Prezado colega, seguem abaixo algumas sugestões para preparação dos painéis a serem apresentados na 24a RASBQ. Confira a programação sempre atualizada na homepage da reunião anual (www.sbq.org.br).
O prazo final para mandar trabalhos para serem apresentados e discutidos no Workshop sobre Tratamento de Resíduos Químicos é dia 30 de ABRIL.
Os trabalho devem ser redigidos no "template" usado para enviar trabalhos para a Reunião Anual. Devem ser enviados em formato Word como attachment de e-mail para mdepaoli@iqm.unicamp.br.
Os trabalhos deverão enfocar os programas de tratamento e/ou de gerenciamento de resíduos químicos que estão sendo implantados ou em funcionamento em instituições de ensino e pesquisa na área de química e afins.
Este ano o Workshop terá uma seção na parte da manhã com apresentações orais de trabalhos selecionados entre os enviados e mais alguns palestrantes convidados e uma seção de painéis a tarde para expor os trabalhos que não foram discutidos na parte da manhã. As 16 horas teremos uma reunião final para fechar o Workshop e decidir sobre a realização de um próximo.
3ª edição
Autor: Aécio Pereira Chagas
Editora da Unicamp
Como se faz Química é especialmente dedicado a alunos e professores de Química, podendo também interessar aos que não lidam diretamente com esta disciplina como uma obra de "divulgação científica". Traz aos interessados os diversos espaços de atuação do químico: desde a natureza até um laboratório industrial. Mostra, por outro lado, o que dele se espera, alertando, inclusive, para sua responsabilidade social, num momento de graves desrespeitos ao equilíbrio ambiental.
A primeira edição deste livro foi em 1987 e surgiu com duas finalidades: a primeira foi homenagear a Química em seu 200º aniversário. Neste ano comemorava-se o bicentenário do livro de Lavoisier, Traité Élémentaire de Chimie, considerado a "certidão de nascimento" da Química moderna. A segunda finalidade foi estimular o interesse dos estudantes pela Química. Em razão desta última é que se está lançando esta 3ª edição, revista e atualizada.
Como se faz Química sempre teve o apoio e a divulgação da Sociedade Brasileira de Química, que tem entre seus vários objetivos difundir e incentivar o estudo da Ciências das substâncias e das moléculas.
Nota do Editor: Confira os outros livros que serão lançados na 24a RASBQ em nosso site na internet.
Os 39 laboratórios multinacionais que processavam o governo sul-africano por sua intenção de fabricar a baixo custo drogas anti-HIV patenteadas desistiram ontem da ação. Centenas de sul-africanos comemoraram a notícia dançando e cantando nas ruas.
A decisão representa uma vitória para a Africa do Sul, que tem 4,7 milhões de portadores do HIV, e todos os paises do Terceiro Mundo que não conseguem arcar com os altos custos do tratamento antiaids.
Laboratoórios e o governo chegaram a um acordo depois de uma reunião de 24 horas em Pretoria. Em linhas gerais, o acordo prevê que as multinacionais vendam as drogas a preços mais baixos, decididos por consenso entre o governo e cada laboratório.
Em contrapartida, a Africa do Sul reconhece o direito de propriedade intelectual das drogas. O tratado abre um precedente importante em um continente com 25 milhões de portadores do HIV.
O acordo reflete um recuo dos grandes laboratórios ante pressões internacionais. Em 7 de março, a Merck Sharp & Dome anunciou a redução de preços de seus retrovirais para os paises com mais de 1% da população infectada e baixo ou médio Índice de Desenvolvimento Humano (o IDH, calculado pela ONU).
Esses paises conseguiram uma redução de preços maior do que o Brasil, que no dia 29, obteve desconto de 62% 72% para as drogas da Merck.
O governo agora tenta acordo com a Roche e, em breve, abrirá negociações com a Glaxon. Como a Africa do Sul, o País ameaça recorrer ao acordo internacional que permite, em caso de emergência, fabricar drogas ignorando patentes.
"A notícia sobre a Africa do Sul nos beneficia e pode levar os EUA a retirarem a representação feita contra o Brasil na Organização Mundial do Comércio por causa da lei brasileira", disse Paulo Roberto Teixeira, coordenador do Programa Nacional de Aids.
