SENSOR DE GLICOSE BASEADO NA IMOBILIZAÇÃO DE GLICOSE OXIDASE (GOD) POR ELETROPOLIMERIZAÇÃO DE PIRROL EM MICRO-CÉLULA.


Pablo Fiorito (PG), Susana Córdoba de Torresi (PQ)


Departamento de Química Fundamental, Instituto de Química, Universidade de São Paulo, CEP 05513-970, São Paulo, Brasil.


Palavras Chave: Biosensor, Glicose, Poli(pirrol)


Na última década o desenvolvimento de biosensores tem despertado um interesse sem precedentes, particularmente a construção de sensores de glicose que permitam o autocontrole da glucemia em pessoas diabéticas.

Uma forma simples de elaborar um sensor de glicose é a imobilização de GOD durante o crescimento de polímeros gerados pela oxidação eletroquímica de um monômero a partir de uma solução que também contêm a enzima. As principais vantagens deste método é que o sensor pode ser preparado rapidamente, envolvendo uma etapa só e outorgando resolução espacial. Porém, o método apresenta uma severa limitação, que para que a imobilização da enzima ocorra durante a polimerização, precisam-se de altas concentrações de proteína no eletrólito aquoso. A utilização de micro-células eletroquímicas permite a formação de películas poliméricas desde pequenos volumes de electrólito (50-100 ml), reduzindo notavelmente a quantidade de enzima requerida [1].

O objetivo deste trabalho é a elaboração de um sensor de glicose imobilizando GOD e ferroceno numa matriz de poli(pirrol) gerado sobre um eletrodo de platina em micro-célula eletroquímica e a sua caracterização.

O biosensor foi feito da seguinte maneira: preparou-se uma solução aquosa de enzima e pirrol à qual foi adicionada uma solução de ferroceno em etanol, resultando uma suspensão de enzima em H2O/etanol (1:1) contendo 10 mg/ml de enzima, 0,1 M de pirrol e 10-3 M de ferroceno. Têm sido reportada a preparação de suspensões de GOD em H2O/etanol sem perda significativa da atividade da enzima [2]. Uma alíquota de 100 ml da suspensão foi colocada na micro-célula (Fig. 1), onde foi feita a polimerização por voltametria cíclica, variando o potencial entre –600 e 800 mV, durante 5 ciclos.

Fig. 1


O eletrodo foi lavado com água ultra pura (UHQ, Elga System) e acondicionado numa solução tampão de fosfato (pH 7) até sua utilização. O procedimento de elaboração foi repetido para o eletrodo previamente recoberto com um filme de Nafionâ. Os testes de sensibilidade do sensor à glicose e possíveis interferentes (ascorbato e ureato) foram feitos numa célula eletroquímica convencional de três eletrodos (5 ml), utilizando-se como eletrólito suporte uma solução agitada de tampão fosfato de pH 7 e polarizando a 0.65 V. Todos os potenciais estão referidos ao eletrodo de Ag/AgCl.


Fig. 2



Na Fig. 2 são mostradas as curvas de calibração obtidas para os dois biosensores preparados. Pode-se observar uma resposta lineal até aproximadamente 10mM de glicose, com uma sensibilidade de 9,14D10-7
A M-1cm-2 para o sensor sem Nafion e de 1,48D10-7 A M-1cm-2 para o sensor previamente recoberto com Nafion. Embora o eletrodo com Nafion apresenta uma sensibilidade menor, a inclusão do fluoropolímero permite a eliminação total da interferência provocada pelos íons ascorbato e ureato nas concentrações fisiológicas máximas (Fig. 3).

Fig. 3


Apresenta-se um método para a elaboração de um biosensor de glicose que permite a inclusão de ferroceno como mediador na etapa de transducção sem a necessidade de modificar a enzima ou o monômero, que apresenta bom desempenho e eliminação total das interferências produzidas pelos íons ascorbato e ureato devido à inclusão do Nafion no sensor.




REFERÊNCIAS:


[1] K. Habermüller and W. Shuhmann, Electroanalysis 10 (1998) 1281-1284

[2] A. Karyakin, E. Kanyakiva, L. Gorton, Sensors and Actuators B 44 (1997) 356-360


FAPESP