SBQ - BIÊNIO (2000/2002) BOLETIM ELETRÔNICO No. 311




Assine e divulgue Química Nova na Escola e o Journal of the Brazilian Chemical Society (www.sbq.org.br/publicacoes/indexpub.htm) a revista de Química mais importante e com o maior índice de impacto da América Latina. Visite a nova página eletrônica do Journal na home-page da SBQ (www.sbq.org.br/jbcs/index.html).


Veja nesta edição:
  1. Concurso para professor substituto no Departamento de Química da UFJF
  2. Bioquímica
  3. Publicação do livro "Theoretical Aspects of Heterogeous Catalysis" e do caderno de pós-graduação sobre Catálise Assimétrica, envolvendo docentes do IQ-UFRJ
  4. Primeiro Simpósio de Química na Internet - SPIN.qmc
  5. Fatos e circunstâncias, artigo de José Carlos Azevedo: São muitíssimo insignificantes os recursos para a ciência no Brasil


1. CONCURSO PARA PROFESSOR SUBSTITUTO NO DEPARTAMENTO DE QUÍMICA DA UFJF

01 vaga em Físico-Química e 01 vaga em Química Analítica. Inscrições: 14, 15 e 18/02/2002 na Secretaria do Instituto de Ciências Exatas da UFJF. Seleção: Físico-Química: 19/02/2002, 09:00h análise de curriculum vitae e entrevista. Química Analítica: 19/02/2002, 14:00h análise de curriculum vitae, entrevista e prova didática.

informações: www.ufjf.br
Tel: (32) 3229-3302
e-mail: helius@quimica.ufjf.br (Físico-Química) mcarmohs@quimica.ufjf.br (Química Analítica)
Desde já agradecemos a atenção dispensada.

Atenciosamente,

Hélio F. Dos Santos
NEQC: Núcleo de Estudos em Química Computacional
Depto. Química - ICE
Universidade Federal de Juiz de Fora.




2. BIOQUÍMICA

Cientistas japoneses conseguem criar novo par de bases para código de DNA. Quem acha difícil entender como apenas quatro letras químicas do alfabeto genético -A, T, C e G- podem codificar toda a diversidade da vida sobre a Terra tem agora dois caracteres extras para se ocupar: S e Y.

Com a diferença de que as duas novas letras não foram descobertas, como as quatro canônicas, em 1953, por James Watson e Francis Crick, mas inventadas.

O artigo sai hoje na revista "Nature Biotechnology" (bio tech.nature.com), assinado por 14 bioquímicos japoneses, liderados por Ichiro Hirao e Shigeyuki Yokoyama, do Riken (Instituto de Pesquisa Química e Física). Seu título é "Um par de bases não-natural para incorporação de análogos de aminoácidos em proteínas".

O objetivo da criação do novo par de bases foi incluir, na construção de proteínas, aminoácidos artificiais, que não estão portanto entre os 20 tijolos básico disponíveis na natureza. O que os pesquisadores japoneses conseguiram foi somar um desses aminoácidos artificiais (um análogo da tirosina, informam) à síntese de proteínas, exatamente na posição pretendida.

Fonte: Folha de São Paulo, sexta-feira, 01/02/2002




3. PUBLICAÇÃO DO LIVRO "THEORETICAL ASPECTS OF HETEROGEOUS CATALYSIS" E DO CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO SOBRE CATÁLISE ASSIMÉTRICA, ENVOLVENDO DOCENTES DO IQ-UFRJ

A Direção do Instituto de Química da UFRJ tem o prazer em comunicar a comunidade dos químicos que foi publicado o livro " Theoretical Aspects of Heterogeous Catalysis " editado pelo Prof. Marco Antonio Chaer Nascimento do Departamento de Físico-Química, pela Kluwer Academic Publishers. O livro aborda aspectos teóricos e métodos computacionais em diferentes domínios da catálise heterogênea, em 10 capítulos, todos de autores especialistas no tema.

Também acaba de ser publicado o caderno de pós-graduação sobre Catálise Assimétrica de autoria dos Profs. Gerson Ferreira Pinto, Enrique G. Oestreicher Abarzúa e Octávio Augusto C. Antunes, todos docentes do Instituto de Química. O texto além de conter material da literatura específica inclui informações originais sobre parâmetros cinéticos dos modelos matemáticos empregados para estimativa da razão enantiomérica.

Fonte: Angelo da Cunha Pinto




4. PRIMEIRO SIMPÓSIO DE QUÍMICA NA INTERNET - SPIN.QMC

O QMCWEB está promovendo um simpósio eletrônico de química. Inteiramente gratuito, o SPIN.qmc objetiva oferecer um espaço para mostrar a sociedade brasileira o que vem sendo feito nos laboratórios de quimica nacionais, bem como as novidades na área de ensino. O SPIN.qmc é aberto a todos os níveis (ensino médio, graduação e pg) e os trabalhos não precisam ser inéditos.

As inscrições vão até 31/março/2002 e podem ser feitas diretamente no site do QMCWEB:

http://www.qmcweb.org

O SPIN.qmc tem o apoio cultural da SBQ. O QMCWEB é uma revista eletrônica, produzida pelo departamento de Quimica da UFSC.




