8 absorve em campo um
pouco mais alto (102,6 ppm) do que C-6 ( 104,9 ppm), conforme
verificado em outras biflavonas que possuem a mesma ligação1,4.

BIBLIOGRAFIA
1-Felicio, J. D.,
Gonçalez, E., Braggio M. M., Constantino, L., Albasini, A. &
Lins.
A.P. (1995) Planta
Médica, 61, 11.
2-Moreira, I. C.,
Sobrinho, D. C., de Carvalho, M .G. & Braz-Filho, R. (1994)
Phytochemistry,
35, 1567.
3-Velandia, J. M., de
Carvalho, M.G. & Braz-Filho, R. (1998) Quimica Nova, 21,
397.
4-Moreira, I. C., de
Carvalho, M. G., Bastos, A. B. F. O. & Braz-Filho, R. (1999)
Phytochemistry, 51,
833.
*Bolsista FAPESP