Washington Novaes - Instituto don Fernando
MEIO AMBIENTE, CIÊNCIA
E COMUNICAÇÃO
Já ninguém
mais discute que nos aproximamos de limites muito perigosos para a vida
no nosso planeta - a concentração de poluentes e a ameaça
de mudanças climáticas, o avanço da erosão
e da desertificação, o desflorestamento e a perda progressiva
da biodiversidade, o acúmulo de lixo - tóxico e radiativo,
inclusive -, a poluição e degradação dos recursos
hídricos, a pressão populacional sobre os recursos naturais,
para só mencionar alguns.
Mais complicado, menos
de 20% da população mundial consomem mais de 80% dos recursos
e da energia, com padrões de consumo e matrizes energéticas
desperdiçadores e insustentáveis. Se tal padrão for
estendido a todos os habitantes da Terra, nem haverá recursos suficientes
(hoje, um habitante dos países industrializados tem um impacto sobre
os recursos em média 15 vezes maior que o de um habitante do Terceiro
Mundo), nem o planeta suportará a carga de poluição
e devastação.
Se é assim,
temos de caminhar em direção a novos padrões civilizatórios.
Para isso, entretanto, será necessário que cada
habitante do planeta se concientize dos riscos e das novas necessidades.
Há dois caminhos possíveis:
1. que a ciência diagnostique as situações
e, ainda com a comunicação, advirta a sociedade, para que
esta se posicione, eleja governantes e legisladores compromissados com
a implantação de políticas adequadas, multi e interdisciplinares,
que tomem como fundamento a questão ambiental, a gestão correta
do meio físico;
2. se não for assim, aguardaremos que catástrofes
sejam capazes de induzir transformações.
Como o segundo caminho é inadmissível e indesejável,
precisamos trabalhar, juntos, pelo primeiro - ciência e comunicação.
Mas há numerosos obstáculos no caminho. Do lado
da comunicação, seu despreparo para tratar com maior competência
e profundidade as questões científicas e ambientais. Do lado
da ciência, a dificuldade de tratar com a comunicação
- o receio de perder autoria de trabalhos, de ser considerado simplista,
simplificador ou simplório etc.
Será preciso um grande esforço nas duas pontas
para promover uma transformação em profundidade do quadro.