FLAVONAS DE FICUS GOMELEIRA (MORACEAE). PARTE III


Daniel Ferreira Amaral (PG), Mara Sílvia Pinheiro Arruda (PQ), Alberto Cardoso Arruda (PQ), Adolfo Henrrique Müller (PQ) e Tânia Maria da Silva Lima (IC)


Departamento de Química, CCEN, Universidade Federal do Pará, Campus Universitàrio do Guamá, 66075-110, Belém-PA. arruda@ufpa.br


Palavras-chave: flavonas, Ficus gomeleira, Moraceae


INTRODUÇÃO


As figueiras e gomeleiras, nomes vulgares pelos quais as espécies do gênero Ficus são mais conhecidas no Brasil, distribuem-se por todas as regiões tropicais do globo, atingindo algumas delas as regiões subtropicais. Existem cerca de 1000 espécies deste gênero, das quais metade cresce na Ásia e Oceania, um terço na África e as restantes no continente americano. A espécie Ficus gomeleira, objeto do nosso estudo, árvore de copa ampla, podendo atingir até 20 metros de altura, tem seu látex utilizado na medicina caseira como purgativo e vermífugo [1].


Em comunicações anteriores (21a Reunião Anual da SBQ, 1998, Resumos, vol 2, PN-52 e 22a Reunião Anual da SBQ, 1999, Resumos, vol 2, PN-57) foram descritos o isolamento e a identificação estrutural de três triterpenos (a-amirina, b-amirina e acetato de b-amirina) e de seis flavonas [5-hidroxi-7,5'-dimetoxi-3',4'-metilenodioxi flavona; 5-hidroxi-8,3',4',5'-tetrametoxi-6,7-(2",2"-dimetilpirano)flavona; 5-hidroxi-8,3’,4’-trimetoxi-6,7-(2”,2”-dimetilpirano)flavona; 5-hidroxi-7,8,3',4'-tetrametoxiflavona; 5,6,7,3',4',5'-hexametoxiflavona e 5,6,7,5'-tetrametoxi-3',4'-metilenodioxi flavona ], obtidos das folhas de Ficus gomeleira. Dando continuidade a este estudo, estamos relatando o isolamento e a identificação estrurural de mais cinco flavonas (1-5), obtidas dos extratos hexânico e diclorometânico das folhas.


OBJETIVOS

O presente estudo visa o isolamento e determinação estrutural dos constituintes químicos dos extratos hexânico e diclorometânico das folhas de Ficus gomeleira, bem como uma análise comparativa com as outras espécies do gênero Ficus existentes na Amazônia.


MÉTODOS

As folhas secas e moídas de Ficus gomeleira foram submetidas a percolação, à frio, com solventes em ordem crescente de polaridade (hexano e diclorometano). O extrato hexânico foi fracionado em coluna cromatrográfica de sílica gel (70-230 mesh), eluído com misturas de hexano-AcOEt em concentrações crescentes de AcOEt. A fração eluída em hexano-AcOEt 10% foi refracionada nas mesmas condições e misturas de solventes, fornecendo a flavana 3. O extrato diclorometânico foi fracionado em coluna de sílica gel e eluído com CH2Cl2 e misturas de CH2Cl2-AcOEt em concentrações crescentes de AcOEt. A fração eluída em CH2Cl2 puro foi refracionada com hexano-AcOEt com concentrações crescentes de AcOEt, fornecendo as substâncias 1, 2, 4 e 5. As estruturas das substâncias isoladas foram determinadas por métodos espectrométricos de Ressonância Magnética Nuclear de 1H e 13C e de Massa.


RESULTADOS

A análise dos dados espectrais de RMN de 1H, 13C e Massa bem como comparação com os dados espectrais descritos na literatura, permitiu identificar as estruturas das cinco flavonas como sendo 5,7,5'-trimetoxi-3',4'-metilenodioxiflavona (1), 5,7-dimetoxi-3',4'-metilenodioxiflavona (2), 5-hidroxi-7,3',5'-trimetoxi-4’-(3”,3”-dimetilaliloxi)flavona (3), 7,4’-dihidroxi-5,6,3',5'-tetrametoxiflavona (4) e 6,7-dihidroxi-5,3',4',5'-tetrametoxiflavona (5).





















CONCLUSÃO


A flavona 3 está sendo relatada pela primeira vez e a 1 está sendo citada pela segunda vez no gênero Ficus, tendo sido isolada anteriormente de F. maxima [2].

A partir de F. gomeleira foram isoladas praticamente flavonas, exibindo portanto um perfil químico muito semelhante ao mostrado por F. maxima [2].



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Carauta, J.P.P., (1989), Albertoa 2(1): 5

2. Muñoz, G.D., (1996), Constituintes Químicos de Ficus maxima (Moraceae) ), Dissertação de Mestrado, UFPA, 150 p.