Caracterização de filmes das blendas de polivinil butiral (PVB) e polimetacrilato de metila (PMMA)

Katrin Chaves da Costa (IC) e Denise Freitas Siqueira Petri (PQ)

Instituto de Química da Universidade de São Paulo


Palavras-chaves: blendas poliméricas, molhabilidade, índice de refração.


Introdução: O uso de polímeros no desenvolvimento de guias de onda está bem reportado na literatura1-2. Os poliacrilatos são os polímeros mais freqüentemente utilizados para este fim, pois apresentam alta transparência e isotropia. Portanto, um dos parâmetros mais importantes é o índice de refração. Como os guias de ondas são compostos por multicamadas, a molhabilidade de cada camada afetará diretamente a adesão entre as mesmas. Pouco se sabe a respeito do uso de blendas com poliacrilatos para o desenvolvimento de guias de onda.

Objetivos: Determinar as propriedades ópticas e a molhabilidade de blendas de polimetacrilato de metila (PMMA) e polivinil butiral (PVB), o qual é largamente utilizado em blindagens de vidros.

Materiais: acetona p.a.(Nuclear, SP), tolueno p.a. (Nuclear, SP), tetrahidrofurano (THF) p.a. (Nuclear, SP) e hidróxido de amônio p.a.( Nuclear, SP) diluído a 5% foram utilizados sem purificação prévia. Wafers de silício foram fornecidos pela empresa Crystec (Berlin, RFA). PVB foi gentilmente fornecido pela Blindex (São Paulo). PMMA com Mn ~ 58000 g/mol foi sintetizado por polimerização em emulsão.

Metodologia: Os wafers foram cortados em plaquinhas de aproximadamente 2,0 cm x 2,0 cm que foram limpas com acetona. Para a preparação dos filmes foram utilizadas soluções de PMMA em tolueno na concentração de 10mg/mL, de PVB em THF na concentração de 10mg/mL e das blendas PMMA/PVB (nas seguintes proporções: 95%/5%, 90%/10%, 75%/25%, 50%/50% e 25%/75%) em THF com concentração de 10mg/mL. Os filmes finos foram preparados por revestimento rotacional ("spin-coating") no spinner Headway PWM32-PS-R790 (Garland, USA) com rotação de 3000 rpm por 30 s. onde, as placas de silício, já limpas, foram recobertas com a solução desejada e sob rotação houve a formação do filme polimérico desejado. O mesmo procedimento foi utilizado para todas as amostras. Medidas de ângulo de contato (através de aparelhagem montada no laboratório e com leitura digital pela câmera digital Casio QV10 e por software fornecido pelo fabricante) foram feitas para os filmes de PMMA, PVB e das blendas PMMA/PVB. O índice de refração e a espessura dos filmes foram obtidos por elipsometria (DRE-ELX032, Ratzeburg, RFA).


Resultados:

Os ângulos de contato de avanço medidos para filmes de PMMA e PVB puros apresentaram valores idênticos igual a (60 ± 2)º. As blendas apresentaram valores semelhantes aos polímeros puros. Portanto, verificamos que os filmes de PMMA, de PVB e as respectivas blendas têm molhabilidades próximas, o que pode contribuir favoravelmente à construção das multicamadas para os guias de onda. Porém, os filmes de PVB têm uma maior rugosidade que os filmes de PMMA, o que pode ser observado pelos valores de histerese (ângulo de avanço – ângulo de recesso) de 27o e 5o, respectivamente. Uma análise da morfologia dos filmes será feita por microscopia de força atômica.


Os valores de índice de refração n obtidos por elipsometria para os filmes de PMMA, PVB e blendas estão mostrados no gráfico abaixo. Há uma diminuição aproximadamente linear do índice de refração quando o teor de PMMA na blenda aumenta. Em guias de ondas as diferenças de índice de refração dos materiais que compõem as multicamadas devem ser £ que 0,01, a fim de se evitar perda de intensidade de luz. As blendas de PVB e PMMA se mostram bastante vantajosas para fabricar guias de onda, pois variando a composição da blenda pode-se obter índices de refração dentro do intervalo desejado. A espessura média dos filmes foi de (110 ± 10) nm.

Conclusões: PVB e PMMA apresentam molhabilidades semelhantes, mas índices de refração diferentes em comprimento de onda de 632,8 nm. Variando a composição das blendas é possível obter-se materiais com índices de refração variando na faixa de 0,01. Estes resultados mostram que as blendas de PVB e PMMA são materiais viáveis para a confecção de guias de onda.


Bibliografia:

  1. Toshio Watanabe, Naoki Ooba, Shoichi Hayashida, Takashida Kurihara, and Saburo Imamura. Journal of Lightwave Technology, vol 6, 1998, p. 1049-1055.

  2. Junya Kobayashi, Tohru Matsuura, Yasuhiro Hida, Shigekuni Sasaki, and Tohru Maruno. Journal of Lightwave Technology, vol 16, 1998, p. 1024-1029.