Justamente hoje, o Conselho de Direitos Humanos da ONU reune-se para votar a proposta brasileira de que o acesso a medicamentos seja considerado direito humano. A proposta não menciona patentes, mas prevê transferência de tecnologia para paises em desenvolvimento, quando esse direito o exigir.
Fonte: O Estado de SP, 20/4
Companhias farmacêuticas desistiram de uma ação judicial que moviam contra o governo da Africa do Sul com o objetivo de impedí-lo de sancionar leis que facilitam a aquisição de drogas mais baratas contra a Aids.
Trata-se de uma boa notícia, que traz algum alento aos mais de 25 milhões de soropositivos do continente africano.
No Primeiro Mundo, a terapia para a Aids com drogas dos grandes laboratórios fica de US$ 10 mil a US$ 15 mil ao ano por paciente.
No Brasil, o preço do coquetel cai para cerca de US$ 3.000.
A diferença se explica porque parte dos medicamentos não está coberta pela legislação brasileira de patentes e também porque as compras dos remédios são centralizadas pelo Ministério da Saúde. Vale ressaltar que o país não deixa de pagar royalties à indústria.
India e Tailandia conseguem produzir alguns medicamentos genéricos a preços ainda menores, na casa de algumas centenas de dolares por ano por paciente.
A disparidade se dá porque a matéria-prima para a confecção das drogas é relativamente barata. O que sai caro, na indústria farmacêutica contemporânea, são os custos fixos, de pesquisa e desenvolvimento.
Com a desistência de levar a termo o processo na Africa do Sul, 39 grandes laboratórios admitem que direitos de patente podem ser suplantados em casos de emergência nacional.
Não é exatamente uma novidade, dado que praticamente todas as leis de patentes do mundo preveem o mecanismo. O mesmo faz o Trips, o acordo internacional sobre propriedade intelectual.
Mas é óbvio que a indústria não abandonou a ação porque se sensibilizou com os argumentos dos advogados sul-africanos. O que a demoveu foi a forte indignação internacional contra a política de preços dos laboratórios para os paises pobres.
O dano de imagem nos paises ricos já se tornava mais importante do que os prejuízos com a perda do mercado africano, aliás miserável. Infelizmente, o valor de uma vida ainda é calculado em centavos de dolar.
Fonte: Folha de SP, 20/4
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA E EXATAS _ DQE
Horário:
08h às 12h e das 14h às 21h. Fone: (0xx73) 525-6125, ramal 252
Química (com concentração em Bioquímica) _ 01 vaga _ 40 horas _ ASSISTENTE. Exigência: Graduação em Química e Pós-Graduação Stricto Sensu em Bioquímica OU Graduação em Farmácia e Pós-Graduação Stricto Sensu em Bioquímica ou em área afim.
O ministro da Educação, Paulo Renato Souza e o Ministro de Ciências, Pesquisa e Arte do Estado da Baviera, Hans Zehetmeir, assinaram Protocolo de Cooperação nas Áreas de Formação Pós-Graduada e Tecnologia, na última quarta-feira, em Brasília.
Pelo protocolo, Brasil e Baviera se empenharão em criar condições favoráveis ao desenvolvimento da cooperação no âmbito das instituições de ensino superior, com ênfase nas áreas de agricultura, biotecnologia, meio-ambiente, ciências dos materiais e formação tecnológica.
A Capes é a encarregada, no Brasil, pela coordenação e execução das medidas necessárias à implementação das metas propostas pelo protocolo e as Conferências de Reitores Universitários da Baviera são as responsáveis na Alemanha.
Principais ações:
O programa prevê a realização de projetos conjuntos de pesquisa entre grupos de pós-graduação da Baviera e do Brasil visando especialmente a formação de recursos acadêmicos jovens (doutoramento e pós-doutoramento). Prevê ainda parcerias entre hospitais universitários objetivando a troca de experiências no processo administrativo, em itens como informatização, controle de qualidade, eficiência operacional e aperfeiçoamento da metodologia diagnóstica, bem como a troca de internos e a aproximação dos métodos de ensino e treinamento na área da saúde.
Outras parcerias previstas são entre universidades e universidades técnicas alemãs e os centros federais de educação tecnológica (Cefet) brasileiros, para permuta de docentes e, em especial, de estudantes, também de graduação, tendo em vista a melhoria do ensino e atividades de pesquisa e inovação tecnológica.
