Temos a satisfação de anunciar que o número 6, Volume 12, do J. Braz. Chem. Soc., último referente a 2001, já está disponível no sítio da revista : www.sbq.org.br/jbcs.
Os assinantes devem receber seus exemplares em breve.
Estamos lançando cada número do ano o mais breve possível.
Este número contém um artigo de revisão, uma comunicação, 16 artigos e 1 "short report".
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Até 31 de dezembro de 2001 a renovação da assinatura ou novas assinaturas para sócios da SBQ ainda pelo preço deste ano de 35,00 reais.
Mais informações sobre a revista podem ser encontradas no website acima.
Vamos continuar trabalhando juntos para aprimorar nossa revista cada vez mais forte!
Editores do J. Braz. Chem. Soc.
Inscrições: já estão abertas desde 05/11/01 até 04/12/01.
Contratação: Professor Adjunto no nível 1, em regime de dedicação exclusiva (DE).
Vagas:
Formação exigida para inscrição ao concurso: graduado em química e doutorado nas áreas acima especificadas.
Maiores Informações:
Edital do D.O.U. Nº 211 - Seção 3, segunda-feira - 05/11/2001
hp: www.prodirh.ufg.br
contatos: (0-XX) 62 521-1016/1017 - R. 214 - Secretaria do IQ
e-mail: paulo@quimica.ufg.br
Sem mais para o momento, reiteramos nossos protestos de estima e consideração.
Atenciosamente
Prof. Dr. Paulo Sérgio de Souza
Diretor / IQ-UFG
A greve dos professores das Universidades tem um caráter objetivo - a necessidade de reajuste salarial -, e um subjetivo - "a percepção dos docentes de que, para esse governo, a Universidade não tem a menor importância".
Essa é a opinião do economista e professor da UFRJ Carlos Lessa. Ele é respeitado na UFRJ e fora dela não apenas por ser um dos decanos da instituição, mas também por ter bom trânsito entre quase todos os partidos políticos.
Foi diretor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no governo José Sarney e é procurado por amigos do PT, do PSB e do PDT para trocar idéias sobre os rumos do país.
Para Lessa, o governo FHC encampou a lógica defendida pelo Banco Mundial de que o ensino superior deve dar prioridade à formação adaptada ao mercado de trabalho.
Folha de SP - Onde o governo errou na questão da Universidade?
Lessa - Esse governo, ao pensar a educação como vocacionada prioritariamente para a formação de recursos humanos, destitui o processo de ensino de seu significado civilizatório maior. O sistema de ensino é um esforço da população no presente para produzir a população do futuro. Esse é o ideal da educação. Quando você diz que o sistema é para formar recursos humanos, você coisifica e abastarda a Universidade.
Mas a política educacional que é implementada no Brasil é a mesma de muitos outros paises. Não é uma tendência mundial?
- O modelo comprado pelo governo brasileiro é o mesmo defendido pelo Banco Mundial. Em tese, o discurso é até fantástico: "Vamos dar prioridade à educação primária". No entanto, quando você lida com população, a idéia de priorizar é maldita. Na área da saúde, vamos supor que há dois focos a serem combatidos: as doenças infecciosas e as degenerativas. As primeiras atacam mais a população jovem. As demais atingem principalmente os mais idosos. Se o orçamento é limitado, o governo precisa decidir quem salvar. Você conseguiria tomar essa decisão? Não é possível decidir em respeito à pessoa humana. O direito à vida é absoluto, e a sociedade deve fazer o melhor que puder para respeitá-lo. Não dá para tratar a população como gado. é isso que está acontecendo com a educação, quando se decide dar prioridade à formação de mão-de-obra menos qualificada. O direito à educação é como o direito à vida.
No entanto, no caso do Brasil, há o fator desigualdade. Usar os recursos públicos com os mais pobres, que não tem acesso à Universidade, faz sentido dentro de uma lógica de diminuir a desigualdade. O senhor não concorda?
- Esse argumento tem um furo: uma sociedade pouco civilizada não é compelida para resolver o problema da distribuição de renda.
Esse é um problema que precisa ser revolvido pela política, e não pela educação. Se você aumenta a educação primária profissionalizante e não cria novos postos de trabalho, você só vai baratear a mão-de-obra. Dizer que a educação, sozinha, vai diminuir a desigualdade é uma armadilha. O governo desloca a responsabilidade pela má distribuição de renda da estrutura de propriedade da riqueza para a educação. Em última instância, é como se dissesse que o pobre é culpado por ser pobre, porque, se tivesse educação, não seria.