5. FATOS E CIRCUNSTÂNCIAS, ARTIGO DE JOSÉ CARLOS AZEVEDO: SÃO MUITÍSSIMO INSIGNIFICANTES OS RECURSOS PARA A CIÊNCIA NO BRASIL

Os EUA são os líderes da ciência e da tecnologia, detêm o maior número de prêmios Nobel, registram anualmente mais 70.000 patentes e têm um número muito superior de invenções não patenteadas (Inventing Modern America, MIT Press, 2.002).

Entretanto, até os anos 40, as políticas de amparo à pesquisa e ao desenvolvimento conferiam essa posição à Alemanha e à Inglaterra; quem buscasse formação científica estudava nesses países, o que fizeram muitos norte-americanos, Oppenheimer entre eles.

Com a Segunda Guerra Mundial, vários cientistas europeus, Einstein, Fermi e von Neumann, por exemplo, emigraram para os EUA e encontraram ambiente de trabalho adequado; os cientistas de todas as partes do mundo que lá foram viver muito contribuíram para desenvolver a nação norte-americana.

No século 19, nos EUA, 98% dos habitantes eram agricultores. Hoje, apenas 2% exercem essa profissão. Àquela época, pouca diferença havia entre o Brasil e os EUA e, convém repetir, em sua guerra contra a Espanha, no mesmo século, os EUA recorreram à Marinha Brasileira para lhes ceder navios.

Hoje, o orçamento de defesa dos EUA é igual a 82% do PIB brasileiro, míseros US$ 450 bilhões, e o seu PIB é mais de 20 vezes maior que o nosso. Seu enorme e rápido sucesso tecnológico pode ser medido por uma empresa, comprada por US$ 65 mil em 76 e hoje conhecida por Intel, que investiu, em 97, US$ 20 bilhões em pesquisas relacionadas a computadores (Scientific American, Special Issue, 97) mais do que os investimentos de toda a América Latina em ciência e pesquisas.

A contratação de estrangeiros em Universidades brasileiras foi permitida em 96 com a Emenda Constitucional n°. 11, pois a Constituição de 88, conhecida por ''cidadã'', não a permitia, como quiseram grupos de pressão da mais lídima ''burritzia'' tupiniquim.

Além disso, ela obrigou a ''gestão democrática'' nas instituições de ensino, tomou sua direção das mãos dos mais competentes, deu-a a quem tem mais votos da tal ''comunidade acadêmica'' e incorporou interesses político-partidários e corporativos à educação nacional.

Em recente artigo (O Estado de SP, 22/1/02) o ministro da C&T, embaixador R. Sardenberg, disse que ''a pesquisa científica brasileira ganhou novo e concreto impulso qualitativo, com forte impacto em áreas estratégicas do conhecimento e do avanço tecnológico'', citou o ''esforço nacional de pesquisa e desenvolvimento conduzido pelo MCT'' e ''empréstimos do Banco Mundial no valor de US$ 90 milhões até 2003''.

Enalteceu o Programa Institutos do Milênio, que (os institutos) ''expressam demandas da comunidade científica assim como diretrizes adotadas pelo MCT, em consonância com estratégias definidas pelo presidente FHC''; mencionou o orçamento de 2,3 bilhões de reais do ministério, uns 990 milhões de dólares, a contratação de 206 projetos no valor de R$ 190 milhões e assegurou:

''Consolida-se uma política nacional de longo prazo, voltada para a integração dos esforços nacionais de ciência e tecnologia, bem como para a desconcentração geográfica da geração de conhecimento, em benefício das regiões menos avançadas e com apropriação de suas vantagens por toda a população brasileira.''

O enorme sucesso dos EUA ocorreu ao longo de uma ou duas gerações e deveu-se à ciência e à tecnologia desenvolvidas em suas Universidades e Centros de Pesquisa, onde há normas qualitativas rígidas; além da competência, há a proibição de contratar ex-alunos como professores, antes de período probatório em outra instituição, e não lhes é permitido fazer pós-graduação na instituição em que se graduaram.

Isso ocorreu com um dos poucos gênios da humanidade, R.P. Feynman, que pretendeu pós-graduar-se no MIT, onde obtivera o bacharelado, o que não foi permitido por J.C. Slater (S.S. Schweber, QED And The Men Who Made It; J.Mehra, The Beat of a Different Drum).

Em outro depoimento (Brasília em dia, 12/1) o ministro enfatizou que ''o Brasil tem hoje 36.300 doutores: nos últimos cinco anos formamos a metade deles; só no ano passado foram formados 6.300. E são doutores muito bons, reconhecidos por sua excelência''.

A sinecura acadêmica a que se referiu o prof. Edmundo Campos Coelho (A sinecura acadêmica: a ética universitária em questão, Iuperj, 88) é norma em muitas Universidades públicas brasileiras e conviria saber quantos desses mestres e doutores home made dela não se valeram.

Afinal, até 85, mais da metade dos doutores brasileiros formavam-se no exterior e nos anos 90 esse percentual caiu para 20%.

São muitíssimo insignificantes os recursos para a ciência no Brasil, suas Universidades passam por fase dificílima e os votos de todos, até dos incrédulos, são no sentido de que tais problemas sejam ultrapassados.

Nota do Editor: O autor, doutor em Física pelo MIT, foi reitor da UnB. Artigo publicado no Jornal do Brasil, 31/1.



Contribuições devem ser enviadas para: Luizsbq@iqm.unicamp.br
http://www.sbq.org.br