SBQ - BIÊNIO (2000/2002) BOLETIM ELETRÔNICO No. 310




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Veja nesta edição:
  1. Links alternativos para inscrição na 25a RASBQ
  2. Bolsa RD/CNPq disponível no LQC-MM
  3. Concurso para professor adjunto - Físico-Química
  4. Conferência na Unicamp debate produção e uso de energia nos próximos 20 anos
  5. Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA) será inaugurado em junho, em Manaus
  6. Governo empenhado em liberar transgênicos
  7. Réquiem para um jardim, artigo de Rubem Alves: "O jardim é uma metáfora da sociedade"


1. LINKS ALTERNATIVOS PARA INSCRIÇÃO NA 25a RASBQ

Como opção mais rápida para fazer a inscrição na 25a RASBQ, estamos disponibilizando abaixo os links que você poderá acessar para entrar direto no sistema online da SBQ sem precisar passar pela homepage da SBQ.

Serviços online:

Inscrição online:

Use estes links, atualize seus dados cadastrais e faça sua inscrição normalmente.

O prazo para envio de trabalhos é 03/02/2002.

Solicitamos a todos que fizerem suas inscrições na 25aRASBQ, que estejam submetendo trabalhos, que enviem uma cópia impressa dos trabalhos para a secretaria da SBQ. Este procedimento servirá para controle da secretaria e para que possamos utilizar estas cópias no processo de referagem, não havendo a necessidade de ter que imprimir todos os trabalhos aqui.




2. BOLSA RD/CNPq DISPONÍVEL NO LQC-MM

Prezados Colegas,

Gostaria de informar aos possíveis interessados disponibilidade de uma bolsa de Recém-Doutor/CNPq no Laboratório de Química Computacional e Modelagem Molecular (LQC-MM).

Esta bolsa está sendo financiada pelo projeto Milênio/CNPq (Projeto: Água). Trata-se de um projeto multidisciplinar e o candidato estará envolvido em um subprojeto (sob a minha coordenação) onde métodos teóricos serâo utilizados no estudo da adsorção de arsênio (III e V) em gibbsita. Pretendemos também implementar métodos para a simulação de espectro EXAFS no formalismo DFT. Para maiores informações entrar em contato com Prof. Helio A. Duarte (e-mail: duarteh@netuno.qui.ufmg.br).

Atenciosamente,

Helio A. Duarte
LQC-MM
Departamento de Química - ICEx, UFMG




3. ONCURSO PARA PROFESSOR ADJUNTO - FÍSICO-QUÍMICA

Prazo de inscrição: 04/02 a 01/03.

Qualquer informação acesse www.ufrrj.br/concur.

Fonte: Prof. Sérgio Koeller




4. CONFERÊNCIA NA UNICAMP DEBATE PRODUÇÃO E USO DE ENERGIA NOS PRÓXIMOS 20 ANOS

A Unicamp e Academia Brasileira de Ciências realizam, de 18 a 20 de fevereiro, no Centro de Convenções da Unicamp, a conferência Sustentabilidade na Geração e Uso de Energia no Brasil: os Próximos Vinte Anos.

Com a participação de especialistas brasileiros e de outros países, o evento buscará trazer a experiência internacional mas focalizando problemas (e oportunidades) específicos do contexto nacional.

Serão 25 palestras sobre tecnologias, planejamento e políticas energéticas, além de debates sobre o estágio no Brasil e perspectivas para os próximos 20 anos.

Mais informações com Isaias Macedo pelo fone (19) 3788-4874 ou pelo e-mail isaias@reitoria.unicamp.br

Fonte: Gestão C&T, 28/1




5. CENTRO DE BIOTECNOLOGIA DA AMAZÔNIA (CBA) SERÁ INAUGURADO EM JUNHO, EM MANAUS

E vai liderar a rede nacional de laboratórios de referência, onde trabalharão pesquisadores que se dedicam aos estudos da biodiversidade.

O CBA foi idealizado pelo governo para dar sustentação ao Programa Brasileiro de Ecologia Molecular para Uso Sustentável da Biodiversidade da Amazônia (Probem).

