AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE REGULATÓRIA DE CRESCIMENTO DE COMPOSTOS ANÁLOGOS AO ÁCIDO INDOLACÉTICO EM SEMENTES DE ALFACE


Flávia Aparecida Fernandes da Rosa (PG)1; Maria da Graça Nascimento (PQ)1; Ricardo Andrade Rebelo (PQ)2; Rosete Pescador (PQ)3


1- Departamento de Química da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, Florianópolis–SC. 2 – Departamento de Química da Universidade Regional de Blumenau–FURB, Blumenau–SC. 3 - Laboratório de Biotecnologia vegetal do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Regional de Blumenau


palavras-chave: reguladores de crescimento vegetal, auxinas, derivados do ácido indolacético


Os eventos fisiológicos de crescimento e desenvolvimento que ocorrem nos vegetais representam um processo integrado, complexo e pouco conhecido, havendo entretanto, uma estreita relação desses eventos com a ação de substâncias conhecidas como hormônios vegetais. Estes definidos como compostos orgânicos endógenos que em baixas concentrações causam respostas fisiológicas nas plantas, existindo cinco classes principais: as auxinas, giberilinas, citocininas, ácido abscísico e o etileno.

Inúmeros compostos sintéticos reproduzem os efeitos dos hormônios de crescimento, dentre estes destacam-se os ácidos 2-naftilacético, 2,4-diclorofenoxiacético e o 4-(3-indolil)butírico, todos da classe das auxinas, sendo o ácido indolacético (I) o seu mais importante representante natural. As auxinas são os reguladores de crescimento vegetal mais estudados e de ação fisiológica mais variada, sendo a estimulação da elongação celular sua principal atividade.

Na agricultura o uso de compostos análogos ao ácido indolacético constitui uma prática rentável e bastante difundida, encontrando também grande aplicação em biotecnologia vegetal. O presente trabalho teve como objetivo avaliar respostas fisiológicas associadas ao crescimento vegetal quando sementes de Lactuca sativa (alface crespa) foram submetidas à ação das novas estruturas indólicas (II) e (III).







Os ensaios foram conduzidos com sementes de L. sativa variedade Grand Rapids (alface crespa), e as soluções dos compostos (II) e (III) foram preparadas nas concentrações de 10-3 a 10-9M utilizando acetona como solvente. Os ensaios foram realizados em placas de Petri esterelizadas, sendo que para cada concentração utilizou-se 1 placa contendo 4 discos de papel de filtro. Em cada disco de papel foi adicionado 1mL de solução nas diferentes concentrações, sendo o solvente (acetona) evaporado antes da adição de 1,5mL de Tween 80, seguida da inoculação de 50 sementes em cada disco, num total de 200 sementes em cada placa. As sementes antes de serem inoculadas foram submetidas ao processo de assepsia. As placas foram incubadas em câmara de germinação adaptada, sendo as placas distribuídas ao acaso com temperatura controlada à 25 ± 2 °C e fotoperíodo de 16h/luz durante 5 dias. Diariamente foram observados o número de sementes germinadas e no quinto dia após a inoculação das sementes foi realizada a coleta de dados, onde foram determinados os comprimentos em milímetros das radículas e hipocótilos. Como controle foi utilizado ensaio similar, no entanto, não foram adicionadas as soluções dos compostos (II) e (III).

Os ensaios conduzidos com o composto (II) demonstraram que a porcentagem de germinação das sementes apresentou um valor médio de 94-99%, inclusive no ensaio controle. Nos ensaios de crescimento de radícula não foi observado nenhum efeito de estimulação, pois o comprimento das radículas em todas as concentrações foi menor do que as medidas obtidas no ensaio controle. Nas medidas dos hipocótilos também não foi verificado nenhum efeito, seja de estimulação ou inibição. Já o composto (III) na concentração de 10-3M demonstrou uma porcentagem de germinação (91%), sendo menor que nas demais concentrações e no controle, que estabeleceram-se na faixa de 98-100%. Ainda na concentração de 10-3M foi observada total inibição no desenvolvimento da planta, ou seja, não foi verificado crescimento de radícula nem hipocótilo. Estes resultados estão de acordo com os da literatura, onde é relatado que as auxinas em altas concentrações causam inibição no crescimento. Porém nas concentrações de 10-5 a 10-8M foram verificadas estimulações no crescimento da radícula, atingindo um valor máximo em 10-5M e mínimo no controle. As seguintes medidas foram obtidas: 40,3, 35,05, 32,65, 32,85 e 27,95mm, respectivamente. Entretanto, as medidas dos hipocótilos não demonstraram nenhum tipo de estímulo no crescimento, ficando as medidas do ensaio controle e das diferentes concentrações muito próximas.

Através destes resultados verificou-se que o éster indólico (II) não apresentou efeito de estimulação, porém o ácido indólico (III) forneceu resultados promissores, nos deixando otimistas quanto ao seu emprego como regulador de crescimento vegetal.


DAVIES, J. Peter; Plant Hormones and their Role in Plantt Growth and Development. Kluwer Academic Publishers; London, (1990)

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TERRY, Roberts; Metabolic Pathways of Agrochemical – Part 1: Herbicides and Plant Growth Regulators. Royal Society Chemistry, Cambridge, 775, (1990).

ROSA, F. A. F.; NASCIMENTO, M. G.; REBELO, R. A.; Síntese de Novos Reguladores de Crescimento Vegetal Relacionados ao Ácido Indolacético, resumo submetido a 23a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química.


CAPES,UFSC, FURB