OXIDAÇÃO DO NITRITO EM ELETRODO MODIFICADO: DESENVOLVIMENTO DE MÉTODO ANALÍTICO PARA DETERMINAÇÃO EM EMBUTIDOS
Thiago R. L. C. da Paixão (IC), Luis Kosminsky (PG),
José R.C. da Rocha (PG) e M. Bertotti (PQ)
Departamento de Química Fundamental do Instituto de Química USP
São Paulo SP Brasil
palavras-chave: nitrito, óxidos de molibdênio, embutidos
A legislação brasileira permite que sais de nitrito sejam usados como conservantes de carnes1, embora exista a possibilidade de reação destas substâncias com aminas secundárias no estômago de mamíferos, conduzindo à formação de nitrosaminas carcinogênicas. Métodos espectrofotométricos são costumeiramente utilizados para a quantificação de nitrito, mas estes procedimentos utilizam reagentes caros e às vezes carcinogênicos. Nesse sentido, o presente trabalho teve como objetivo a utilização de um eletrodo modificado por óxidos de molibdênio como sensor amperométrico para a determinação de nitrito em sistema FIA.
Experimental
Os reagentes utilizados tiveram procedência analítica. Os experimentos eletroquímicos foram realizados com o potenciostato EG&G 273A em célula de 3 compartimentos ( eletrodo de trabalho: disco de carbono vítreo, eletrodo de referência: Ag/AgCl sat., eletrodo auxiliar: fio de platina ). O eletrodo de trabalho foi modificado com base em procedimento estabelecido na literatura2. Os dados em sistema FIA foram obtidos com célula do tipo wall-jet. Empregou-se espectrofotômetro Beckman DU-70 e célula de vidro de 1 cm de espessura nas determinações espectrofotométricas, realizadas em 540,0 nm após 10 minutos de reação do analito com soluções de sulfanilamida e de diidrocloreto de N-( 1-naftil ) etilenodiamina ( Reação de Griess ). A extração do nitrito da lingüiça foi feita deixando-se a amostra em tampão NH4+/ NH4OH ( pH = 9 ) sob agitação por 5 minutos.
Resultados
Os voltamogramas apresentados na figura 1 demonstram o aumento do sinal de corrente referente à oxidação do nitrito quando o processo eletroquímico é realizado empregando-se o eletrodo recoberto por óxidos não-estequiométricos de molibdênio. Tal fato deve-se à catálise do processo de oxidação do nitrito na superfície modificada. Empregando o eletrodo modificado como sensor amperométrico para nitrito em sistema FIA ( E = 1,0 V ), foram obtidos os dados apresentados na figura 2.
Figura 1: Voltamogramas para solução de nitrito 1 mM em solução tampão pH = 9 obtidos com eletrodo de carbono vítreo antes (B) e após (C) a modificação com filme de óxido de molibdênio. A = voltamograma do eletrólito suporte com eletrodo modificado. Velocidade de varredura = 50 mV/s.
Figura 2: Injeções de soluções de nitrito (A = 0,1; B = 0,3; C = 0,5; D = 0,7; E = 0,9 mM) num fluxo de tampão pH = 9 (2,8 mL/min). Eletrodo modificado polarizado em 1,0 V. Loop de amostragem = 0,13 mL.
Devido à melhoria da sensibilidade para a análise de nitrito usando o eletrodo modificado, empregou-se o procedimento em fluxo para a determinação do analito em amostras de embutidos. Para tanto, procedeu-se a uma etapa de extração e em seguida a solução resultante foi díluida 5 vezes com tampão pH = 9 para posterior injeção das alíquotas no líquido carregador. Os sinais obtidos foram comparados com aqueles provenientes de curva analítica construída com padrões de nitrito{ I(µA) = 1,65 + 18,7Cnitrito(mM) }. Os resultados obtidos pelo método proposto foram concordantes com dados resultantes do método espectrofotométrico ( ao redor de 84 mg de nitrito/Kg de lingüiça ), demonstrando a ausência de interferentes na matriz eventualmente passíveis de oxidação no potencial de trabalho. A tolerância máxima imposta pela legislação brasileira para o uso de nitrito em produtos cárneos curados é de 200 mg/Kg1, logo a amostra está dentro dos padrões nacionais.
Bibliografia
W.H.Lara, M.Y.Takahashi and N.Silveira, Rev.Inst.Adolfo Lutz, 38-2 (1978) 167.
L. Kosmisky and M. Bertotti, Electroanalysis, 11 (1999) 623.
CNPq, FAPESP