O Centro, orçado em R$ 60 milhões, está sendo construído com recursos da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), em parceria com o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o Governo do Amazonas.

A operacionalização do CBA prevê parcerias com instituições de ensino e pesquisa nacionais e do exterior, e com comunidades locais, extrativistas e indígenas, com objetivo de viabilizar o desenvolvimento científico com base no conhecimento das populações tradicionais.

Site: www.suframa.gov.br

Fonte: Gestão C&T, 28/1




6. GOVERNO EMPENAHDO EM LIBERAR TRANSGÊNICOS

O governo espera que a Justiça Federal julgue, na primeira semana depois do carnaval, a ação judicial que impede o plantio e a comercialização de produtos transgênicos no país.

Na semana passada, o presidente FHC reuniu os ministros ligados ao assunto para avaliar o encaminhamento que deve ser dado à questão depois de uma possível decisão favorável à liberação desses produtos.

O governo quer autorizar a produção e venda no país dos chamados organismos geneticamente modificados, mediante a observação de certas condições de segurança para os consumidores e o meio ambiente .

Por isso, o presidente quer também unificar o discurso do governo sobre a questão, que é polêmica. Desse modo, determinou à Advocacia-Geral da União que centralize a avaliação jurídica do problema dos transgênicos.

Participaram da reunião com o presidente, no Palácio do Planalto, os ministros da C&T, Ronaldo Sardenberg, da Agricultura, Pratini de Morais, do Meio Ambiente, Sarney Filho, do Desenvolvimento, Sérgio Amaral, e da Casa Civil, Pedro Parente.

No entanto, ainda não foi possível harmonizar completamente as posições dos diferentes ministérios a respeito do assunto.

Segundo um dos participantes do encontro, para acabar com o conflito de poder hoje existente derivado das diferentes atribuições que cada ministério tem a respeito dos transgênicos uma das idéias era a de aumentar a responsabilidade da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), atualmente encarregada de fornecer os pareceres técnicos que orientam as decisões dos ministérios.

A reunião, porém, não foi conclusiva. O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, por exemplo, não aceitou abrir mão das atribuições dos órgãos ligados ao seu ministério, como o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).

A determinação do presidente, no entanto, é que haja maior coordenação entre os diversos órgãos do governo envolvidos com o assunto.

Fonte: O Estado de SP, 29/1




7. RÉQUIEM PARA UM JARDIM, ARTIGO DE RUBEM ALVES: "O JARDIM É UMA METÁFORA DA SOCIEDADE"

Ah! Meu jardim, jardim com que sonhei, minhas netas voando nos balanços, o barulho das fontes misturado ao canto dos pássaros, jardim sonhado pelos poetas e profetas... O que foi que lhe fizeram? Seus muros estão derrubados. Por todas as partes se ouve o rosnar dos lobos e das hienas. E não mais se ouve os risos das crianças.

Os balanços estão abandonados. Os namorados já não passeiam de mãos dadas pelas praças. E os adultos, por medo, se transformaram em toupeiras, refugiaram-se em buracos fortificados a que deram o nome de condomínios, inutilmente...

Jardim é coisa frágil. Não existe naturalmente. A natureza, em si, é bruta e insensível. São os sonhos e o trabalho dos homens que a transformam em jardim e a tornam bela e amiga.

Essa é a razão de os jardins serem cercados por muros. Os muros separam a vida da morte, a beleza do horrendo. Do lado de fora ficam as feras, os salteadores e os criminosos. Eles não amam os jardins. O que desejam é saquear os jardins.

São emissários do mundo das trevas. Por isso não são humanos. Porque a marca dos seres humanos é o amor aos jardins. Foi assim que Deus nos criou, para que fôssemos jardineiros. Eles têm a aparência de humanos, mas não são.

Ser humano é amar os jardins. Por isso eles não têm aquilo a que se deu o nome de "direitos humanos". Os "direitos humanos" foram criados para proteger a vida frágil que vive nos jardins: "Bem-aventurados os mansos..."

