LEVANTAMENTO DE EXPECTATIVAS E AÇÕES PROPOSTAS
NO Projeto-Piloto de Inovação Curricular
e Capacitação de Educadores NO ESPÍRITO SANTO
Haroldo Lúcio de Castro Barros (FM); Penha Souza Silva (PG);
Marciana Almendro David (PG)
Colégio Técnico do Centro Pedagógico da Faculdade de Educação
e Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais
Palavras-chave: ensino de química, PCN, formação de professores
Introdução
É crescente a demanda por matrícula no Ensino Médio no Brasil, não só porque cresce o número de alunos formados na 8a. série, mas também pelo fato de o mercado de trabalho estar-se tornando mais exigente. Dados estatísticos, por outro lado, revelam a ineficiência da escola em formar o seu aluno. Assim, não basta aumentar o acesso ao Ensino Médio. É preciso melhorar a sua qualidade.
Nesse sentido e seguindo as diretrizes estabelecidas pelo Ministério da Educação, o Governo do Estado do Espírito Santo criou a Escola Jovem - Subprograma de Melhoria e Expansão do Ensino Médio. Pela forma em que esse programa foi estruturado, fica claro que não se trata de mera reforma curricular, mas de uma mudança do paradigma educacional vigente, contando com a participação dos educadores e da comunidade.
Levantamento de expectativas
O Projeto-Piloto de Inovação Curricular e Capacitação de Educadores - a primeira ação desse programa - teve início em setembro de 1999. Considerando que levantar problemas e expectativas é um exercício fundamental nessa fase inicial do programa, as seguintes questões foram propostas, no primeiro encontro, aos 52 professores de Química participantes:
"Quais são as dificuldades que você enfrenta para ensinar Química no Ensino Médio ? "
"Boa parte das dificuldades que enfrentamos dizem respeito à precariedade material e estrutural de nossas escolas. Outras estão associadas à forma como concebemos o aprender, o ensinar, a Ciência e a Química. Tendo em vista que os PCNs pretendem auxiliá-lo a melhorar a sua prática como professor, que tipo de subsídios você espera nesse documento ? "
"Levando em consideração que este Projeto Piloto também pretende auxiliá-lo em sua prática, o que você espera dos trabalhos que pretendemos de-senvolver ao longo desse processo ? "
Resultados
Para cada questão, as respostas foram agrupadas. Para a questão 1, foram apontadas 189 dificuldades, assim reunidas: os grupos I e II englobam aquelas ligadas ao próprio professor (37,5%), o grupo III as dificuldades atribuídas à escola (36,5%) e os grupos IV e V, aquelas. associadas aos alunos (26,0%).
Para a questão 2, os professores relacionaram 77 subsídios, que foram assim reunidos: grupo I (formação continuada, 74,0%), grupo II (autonomia do professor, 18,2%), grupo III (reestruturação do currículo, 5,2%) e grupo IV (monitoramento do trabalho do professor, 2,6%).
Finalmente, para a questão 3, as 69 expectativas com relação ao Projeto foram reunidas em 4 grupos: grupo I (habilitação específica, 52,2%), grupo II (infraestrutura da escola, 20,3%), grupo III (formação continuada, 14,5%), e grupo IV (entrosamento comunidade escolar/Secretaria da Educação, 13,0%).
Discussão
Com relação à questão 1, a principal dificuldade apontada (37,5%) relaciona-se à formação dos professores, que não se sentem preparados para trabalhar com as novas demandas para o ensino da Química. Os professores indicam deficiências em sua formação (conteúdo e novas metodologias de ensino), dificuldade de acesso às novas idéias e falta de tempo para estudo. Dessa forma, não têm os instrumentos necessários para conceber currículos que incorporem as necessidades de um ensino de Química renovado. Acrescente-se que a maioria não tem graduação em química ou, pelo menos, em área afim.
Quase igual número (36,5%) de respostas aponta para a tendência de atribuir à escola a responsabilidade total ou parcial pelas dificuldades encontradas. Foi indicada a necessidade de transformações institucionais, como obtenção ou melhoria de laboratórios e da biblioteca, melhor organização dos alunos nas salas e aumento do tempo de aula. Também foram apontadas, como entraves, programas inadequados e a ausência de livros didáticos que atendam às demandas atuais.
Um número de respostas ainda bastante significativo (26,0%) atribui as dificuldades (ou parte delas) aos alunos, mencionando falta de interesse e de motivação e deficiências em outras disciplinas.
Com relação à questão 2, o desejo maior dos professores é que, através da implementação dos PCNs, sejam eliminadas as dificuldades apontadas nas respostas da questão 1, em especial quanto à sua formação continuada (74,0%).
Como podia ser esperado, na questão 3, a maior expectativa dos professores é a de que o Projeto venha a oferecer-lhes oportunidade de formação profissional (habilitação específica: 52,2%; formação continuada: 14,5%). Esperam ainda a melhoria da infraestrutura de suas escolas (20,3%).
Conclusões
Coerente com as demandas levantadas, o Projeto propõe ações, a se desenvolverem durante 5 anos, envolvendo a comunidade escolar e a Secretaria de Educação. Entre essas ações, destacam-se o fortalecimento institucional da Secretaria de Educação e da autonomia da escola, apoio às escolas e às inovações educacionais, gestão e definição de padrão escolar, programa de aceleração de aprendizagem, formação inicial e continuada e centros de referência dos educadores, valorização do magistério e dos alunos e ampliação e melhoria da rede física.
Bibliografia
MEC. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Brasília, DF,1999.
Educativa. Informativo do PROMED/ES. Número 1, Ano 1. Vitória, ES, 1999.
Agradecimentos: Educativa e Secretaria de Estado de Educação do Espírito Santo.