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Este foi o discurso proferido pelo presidente do CNPq:
"Quando o almirante Álvaro Alberto, recém nomeado presidente da nova Agência, reuniu pela primeira vez o Conselho Deliberativo e deu inicio às atividades do então Conselho Nacional de Pesquisas, inaugurava-se, sabemos hoje, uma nova fase na história da Ciencia e Tecnologia do país.
A história anterior é muito rica, mas fácil de ser contada, através do itinerário pessoal dos grandes pioneiros, que souberam ver mais longe que seu tempo, lançaram as primeiras bases e apontaram o caminho.
A transformação a que ficaria vinculada a criação do CNPq é uma mudança de natureza, com o estabelecimento das primeiras alianças eficazes na sociedade brasileira, em torno do empreendimento da pesquisa, e o início da apropriação coletiva do processo de produção de conhecimento no país.
Talvez seja oportuno lembrar a espantosa modernidade daquele gesto.
No plano internacional só então os paises desenvolvidos começavam a criar suas Agências de Fomento. Basta lembrar ter sido apenas no ano passado que, nos EUA, a National Science Foundation festejou os seus cinquenta anos.
No plano interno do país, o processo de criação do CNPq tem também algo de excepcional na capacidade de fazer convergir, em torno da proposta, múltiplos atores e diversas motivações.
Por um lado, a mobilização propiciada pelo fascínio e prestígio contemporaneos das atividades ligadas à energia nuclear.
Além disso, o entusiasmo pela Ciência nacionalmente provocado pelo sucesso de Cesar Lattes, ao participar ativamente de uma conquista científica maior, a descoberta do meson-?, a qual valeria o Premio Nobel da Física ao líder de seu grupo.
Mais ainda, e já então, o descortino daqueles que se apercebiam do impacto crescente da incorporação da pesquisa no empreendimento industrial.
É assim significativo que, entre os 23 notáveis que redigiram o Anteprojeto do CNPq, vamos encontrar personalidades de muitos matizes, desde pesquisadores voltados prioritariamente para a criação da base científica, como Cesar Lattes, Carlos Chagas Filho e Joaquim da Costa Ribeiro, a outros engajados na questão nuclear, como Orlando Rangel e Marcelo Damy, ou ainda aqueles imbuídos de preocupações tecnológicas e empresariais, como Francisco Maffei e Euvaldo Lodi, então presidente da Confederação Nacional da Indústria.
Álvaro Alberto, não seria ocioso lembrar, trafegava com desenvoltura por todos esses campos, ativo pesquisador em Química, que chegou por duas vezes a presidir a Academia Brasileira de Ciências, adepto entusiasta da energia nuclear e ainda empresário de sucesso.
Passou-se meio século. Quem visse o que viu, não reconheceria o que vê. De um esforço ilhado em poucos centros dispersos em poucas regiões, o empreendimento científico brasileiro transformou-se numa vasta empreitada coletiva que se distribui por todo o território nacional, contempla todos os domínios de conhecimento e permeia toda a vida inteligente do País.
Anísio Teixeira, que há também cinquenta anos criava a CAPES, agência irmã e parceira na aventura, diria em depoimento no Congresso, ao sustentar a necessidade imperiosa de que viesse a se implantar entre nós a atividade de pesquisa, que nossas instituições de ensino só se transformariam em verdadeiras Universidades quando, através da pesquisa, passassem a participar da produção da cultura que ensinam.
Houve grandes avanços em direção a este sonho.
Na Universidade pública, em primeiro lugar, mas não apenas.
A atividade de pesquisa se consolidou também nos Institutos, naqueles poucos que já se encontravam engajados nessa trilha, e nos muitos outros que tiveram sua existência associada à criação e à presença do CNPq.
Até mesmo no que diz respeito à pesquisa nas empresas, espaço essencial com muito ainda a ser conquistado, o acervo de realizações já é significativo e permite antecipar o que a plena exploração de seu potencial tornará possível alcançar.
No cenário internacional de pesquisa já não somos mais aqueles seres improváveis, um pouco mais do que figurantes, um pouco menos do que personagens. Nós nos tornamos de pleno direito atores nessa história.
O processo de construção e o patrimônio construído trazem a marca, virtualmente em todos os momentos, da participação desta Agência.