A educação faz parte dos direitos fundamentais da pessoa. O sistema educacional tem que garantir esses direitos.
No Brasil, garantir esse direito a uma minoria que consegue chegar ao ensino superior gratuito custa muito caro. Não seria o caso de, pelo menos, diminuir esse custo? Com o mesmo número de professores, não seria possível, por exemplo, dar aulas a mais alunos?
- A Universidade é e será cara. Por isso é uma instituição que apenas uma nação tem. Você acha importante manter um curso de sanscrito? Eu diria que sim. Todo país que queira conhecer bem linguística terá que formar especialistas em sanscrito, que é origem de muitas línguas. É inadmissível que um país com 170 milhões de pessoas não tenha ninguem capaz de contribuir para o conhecimento da formação linguística. Manter um curso desse, com pouquíssimos alunos, à primeira vista, parece um luxo. Mas, se você não faz isso, não é uma sociedade de ponta, não se qualifica para participar do círculo central de nações mais desenvolvidas. Toda nação, com "n" maiúsculo, tem Universidade. A Universidade é muito cara, assim como as Forças Armadas ou a diplomacia. Mas elas são necessárias para o desenvolvimento de uma nação. Se a preocupação é com o custo da Universidade, então bastaria comprar CD-Roms de escolas americanas e, por meio de um convênio com alguma reprodutora de ensino pago no Brasil, executá-lo numa sala de aula, com alguns tutores. Assim, você forma mão-de-obra para o mercado de trabalho sem muito custo. A Universidade tem que ter ensino e tem que ter também gordura de professores, que levam algum tempo para serem formados. Ser díscipulo de um professor é uma formação que leva anos. Não é automático.
O custo por aluno nas Universidades publicas brasileiras é superior ao custo de outros paises desenvolvidos. Não está errado?
- Quando se compara esses gastos, há má-fé. E a imprensa ainda reproduz esses números sem saber como são calculados. Nas reformas feitas na administração pública brasileira, fizeram uma maldição: pegaram os aposentados e colocaram na dotação orçamentária das Universidades. Quando alguém diz que o custo do universitário no Brasil é superior ao de muitos paises, está incluindo os aposentados nesse custo. O correto seria colocar somente os que estão na ativa.
O senhor não acha que essa greve mostrou que há corporativismo demais nas federais?
- O professor universitário é corporativista, sim. Mas o que isso significa? A mulher do fabricante de salsichas tende a achar que fabricar salsichas é a coisa mais importante do mundo. É normal que o professor tenha um espírito de corporação. Ele acha sua função importante. Nenhuma instituição sólida se desenvolve sem ter espírito de corporação. A priori, não posso dizer se isso é bom ou mal, mas é necessário. Na Universidade, há uma corporação que não gosta de interferências externas. Isso porque o principal atributo de uma Universidade é a liberdade de espírito. Sou professor e não aceito que ninguém me diga o que tenho que falar em sala de aula. É por isso que se fala em autonomia. A Universidade, no mundo todo, está marcada pela idéia que não aceita o que vem de fora sem filtros. A Universidade é uma instituição que, como todas as coisas que são construidas, exige esforço brutal para deixá-las em pé, mas é muito fácil destruí-las. Para desmantelar um curso, basta você morrer e não ter formado assistentes, que leva anos. Em minha opinião, por trás dessa greve há também um componente subjetivo. Os docentes pararam de trabalhar porque querem melhores salários, mas também porque percebem que, para esse governo, a Universidade pública não tem a menor importância. Os docentes sentem que a Universidade está sendo desprezada, que querem amesquinhá-la. A relação dos docentes com esse governo democrático é curiosa, se comparada à relação que a gente tinha com os militares. Politicamente, nós eramos contra o regime, mas ele valorizava muito a Universidade e investia em pesquisa. Eles sabiam que o investimento era estratégico.
O senhor não vê acertos desse governo na área da educação, como no aumento do acesso ao ensino fundamental?
- Há poucos dias, uma matéria dizia que FHC foi festejado no exterior por causa da melhoria dos indicadores do ensino primário. Não há dúvida que os indicadores melhoraram. Mas ninguém felicitou o presidente, no exterior, pelo que ele fez com o ensino superior. O que aconteceu no ensino fundamental e médio foi muito bom, mas eu quero mais.
Fonte: Folha de SP, 6/11
Secretaria Geral SBQ