Por isso, porque eles não são humanos, os direitos humanos não podem ser invocados para proteger os saqueadores dos jardins. Para os que não entendem a linguagem da poesia, eu explico.

O jardim é uma metáfora da sociedade: é a sua grande utopia,a estrela inatingível que indica a direção. O Estado é a instituição criada pelos jardineiros para proteger o jardim. Sua função não é plantar o jardim.

Sua função é criar um espaço seguro para que os cidadãos-jardineiros possam plantar o jardim. Os jardineiros têm uma missão de amor. Por isso são fracos. Mas o Estado tem uma missão de força. Por isso ele tem de ser forte. É preciso ser forte para deter a morte.

O Estado constrói os muros. Os muros são as leis que dizem "não" à morte. Mas as leis, sozinhas, são fracas. É fácil pular o muro. Por isso o Estado cria "guardas do jardim", cuja missão é dar força às leis. Os jardineiros usam pás e enxadas, instrumentos de vida.

Os "guardas do jardim" carregam armas, instrumentos de morte. Por vezes é preciso matar para proteger a vida. A marca do Estado é a espada que ele tem nas mãos. Se, por acaso, o Estado se mostrar incapaz de usar sua espada para a proteção do jardim, ele perde a sua legitimidade.

Um Estado incapaz de punir os criminosos deixou de ser Estado. Quando o Estado deixa de existir, o medo e a morte tomam conta do jardim. Os guardas do jardim são de dois tipos: os guardas que vigiam e punem os inimigos de dentro e os guardas que vigiam e punem os inimigos de fora: a polícia e as Forças Armadas.

Houve um tempo em que os guardas do jardim farejaram no ar que o nosso jardim estava sendo ameaçado por forças estranhas. A essas forças eles deram o nome de subversivos. Os ditos subversivos não eram saqueadores de jardins.

O que eles queriam era substituir o jardim que existia por um outro jardim que, nos seus sonhos, seria mais justo e mais bonito. Em outras palavras: desejavam substituir a ordem social existente por uma outra. Daí o nome de "subversivos".

O que estava em jogo era a "segurança nacional". Os guardas do jardim, tanto os de dentro quanto os de fora, se organizaram e, de maneira sistemática, científica e implacável, se lançaram à caça dos subversivos onde quer que se encontrassem nas cidades, nas florestas, n as montanhas. E a sua ação foi eficaz.

Os ditos subversivos foram liquidados. Isso significa que, havendo vontade, os guardas do jardim podem proteger o jardim. A situação mudou. Agora não é ameaça: é fato. A subversão se realizou. A ordem social não mais existe. A segurança nacional foi rompida.

Os saqueadores derrubam muros, invadem o jardim, roubam, intimidam, sequestram, assassinam, ocupam territórios ao seu bel prazer, fazem tráfico de drogas, comerciam com países do exterior, impunemente.

Sem medo, porque sabem que os guardas nada farão. E sabem que as prisões não os deterão. Delas saem quando querem, abertamente, à luz do dia, sem que o Estado faça uso da espada. A verdade é que o Estado brasileiro deixou de existir. Sua incompetência em usar a espada para deter e punir o crime o comprova.

Pergunto: por que os guardas do jardim foram tão eficientes há 30 anos e são tão ineficientes agora? A resposta é simples: não se podiam fazer bons negócios com os subversivos de então. A única mercadoria de que eles dispunham eram suas idéias.

Mas idéias não valem nada. Com elas não se fazem bons negócios. A perseguição se resolvia, então, com a sua morte. A situação agora é diferente. Com os criminosos há muitos bons negócios a serem realizados.

Negócios que são infinitamente mais lucrativos que o modesto salário de "guarda de jardim"... Por isso é essencial e mais lucrativo que continuem vivos. Os bons negócios prosperam com a sua vida...

Nota do Editor: Educador, psicanalista, escritor, Rubem Alves é professor emérito da Unicamp (www.rubemalves.com.br). Artigo publicado na Folha de SP, 29/1.



Secretaria Geral SBQ


Contribuições devem ser enviadas para: Luizsbq@iqm.unicamp.br
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