Hoje, meio século depois, após ter assegurado o apoio a centenas de milhares de bolsistas e pesquisadores, a atuação do CNPq está permeada de modo único na tela de competências nacionais.
Foi o CNPq a Agência que não apenas contribuiu para a formação de cientistas capazes de atuar na fronteira do conhecimento e capacitados para criar e aperfeiçoar tecnologias, mas também para a consolidação de bem sucedidos programas nacionais de grande impacto social ou estratégico.
Não caberia aqui um inventário, mas, entre tantos outros, são alguns exemplos desse sucesso a introdução no país da Rede Nacional de Pesquisas e da Internet, o apoio e participação nas conquistas da Embrapa e da Fiocruz, a introdução das Incubadoras e Parques Tecnológicos e o atendimento à pesquisa aeroespacial, à biologia molecular e o sequenciamento genômico ou ao estudo da diversidade biológica em fronteiras da Amazonia ou da Antártida.
Mas, para tanto foi primeiro necessário criar entre nós a cultura da avaliação.
O sistema desenvolvido para análise e seleção dos projetos, fundado no julgamento pelos pares, permite a busca da Excelência segundo os critérios rigorosos da competência do pesquisador e da qualidade e relevância do projeto.
Este sistema, cuja construção não é trivial, e que vem sendo objeto de permanente aperfeiçoamento, é outro dos importantes instrumentos de que o País dispõe e que o CNPq tem colocado à disposição de todo o universo voltado para a pesquisa e desenvolvimento.
Uma transformação desse porte não se faz no isolamento. A criação do CNPq se beneficiou dos caminhos abertos pelas organizações que surgiram da comunidade científica, como a Academia Brasileira de Ciências e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, e que desde o aparecimento desempenharam papel determinante na formação da consciência científica e ocupam ainda lugar central nas estratégias de desenvolvimento científico do país.
A institucionalização da pesquisa brasileira se construiu ainda num quadro de crescente complexificação.
A criação da Fapesp, que abriu o caminho para a emergência das FAPs em outros estados, a criação da Finep, nos anos 60, já sinalizavam uma redistribuição de papéis e um novo grau de maturidade.
Sabemos, contudo, dos cuidados necessários para lembrar o que estamos lembrando.
Em primeiro lugar porque esta construção não se fez - e não se faz - sem sacrifícios, e o apoio foi muitas vezes insuficiente ou inconstante.
Sabemos que embora presente em todo o território nacional a competência científica padece ainda em muitas regiões de rarefação e de desequilíbrio.
Sabemos que é preciso aprender a organizar mais produtivamente a produção de conhecimento e torná-lo, mais depressa e mais frequente, instrumento essencial no combate aos grandes males que nos afligem.
Sabemos que o mundo vai depressa.
Sabemos que o que se conquistou até agora está ainda muito distante do que precisamos e do que queremos conquistar.
Mas longe de gerar desânimo, esses obstáculos apenas nos apontam o Programa de Trabalho. Para o CNPq esses primeiros cinquenta anos são um prólogo.
O que tem de sucessos e de insucessos representa prioritariamente elemento de reflexão e processo de aprendizado. E sinaliza para a Agência rotas para o futuro.
Este futuro é sedutor. Porque uma Agência voltada para a criação e a inteligência é e será cada vez mais necessária.
Toda a sua história mostra que uma Agência como o CNPq é um vetor do Futuro, parceiro essencial no contexto da inovação e difusão tecnológicas.
Se é papel essencial do CNPq a busca intransigente da excelência, se é papel essencial do CNPq contribuir para o desenvolvimento da pesquisa na fronteira do conhecimento, suas estratégias de fomento devem estar também fortemente associadas ao desenvolvimento sócio-econômico e cultural do País
Sua história mostra ainda que uma Agência como o CNPq é uma formidável máquina de transformação, mostra como Ciência e Tecnologia são estratégias poderosas de inclusão social.
Mostra o seu papel decisivo na mobilização para o enfrentamento de nossos problemas sociais, econômicos e culturais.
E assim construiremos o nosso futuro.
O momento da memoria é também momento de congratulações e de agradecimento.
Congratulações com a comunidade cientifica, cuja presença e disponibilidade absolutas conferem ao CNPq a oportunidade única de construir o seu caminho em interlocução permanente com a crítica e com a inteligência.
