CARACTERIZAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS VOLÁTEIS (COVs) NA ATMOSFERA DO SÍTIO CORPO DE BOMBEIROS, MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ - BRASIL


Celeste Yara Moreira dos Santos (PG), Débora de Almeida Azevedo (PQ), Francisco Radler de Aquino Neto(PQ)


LADETEC; Instituto de Química/ UFRJ; ladetec@iq,ufrj.br

palavras-chave: COVs, CGAR-EM, poluição atmosférica.


São considerados Compostos Orgânicos Voláteis (COVs), aqueles compostos que possuem uma pressão de vapor maior que 10 -2 torr.(Hansen et al.,1991).

“Corpo de Bombeiros” foi escolhido por ser um sítio aparentemente poluído pela quantidade de veículos e pelas queimadas de cana-de açúcar. O município de Campos dos Goytacazes é conhecido pela importancia de sua agroindústria açucareira mas que utiliza práticas ultrapassadas no corte da cana-de-açúcar para facilitar o corte manual. As plantações de cana de açúcar são queimadas anualmente gerando uma “chuva negra” de fuligem. Há, principalmente, dois fatores distintos de poluição nesta região: combustíveis automotores e queimadas de cana. A poluição é considerada responsável pelos problemas respiratórios da população local, principalmente asma e bronquite.

O objetivo deste estudo é determinar os compostos orgânicos voláteis existentes no ar da região. A influência de queimadas ou poluíção oriunda do tráfico de veículos é analizada em função dos contaminantes identificados.

Os Compostos Orgânicos Voláteis foram amostrados utilizando-se uma bomba de baixo volume (1l/min) durante cerca de 22 horas. O sistema de amostragem possuía basicamente a bomba que aspirava o ar primeiramente através de filtro de fluoropore com o objetivo de reter as partículas com diâmetro maior que 1 mm e posteriormente por dois tubos de XAD-2 e um de carvão em série para que quando o primeiro tubo ficasse saturado de COVs os outros tubos continuassem adsorvendo COVs. Foram utilizados tubos de carvão e de XAD-2 devido a alguns compostos ficarem melhor retidos em um tipo de adsorvente em relação ao outro.

Após decorrido o tempo de amostragem, os cartuchos de XAD-2 e carvão foram devidamente tampados com tampas apropriadas, envolvidos em papel alumínio e guardados em congelador para posterior extração e análise. As extrações dos COVs foram feitas com éter etílico previamente tratado.

As amostras foram analisadas por Cromatografia Gasosa de Alta Resolução acoplada a detector por Ionização em Chama (quantificação) e posteriormente por Cromatografia Gasosa de Alta Resolução acoplada a Espectrometria de Massas (qualificação), utilizando coluna capilar de sílica fundida DB-5, 60 m x 0,25 mm e com espessura de fase de 1,0 mm.

Foram identificados por comparação com espectros de referência, os seguintes compostos: diclorometano, 3-metil pentano, hexano, acetato de etila, clorofórmio, metilciclopentano, benzeno, metil cicloexano, isooctano, tolueno, octano, 4-metil octano, etilbenzeno, xileno, nonano, estireno, 1,3-dimetilbenzeno, dimetiloctano, dimetilcicloexanona, propilbenzeno, decano, b-pineno, trimetil benzeno, dl-limoneno, 1-metil-3-propilbenzeno, dietilbenzeno, undecano, 1-metil-4-(1-metiletil)benzeno, naftaleno, dodecano, 1-fenoxipropan-2-ol, 1-(4-etilfenil)etanona, tridecano, 2-metilnaftaleno, tetradecano, 2-metil-1,1’-bifenila, pentadecano, benzoato de pentila e octano.

Foi observada a presença de benzeno, tolueno, xilenos (BTEX) característicos de sítios poluídos por motores a combustão (Rosell et al,1991). Foram detectados, também alguns alquil-naftalenos como: 1,3-dimetil naftaleno, 1,6-dimetil-4-(1-metileno)-naftaleno, 1,2,3,4-tetrahidro-1,6-dimetil- naftaleno que podem ter sido originados de derivados de petróleo e/ ou queimadas. Estão presentes alguns terpenos (limoneno, pineno,), e ésteres que podem ser oriundos da vegetação típica da região.

O limite de tolerância para o benzeno segunda a NIOSH – U.S. National Institute for Occupational Safety and Health – é de 0,32 mg/m3 . Na amostragem de inverno obteve-se um valor de 0,33 mg/m3 . Todos os outros compostos, inclusive o benzeno nos meses de verão estavam abaixo do limite estabelecido pela legislação internacional e nacional.



Referências Bibliográficas:


HANSEN, L. D & EATOUGH,D.J (1991) Organic chemistry of the atmosphere. Boca Raton, Lewis Publ.325p.


ROSELL, A.; GRIMALT,J.O; ROSELL,M.G. (1991 ) The composition of volatile and particulate hydrocarbons in urban air. Fresenius’J. Anal. Chem. 339:689-698.


CAPES, CNPq, FUJB, FAPERJ