Agradecimento a todos os presidentes que me antecederam, e conduziram essa Casa, muitas vezes em águas revoltas, com determinação e coragem.
A todos os servidores do CNPq, cuja dedicação e devotamento sem limites são uma lição de espírito público, e cuja convivência é fonte permanente de aprendizado e de alegria.
A Carlos Américo Pacheco, no MCT, e a toda a equipe de direção do CNPq, em especial Alice Abreu, Albanita Viana de Oliveira, Celso Melo, Gerson Galvão e Lelio Fellows, que generosamente se dispuseram a compartilhar, de perto, os sobressaltos e as alegrias da delicada condução deste momento.
Ao ministro Ronaldo Sardenberg, que sabiamente conduz os assuntos da Ciência e Tecnologia, combinando o insistente olhar para o Futuro com a atenta preocupação com o Presente.
Ao presidente FHC, cuja firme decisão de criar as novas fontes de gestão e de fomento da pesquisa, com os fundos setoriais, fará com este momento venha a ser lembrado como início de uma nova etapa de ciência e tecnologia no Brasil.
Vamos empreender juntos a construção dos próximos cinquenta anos."
Este foi o discurso pronunciado pelo presidente da ABC na festa do CNPq:
"A importância do CNPq para o desenvolvimento da ciência brasileira fato inconteste.
Fruto de uma luta que se iniciou na Academia Brasileira de Ciências em 1931, quando surgiu a primeira proposta de criação de um órgão de fomento à pesquisa, a criação do Conselho em 51, com a intensa participação da Academia, foi acolhida com esperança e entusiasmo pelos pesquisadores de então.
Decorridos 50 anos é com a mesma esperança, e com o mesmo entusiasmo, que nos associamos, nesta solenidade, às justas homenagens que hoje são prestadas ao 'nosso' CNPq.
No início da década de 40, portanto antes da criação do CNPq, os paises industrializados que tinham uma longa tradição de pesquisa iniciavam uma nova fase caracterizada pela rapidez na captação e na transferência do conhecimento gerado nas Universidades e nos Institutos de pesquisa para o setor produtivo.
Criavam-se os modernos sistemas de C&T, que acentuaram o desnível entre os paises industrializados, e os considerados subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. É preciso lembrar, também, que nessa época, nossas principais Universidades recém haviam sido criadas e havia poucos núcleos ativos de pesquisa.
Consequentemente, em nosso país, quase tudo estava por se fazer em C&T, quando o CNPq foi finalmente criado.
Passados 50 anos, o panorama é totalmente diferente. Criamos uma base científica capaz de sustentar o ambicionado projeto de desenvolvimento nacional e está em funcionamento no Brasil um dos mais significativos sistemas de C&T existentes entre os paises em desenvolvimento.
Nossas conquistas no setor podem ser avaliadas pelo crescimento excepcional da produção científica, pelo número de doutores formados e pelo reconhecimento internacional da Ciência e dos cientistas brasileiros, ilustrado recentemente no campo da Genômica.
Também, no uso do conhecimento para o desenvolvimento nacional, já podemos contabilizar exemplos marcantes nos campos da biotecnologia, da informática, do petróleo e de fontes alternativas de energia, na fabricação de aviões e no uso de satélites e, de modo muito especial, no setor da agricultura.
Pode ainda parecer pouco, mas já vencemos o mais difícil: aprendemos a formar gente bem qualificada e a criar conhecimento.
A pergunta que poderia ser feita é: Qual o papel do Conselho na transformação ocorrida na ciência e tecnologia brasileiras nesse meio século? A resposta é simples: quase tudo.
Nascido da convergência de interesses da comunidade científica e do governo, do mútuo respeito e de um permanente diálogo, o Conselho é parte integrante da trajetória de cada um de nós, bolsistas e ex-bolsistas, pesquisadores e de nossas Universidades e Institutos de Pesquisa.
A história dessa transformaçao, portanto, se confunde, se identifica com a própria história da agência. Reconhecer e apregoar essa identidade sr. presidente Evando Mirra é o tributo maior que a comunidade científica nacional pode prestar ao CNPq no dia de hoje.
Mas quando festejamos as conquistas, é necessário, também, lembrar os desafios que permanecem. Ainda é preciso criar novos grupos de pesquisa aproveitando os doutores que estamos formando, fomentar novas áreas, modernizar nossos laboratórios e tornar a nossa ciência mais competitiva no cenário internacional.
Os benefícios da ciência para a educação e para o desenvolvimento necessitam ser mais e melhor difundidos no país, principalmente nas Universidades e nos Institutos de Pesquisa.
Outro desafio, acentuado na declaração da Conferência Internacional de Ciência de Budapeste, em 99, é o imposto pela constatação de que dispor de uma massa crítica de cientistas, como nós temos, é condição necessária, mas não suficiente, para que o país use de forma ágil o conhecimento para acelerar o seu progresso econômico e superar seus problemas sociais.
A criação recente pelo Governo do presidente FHC, com a importante participação do ministro Sardenberg, de dez Fundos Setoriais, e a criação de mais quatro, anunciada pelo senhor presidente na última reunião do Conselho Nacional de C&T (CCT), certamente possibilitará ao nosso país gerar mais conhecimentos e, sobretudo, intensificar o seu uso, em diferentes setores para acelerar o desenvolvimento nacional.
Abre-se, consequentemente, uma fase nova de progresso e é feliz a coincidência que a criação dos Fundos ocorra quando o CNPq festeja o seu jubileu.
Seguramente, são os investimentos em pesquisa e na formação de recursos humanos, feitos especialmente pelo CNPq e pela Capes nos últimos 50 anos, que possibilitarão que as ações previstas pelos Fundos para o aumento da produção, para a melhoria da qualidade de vida da população e para encaminhamento de soluções de parte significativa de muitos dos problemas sócio-econômicos que nos afetam, se tornem realidade.
Comprova-se, assim, o princípio universalmente aceito de que só pode aspirar a usar e aplicar ciência o país que produz ciência.
É conveniente lembrar, entretanto, que problemas e necessidades podem ser identificados setorialmente, os instrumentos e a competência para utilizar o conhecimento na sua solução são comuns a todos os setores e pressupõem a capacidade de mobilizar de forma estratégica os principais atores do sistema de C&T, isto é, o governo, a comunidade científica e tecnológica e o setor produtivo.
Essa tarefa, no modelo vigente em nosso país, compete ao Ministério de C&T, em sintonia com o Conselho Nacional de C&T (CCT) diretamente subordinado ao presidente da República.
Em reunião recente do CCT foi anunciado pelo presidente FHC a criação de um Centro de Gestão Estratégica no Ministério, encarregado de fazer a prospeção de prioridades, planejar, acompanhar e avaliar as ações dos Fundo, visando a otimizar a aplicação dos recursos.
Acreditamos que o Centro terá importante missão, assegurando que os gestores dos Fundos usem apropriadamente os instrumentos de C&T e não deixem de valorizar, como tem enfatizado o Ministro Sardenberg, todos os componentes da cadeia de conhecimento na solução de problemas setoriais.
A experiência internacional já demonstrou que é irreal e fantasioso querer só colher os frutos ou apostar exclusivamente na aplicação do conhecimento existente, sem investir na criação de novos e na formação de pessoal qualificado.
Espera-se, consequentemente que os Fundos contribuam para revitalizar a capacidade do CNPq de investimento em Ciência Básica.
Permita-me agora, senhor presidente, dirigir-me aos companheiros do CNPq na pessoa do presidente Evando Mirra e dos ex-presidentes aqui presentes, de forma mais familiar.
A ABC com os seus 84 anos de existência vê hoje com sentimento fraterno o Conselho tornar-se cinquentenário. Foi uma longa jornada que percorremos juntos desde 1951, quando o Almirante Álvaro Alberto, então presidente da Academia, tornou-se o primeiro Presidente do CNPq.
Com os demais membros da comunidade vivemos o dia-a-dia do CNPq, enfrentando as dificuldades, que não foram poucas nem pequenas, para construir e consolidar o sistema de C&T, de que hoje nos orgulhamos.
Expandir a base científica nacional, ainda reduzida e, simultaneamente, participar do esforço para que a C&T assumam definitivamente o papel central na agenda de desenvolvimento brasileiro é o desafio que a todos compete enfrentar.
É confortador, no entanto, ver nessa solenidade que o CNPq se mantém preparado e que o seu desempenho nesses 50 anos é garantia segura de sucesso nas novas empreitadas que o país lhe destina."
Secretaria Geral SBQ